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The Pólis

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"As eleições autárquicas confirmaram, no concelho de Setúbal, o reconhecimento do trabalho realizado e a confiança das populações no projeto" da CDU.

A frase é do deputado municipal repetente, Afonso Luz (filho), no jornal SemMais - o dos fretes que falei há uns tempos - para assinalar a vitória de André Martins e da CDU em Setúbal.
O deputado, que se esforçou imenso na campanha em escrever artigos de opinião, diz que "venceu quem, numa campanha de proximidade com as populações, ouvindo críticas, sugestões e contributos, prestou contas do trabalho realizado e apresentou uma visão de desenvolvimento para o concelho." .

Bom, se assim foi, é melhor reverem a vossa proximidade e pedirem um diagnóstico auditivo, porque estiveram a 3000 votos de serem corridos da presidência. Isto depois de uma estrondosa maioria há 4 anos atrás. Essa foi a parte que o Afonso Luz se esqueceu, ou por outra, não lhe apeteceu escrever no seu artigo. É compreensível, sendo comunista há obrigações maiores que se levantam e um homem tem de dizer o que um homem tem de dizer, ainda que o que diga não tenha adesão à realidade.

O único problema é que a internet não esquece, e com uma pesquisa simples encontramos o deputado Afonso Luz, a dizer praticamente o mesmo acerca da maioria conseguida por Maria Dores Meira.
Dizia o nosso amigo que a CDU, naquela altura, tinha obtido um voto de reconhecimento e de confiança. Que tinham, a partir de então, responsabilidades acrescidas!

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Pergunto então: se nestas últimas eleições obtiveram quase metade dos votos que há 4 anos atrás, isso significa o quê? Que obtiveram um sinal de desconfiança? Que não souberam lidar com o tal acréscimo de responsabilidades?

Para o deputado Afonso Luz, essas reflexões não interessam. Interessa mostrar só parte bonita, fazer-nos passar por tolos e nunca, mas nunca assumir responsabilidades ou tirar consequências dos resultados destastrosos que tiveram.


Por mim tudo bem, acho que devem prosseguir neste caminho de sobranceria, que até tem dado bons frutos no Alentejo - as populações estão a "abrir os olhos" para a estagnação a que o PCP as tem condenado.
Só que a internet não esquece e os setubalenses atentos sabem perfeitamente que o Afonso Luz só escreveu o que tinha de escrever, porque no fundo no fundo, ele sabe que foi a abstenção que os salvou do PS.

A herdade da Comenda tem dado muito que falar, no último par de anos. Eu confesso que nem sabia que o Palácio incluia um tão vasto território na Serra da Arrábida. No entanto, se tinha um proprietário, tinha um proprietário, ainda que este não cuidasse da sua propriedade.

Durante anos os setubalenses estiveram habituados a invadir o Palácio para tirar as suas fotos, criar as suas aventuras. O parque de merendas, era de senso-comum, um parque de utilização pública. E as centenas de trilhos percorridos pelos exploradores, de bicicleta ou a pé, aposto que muito poucos tinham noção de que tinham dono.

Houve alguém que finalmente se interessou, comprou toda a propriedade e, legitimamente, vedou-a para a utilizar a seu bel-prazer. A Câmara Municipal fez a figura patética de ameaçar com uma expropriação, mas entretanto essa tolice não se concretizou.

Agora a polémica reabriu-se com o encerramento do Parque de Merendas, que vai ser reformulado e tornar-se num parque arqueológico, com o aval do Estado. Sabe-se também agora, que esta decisão estava tomada há bastante tempo, mas que a Câmara Municipal de Setúbal pediu aos proprietários para que só avançassem com a obra após as eleições. Sabiam muito bem que encerrar o mítico parque de merendas geraria revolta dos setubalenses, e ninguém deseja isso quando precisa de ir a votos, não é?

É de uma enorme hipocrisia assistir ao desenrolar de uma manifestação contra o encerramento da comenda, impulsionada por comunistas como o Miguel Tiago. Hipocrisia pois os seus camaradas sabiam disto e deram também luz verde. Hipocrisia do novo presidente, André Martins, que com um comunicado estéril no Facebook a fingir que bate no peito pela Comenda - sabendo que veio do Executivo anterior e que sabia de tudo isto.

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A Câmara Municipal de Setúbal podia ter adquirido a Herdade da Comenda, assim o quisesse, quando os proprietários não queriam saber dela, e pelos vistos até estavam recetivos a propostas de compra. Falar em expropriações ou chorar lágrimas de crocodilo agora, é tentar enganar-nos a todos. A Comenda agora tem um dono que é interessado, assumam que permitiram que isso acontecesse, com um complacência que não se coaduna com a ideologia que defendem, e tenham a coragem de dizer as pessoas que vão ter de se habituar a uma nova relação com parte da Serra da Arrábida.

Há uns meses já tinha aqui abordado a viciada relação entre as associações da minha cidade e a Câmara Municipal. (aqui e aqui) É um objetivo assumido da CDU, infiltrar-se nas associações e, ao mesmo tempo, sendo poder conseguir te-las todas no bolso. O vereador Rabaçal já há muitos anos tinha traçado este objetivo como essencial para cimentar o poder autárquico, perpetuando-o ad eternum se possível.

Chegamos a 2021, a novas eleições autárquicas e agora é colher os resultados. A fila de dirigentes associativos que prestam a sua vassalagem à campanha da CDU. A página de campanha do André Martins repleta de fotos de representantes de associações que declaram o seu apoio ao candidato.
Afinal de contas é o favorito a ganhar, acham eles, e estão não só a retribuir o apoio que lhes foi dado como a garantir que as injeções de dinheiro continuam no futuro.
É esta a triste realidade do movimento associativo setubalense. Organizações que deviam ser independentes, acabam numa profunda dependência da torneira autárquica. São comprados, gostam de ser comprados e até preferem porque agiliza muita coisa. Não têm trabalho a angariar financiamento para a associação ou a pedir donativos à sociedade civil, fazendo desta o verdadeio juiz acerca da sua utilidade pública. Optam pela via fácil, da subvenção garantida em troca de apoios partidários.

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Ao longo das últimas semanas têm sido levantados os véus acerca do que os partidos se preparam para fazer relativamente às autárquicas em Setúbal. Quando falo em partidos, cinjo-me exclusivamente aos tradicionais, porque as autárquicas são normalmente dominadas por eles.

Sem qualquer outra informação disponível que demonstre o contrários, estas não serão diferentes.

O PSD foi o primeiro a revelar que o candidato escolhido é o repetente Fernando Negrão. O juiz, ex-deputado, ex-ministro que poderia ter sido presidente da Assembleia da República na legislatura passada caso a Geringonça não rompesse com todas as convenções informais até então, volta a atacar no meu concelho.

Posso dizer que foi uma escolha surpreendente, pois o deputado Nuno Carvalho parecia-me o mais encaminhado para tal. Não que participe muito na vida da cidade mas, têm investido significativamente na sua carreira política. É um dos novos "deputados premium" no Facebook (um artigo que hei de escrever), ou seja paga para que os seus posts cheguem a mais gente. Uma nova dinâmica de democracia a que ainda não me habituei. Para além disso ainda é, alegadamente, vereador na Câmara Municipal de Setúbal - conseguiu o lugar apesar de ter levado o PSD ao pior resultado eleitoral em autárquicas, no concelho, desde há 40 anos.

Com a aposta em Fernando Negrão, e com o anúncio antecipado da aposta, o PSD demonstra que quer apostar forte e encurrala o CDS. Os centristas em Setúbal não têm opção senão negociar uma coligação, primeiro porque tem sido essa a conduta do seu presidente (um erro crasso em Lisboa), segundo porque não têm protagonistas à altura para contrabalancear com Fernando Negrão. A única pessoa que o poderia fazer era Nuno Magalhães, que é sabido ser desalinhado com as atuais estruturas apoiantes de Chicão.


Ao PS, cheirou-lhes a sangue. É o partido que está de melhor saúde em Portugal, que é Governo e que se contarmos apenas com autárquicas, vem com um balanço poderosíssimo na reconquista de câmaras aos comunistas.
Os socialistas empurram uma peso-pesada do partido: Ana Catarina Mendes.

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A política mais arguta do aparelho socialista, e uma das mais reconhecidas caras do Costismo.
Esta aposta pode ser observada de vários prismas:

- A saída de Maria Dores Meira (o sangue de que falei), é vista no PS com uma excelente oportunidade de recuperar a câmara e decidiram simplesmente não facilitar, daí enviarem uma superstar.

-
Enviar Ana Catarina Mendes para o plano autárquico poderá ser uma forma de afastar das lides aparelhistas e de uma futura liderança do PS. Algo que agradará e muito a Pedro Nuno Santos e a Fernando Medina. Estes dois serão os que mais desejarão que sua camarada vença as eleições em Setúbal.

-Apostar em Ana Catarina Mendes é uma situação win-win, se visto de um prisma em que se pretende alavancar a socialista: Se ganhar, ganha a câmara mais importante do distrito e torna-se num dos maiores "desfalques" efetuados aos bastiões comunistas. Seria um ganho importantíssimo para a imagem do PS.
Se perder, teve cobertura mediática extra (já tem imensa), de certeza absoluta que enfraquece a posição da CDU em Setúbal e ainda se consolida como protagonista chave no panorama nacional, e como mais uma potencial líder do Partido Socialista.


Já a CDU, deu um tiro no pé ao não seguir a indicação de Maria Dores Meira. A atual presidente, que já agora convém referir tinha dito no ínicio do mandato que seria o seu último e depois voltaria à sua vida particular normal, já está confirmada como candidata a Almada (Inês de Medeiros que se cuide!). Ainda que não saiba oficialmente, toda a gente sabe que Maria das Dores estava num processo de promoção da sua indicação e escolha para a suceder. Falo do vereador do Desporto e Juventude, Pedro Pina.
Todos o que acompanham a atividade política em Setúbal já tinham notado que o Vereador substituia a presidente em inúmeras situações, fazendo a representação que se poderia considerar pertencer ao âmbito de um vice-presidente.
No entanto o Partido Comunista não seguiu o que a presidente quis, e optou por um protagonista que tem tudo menos de protagonista. André Martins, o atual presidente da Assembleia Municipal, é uma nulidade política, muitas vezes gozado pelos seus parceiros e adversários, assim como pela população atenta ao que este senhor diz e faz. Só com muita dificuldade e um fervoroso apoio dos militantes comunistas, André Martins conseguirá evitar sucumbir à avalanche que o PS e o PSD se preparam para lançar.
André Martins tem o carisma de uma porta e o reconhecimento público de chefe dos escuteiros. Colocado junto de Ana Catarina Mendes e de Fernando Negrão, estes handicaps apenas serão realçados. Avizinham-se umas excelentes autárquicas para socialistas e coligação social-democrata/centristas... Com ajuda do excesso de confiança da CDU.

Maria das Dores Meira & João Maria Lda

a conta fica para o setubalense

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A saga das decorações na belíssima cidade de Setúbal continua ao rubro. Ou melhor, devia continuar ao rubro, dado que ultimamente têm surgido novas informações que parecem ser interessantes para toda a gente, menos para os jornalistas.

Aquando do Natal, a estoirou a polémica das múltiplas contratações em decoração, da câmara municipal de Setúbal ao decorador João Maria. Quase 250 mil euros só ano passado, que por acaso foi só o ano em que se iniciou a pandemia e em que secalhar os 250 mil euros poderiam ter feito jeito para ajudar alguém.

Numa pesquisa superifical ao site BASE, onde se consultam os ajustes directos e outras contratações públicas neste país, podíamos verificar que era prática comum, nos último anos, a CM Setúbal recorrer aos serviços de decoração do sr. João Maria. No entanto, nunca se tinha chegado aos valores a que se chegou o ano passado.

O facto gerou muita indignação mas mereceu pouca atenção do Executivo liderado por Maria das Dores Meira, que como já é hábito se finge de morta quando há críticas indefensáveis à sua gestão. Acontece que, como dizia uma juventude partidária aos jornais, as decorações de Natal eram afinal apenas a "ponta do icebergue".

Este mês, um blog expôs mais uma descarada movimentação do sr. decorador oficial do reino, João Maria, para continuar a receber ajustes directos da Câmara Municipal de Setúbal. Numa tentativa de chamar menos à atenção e simultaneamente chamar-nos a todos parvos, João Maria criou uma panóplia de empresas para que os ajustes directos não sejam todos atribuídos a uma só entidade, mas a várias. Dá-se uma aparência de diversidade na escolha do prestador de serviços, mas no final vai tudo para ao mesmo bolso: o de sua excelência, João Maria.

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Também esta semana, foi divulgado no Facebook um recorte de jornal, que revelou que a relação entre a atual presidente da câmara de Setúbal e o atual decorador oficial da câmara de Setúbal já vem de longe...

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Estes novos dados, expostos e acessíveis a qualquer um de nós, infelizmente não têm merecido a devida atenção dos media regionais, que, como sempre continuam a fazer um jornalismo que não incomoda nem pretende sequer melgar um bocadinho.

Os media regionais continuam a querer ser sites de publicidade, com medo de afrontar o poder local, expondo os seus podres. O jornalismo em Setúbal não se interessa pelo favorecimento de amigos ou pelas portas giratórias.

Ninguém se incomoda com este por e dispor da sra. presidente, que às claras, na nossa cara, ajuda os amigos com negociatas que nos custam milhares de euros.

A rede clientelar da CDU em Setúbal tem tido um crescimento proporcional às maiorias absolutas e aos anos que acumula na cidade sadina. É preocupante, mas ainda poucos se parecem preocupar. Pelo menos os que ainda não pertencem à lista de bajuladores oficiais ou de silenciados com um favorzinho ou outro.

A semana passada foi trazido ao de cima pela comunicação social, mais um feito de Joe Berardo, desta feita em Setúbal.
Consta que o empresário, apesar de apenas possuir uma garagem com ele gosta de dizer, está a fazer obras na antiga estação rodoviária de Azeitão, transformando-a num palacete. Tudo estaria certo, não fosse a falta de licenciamento da Câmara Municipal e as aprovações de várias entidades com poder na matéria, como a Direção Geral do Património Cultura ou a das Conservação da Natureza.

Como o assunto estava a ganhar alguma relevância, não fosse o protagonista ser quem é,  a presidente da Câmara Municipal de Setúbal achou por bem "reagir" e, na minha humilde opinião, passar mais um atestado aos setubalenses.
Tendo as entidades acima referidas chumbado a viabilidade da obra de Joe Berardo, estas também acrescentaram que só a Câmara teria competência para embargar a obra, que já vem de 2019. Mas a Câmara nunca o fez. Terá sido por esquecimento? Por desconhecimento?

O jornal setubalense reporta que já em 2019 o Executivo terá dado como desculpa que o licenciamento está "em processo". Até à data de hoje, continua por processar, ao contrário das obras que avançam de vento em popa.

Este ano, Maria Dores Meira justifica-se, se é que assim se pode chamar, no seu Facebook dizendo que a situação se deve a um Plano Diretor Municipal antigo, mal feito, criado na época de governação autárquica do PS. E desata com um rol de acusações e referências a outros locais onde o mesmo sucedeu.

Não responde a presidente, porque é que fechou os olhos ao desenrolar da obra, porque é que o Sr. Joe Berardo não esperou como qualquer cidadão, pelas licenças de construção?
Porque é que a Câmara não exerceu a sua autoridade e o fez esperar? E também se esqueceu de responder se vai ter em conta os chumbos de viabilidade do ICNF e da DGPC, ou se vai licenciar na mesma o palacete do Sr. Berardo.

A presidente preferiu atirar areia para os olhos dos setubalenses, descrevendo ao pormenor os erros do PS em mil novecentos e troca o passo, ao invés de incomodar o Sr. Embaixador da Cidade de Setúbal, prémio que lhe foi atribuído por Maria das Dores. Aliás já foi anunciado que um novo PDM está em curso, no qual a obra em questão já não incorrerá em nenhuma ilegalidade, para descansar os Sr. Embaixador. Até lá, continua ilegal mas tudo bem.

Ao eco de defensores do pobre milionário, veio juntar-se a da Presidente da Junta de Azeitão, Celestina Neves. A ex-CDU, simplificou o assunto com todo o requinte demagógico que o momento pede: Quem é contra a obra, é contra Azeitão!
As infelizes declarações da autarca, em entrevista ao Setubalense, não se ficam por aqui, pois ainda acrescenta que todos deveriam agradecer a Joe Berardo, sendo que " Graças a si [Joe Berardo], a paisagem de Azeitão está mais bonita e encantável”.

Temo que, não fosse a obra ter já garantida licença, e Celestina Neves inciaria uma campanha digital #SomosTodosBerardo , que seria complementada com uma marcha dos lesados de Azeitão, dada a desgraça em que caíria a freguesia sem aquela obra, e a injustiça que seria para tão honorável benfeitor.

2020 é realmente um ano surpreendente. Nunca esperei ver comunistas a defender as ilegalidades de milionários. Outrora quereriam quase a cabeça de Joe Berardo, ainda para mais tendo este deixado um buraco nos bancos onde passou, que o povo está a pagar.
Já não se fazem comunistas como antigamente.

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Estamos ainda longe de terminar este calvário do coronavírus, e quem tem responsabilidades quer sobre a sua família, quer sobre alguma instituição, só pode estar preocupado. A economia está e vai continuar a sofrer um abalo, o desemprego voltará a ser uma realidade para muitos, e encontrar o primeiro emprego passará a ser uma miragem para tantos outros.

Setúbal é, historicamente, uma cidade muito afetada pela miséria e pela pobreza. A sua proximidade com a capital, parece ter-lhe provocado um efeito de osmose no que aos piores defeitos de Lisboa concerne.

Os efeitos já se fazem sentir, e dou hoje o exemplo dos sem-abrigo, que são acompanhados com muita dedicação e esforço pelos voluntários da CASA - Centro de Apoio aos Sem Abrigo
Esta instituição lançou há pouco tempo um post no Facebook, onde informa que os pedidos de ajuda quase triplicaram e onde já não se incluem apenas sem abrigo, mas também famílias.

Isto são informações angustiantes e assutadoras, que me revoltam quando, em contraste, verificamos em que é que a Câmara Municipal de Setúbal tem andado a divertir os amigos da presidente, esbanjando dinheiro público.
Desde o ínicio da pandemia, a autarquia já gastou cerca 188 mil euros em decorações ( aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), tendo há sensivelmente 3 dias feito mais um. Esbanjar dinheiro, com tanta gente em dificuldades.
Não ponho em causa que o amigo da presidente decora muito bem os espaços. Mas será uma prioridade no presente momento?
Além destes projetos decorativos, choca também ver o preço que se pagou para colocação de umas letras em 3D e uma peça decorativa em forma de bola de raguêbi gigante.

Pode parecer uma mesquinhice, mas acho que não é o momento adequado para megalomanias, tendo em conta a situação difícil que os setubalenses já estão a atravessar, e a perspectiva de que muitos mais virão. Pelos ajustes directos que são feitos, só sei de um que não vai ter dificuldades, pelo menos enquanto a presidente quiser andar a brinca ao Querido, Mudei a Casa.

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No Bolso

Setúbal e as Medalhas de Honra

Ontem, em Setúbal, celebrou-se o dia da cidade e de Bocage. Como em todos os anos, há celebrações protocolares impulsionadas pela autarquia. Umas dessas celebrações passa pela entrega de medalhas de mérito a setubalenses que se destacaram continuamente e a antigos funcionários da autarquia.
No entanto, talvez por receio dos resultados do PCP nas últimas eleições autárquicas, em que perdeu a liderança de Câmaras no distrito de Setúbal, o executivo de Maria Dores Meira tem operado um crescente operação de charme juntos dos setubalenses. Ontem foi mais um exemplo disso mesmo.
A tradicional entrega de medalhas de honra este ano foi completamente desacreditada, com a entrega desta condecoração honorífica a mais de cem pessoas(!).
No site da Câmara podemos ler que esta condecoração é dada a "personalidades ou entidades que se destaquem por serviços prestados em prol do concelho de Setúbal, a personalidades de projeção nacional ou internacional que visitem o Concelho ou a personalidades a cuja homenagem o Município deseja expressamente associar-se. É sempre de bronze dourado e atribuída de acordo com várias classes: “Paz e Liberdade”, “Associativismo”, “Desporto”, entre outras."
Aqui a parte que parece ter mais relevância são sem dúvida as duas últimas palavras: entre outras. Através destas, o Executivo pôde criar mais umas quantas categorias, de forma a conseguir encaixar mais umas quantas personalidades condecoradas, de forma a conseguir encaixar mais uns quantos votos...
Esta atribuição desmesurada de condecorações, desqualifica o valor das mesmas e diminui o mérito de quem realmente as merecia. Não me vou prestar ao exercício de dar exemplos, até porque a lista é demasiado longa, e porque no nosso Portugal criticar medalhados e campeões é ser invejoso.
É uma estratégia que está tão na cara, é tão ensurdecedora, que é estranho como tão pouca gente a vê e ouve. Recentemete também tivemos as prestações rídiculas face à descida do Vitória FC. Num momento onde se discute a separação entre futebol e política, a presidente da Câmara de Setúbal, para além de andar a comprar terrenos a um clube de futebol para o salvar, com o dinheiro de todos, ainda envia uma carta ao presidente da liga de futebol, Pedro Proença, para se manifestar contra a descida do Vitória.
Os vitorianos, derretidos com esta demonstração de amor ao clube por por parte da edil, bradam aos céus pela sorte que têm e enchem-na de elogios. Ninguém acha estranho uma Câmara Municipal se prestar a este papel mesmo sabendo que não tem qualquer influência em liga nenhuma de desporto nenhum, e ninguém acha estranho uma Câmara se prestar a este papel para proteger (fingir que) 1 clube de futebol.


Os eleitos da CDU têm feito um grande trabalho no sentido de colocar vários setores no "bolso": o associativismo, que o vereador Carlos Rabaçal já dizia mais importante que certas juntas de freguesia e declarava então a importância do PC se misturar com este, está no bolso vivendo de subsídios e adubo para a vaidade.

Os vitorianos voltaram para o bolso, transição que recomeçou aquando da retoma pública de relações entre a CMS e o Vitória, e se consumou finalmente com esta carta a Pedro Proença.


A classe dos condecorados, é anualmente colocada no bolso, e ao que se vê, cada vez com mais intensidade, chegando às centenas num só dia. A Câmara até já inventou mais umas condecorações para não ficar limitada ao dia da cidade. A Gala do Desporto e os novíssimos "Embaixadores da Cidade", onde colocam desde gente que não é da cidade até aos jornalistas (um jornalista embaixador duma cidade tem muito que se lhe diga).

Os restantes, olham para as obras públicas como dádivas, esquecendo-se que é umas das funções mais básicas de uma autarquia, e ainda se deixam levar pelas magníficas iniciativas de voluntariado em que o Executivo fornece o material e o cidadão trabalha - O dinheiro de contratações de mais funcionários tem de ser poupado para as obras de final de mandato.

No final, o setubalense recebe uma fatura alta em impostos municipais e é corrido do centro da cidade pois cada vez tem menos capacidade de acompanhar as rendas altas, mas fica feliz por ver, de medalha ao pescoço e vaidade a escorrer da boca, a sua presidente de câmara defender o Vitória e apresentar obras a uns meses das eleições.

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Voltou à baila, não sei por quem, nem se foi propositado, a notícia de 2014, do Correio da Manhã, acerca da presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria Dores Meira, em que se referem os 14 imóveis do quais era proprietária à data ( não sei se agora são menos ou mais), assim como a sua declaração de rendimentos.

Rapidamente esta velha notícia foi espalhada por vários grupos do Distrito, nos quais para uns foi novidade, para outros não. Incluo-me nos que já conheciam a notícia, assim como a resposta da edil à epóca.

Acontece que, Maria das Dores Meira anunciou há relativamente pouco tempo a sua putativa candidatura à Câmara Municipal de Almada. Isto é, como já não tem possibilidade de continuar em Setúbal, já veio dizer publicamente que não se importa nada de saltar para outra Câmara.

Ora tendo a presidente ambições de se candidatar a uma Câmara, na qual não tem a certeza que consegue ganhar, não podia deixar que andasse novamente a circular a notícia de 2014. Prontamente, já se pronunciou sobre o tema no seu Facebook, recuperando também o post que publicou naquele ano, para responder à notícia.

A presidente começa o seu novo texto sobre o sucedido, dizendo que "o povo não é estúpido". Não é mesmo, e por isso é que gostaria de dizer que os esclarecimentos de Maria Dores Meira são uma, passo a expressão, "chachada".  Vem dar um ar de ofendida, negando aquilo que lhe interessa e rebatendo que os imóveis foram adquiridos "ANTES" de ser autarca.

Isso é completamente irrelevante. Maria Dores Meira quer desviar as atenções de algo que considero, se não mais, pelo menos tão grave como aquilo que a acusam. Esta incoerência entre o que se é e aquilo pelo qual se diz mover.

A presidente da Câmara de Setúbal é, na verdade o protótipo ideal do comunista português. Um burguês refastelado que para atingir o poder, se faz de defensor dos pobres e oprimidos.
O PCP, sendo o partido que mais vomita contra os monopólios, o lucro desmedido e a acumulação de capital, é também o partido que mais põe mais em prática aquilo que critica. E os seus dirigentes fazem também jus a essa regra.

O que é espantoso é que "o povo não é estúpido" mas acha que alguém com 14 imóveis está com ele, no mesmo barco, na luta contra o grande capital. Ache que alguém que diz que gostava de "ter dinheiro para tanto [colocar em contas nas ilhas Caimão]", é uma lutadora pelos direitos do proletariado e que se interessa pelas dificuldades dos trabalhadores. Que alguém que acumula capital é contra quem acumula capital.

Não há problema nenhum em um comunista ter dinheiro, podem é de vez, abandonar a retórica hipócrita e assumir que não se importam de enriquecer ilimitadamente, e que não se importam de cavar um fosso entre o seu dinheiro e os que têm falta dele, e que tanto juram defender.

Os pseudo comunistas, dirigentes do PCP, quando estão na mó de cima, ou quando como neste caso já vêm da mó de cima, estão se marimbando para a distribuição de riqueza. Estão, assim como o seu partido, interessados na acumulação de riqueza. O PCP, aqui personificado em Maria Dores Meira, é rico, gordo e capitalista. A presidente sabe, o partido sabe, e o povo que "não é estúpido" tem de começar a saber.

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Não há Oposição política em Setúbal. O Partido Comunista, sob a fachada de coligação CDU, governa a cidade à vontade e à vontadinha. A população tem a capacidade de análise política de "um quarto sem serventia de cozinha", pedindo um empréstimo mal empregue a Lobo Antunes pela expressão, fruto dos planos educativos pobres em formação cívica ministrados nas nossas escolas, temos gente que mal se governa mas que se deixa governar - mas essa não é uma característica afeta apenas aos setubalenses.

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Maria Dores Meira (e fosse ela ou qualquer outro) põem e dispõem na cidade, planeando obras com data de inauguração junto a eleições, comprando associações, perdão, apoiando associações e mantendo a participação cívica em níveis q.b. ao gosto do comité. Aparecem onde lhes convém, mostram o que querem e falam para quem gosta de os ouvir, mas sempre com uma estratégia de cobertura propagandística bem focada e empenhada. As redes sociais, o site da Câmara e das Juntas e até o jornal da cidade, são hoje boletins informativos dos "melhoramentos" que o Executivo Municipal efetua na vida dos seus munícipes.
A presidente que consegue aparentar as maiores incoerências entre o que defende e o que aplica na sua vida pessoal e profissional, e ninguém parece importar-se com o assunto. Temos um Partido Comunista com lugares privativos à porta, que liga imediatamente para o reboque assim que algum cidadão lá deixa o carro - quem os diria tão intolerantes à partilha?  E uma Câmara que exibe os melhores topos de gama para transportar a nossa Rainha de Copas.
Enquanto isso, os sem-abrigo e os pedintes proliferam, os setubalenses vão sendo empurrados para fora do centro da cidade pois não têm poder de compra para pagar rendas excessivamente caras e, os jovens qualificados ou aceitam empregos que não correspondem à sua qualificação ou veêm-se obrigados a tentar a sua sorte na metrópole - a câmara até participou no benéfico processo de redução do preço dos passes para facilitar este êxodo profissional.
Isto vem acontecendo não apenas pelo desinteresse da população, mas também pela incapacidade e inexistência de uma Oposição e pelo fraquíssimo jornalismo disponível.

Os partidos que se querem como alternativa ao PCP, têm uma mísera presença nas redes sociais, galgando um outro tema que a Câmara deixa passar "para fora" e escrevendo uns textos na comunicação social - pouco porque as redacções têm medo de ser mal interpretadas. O Partido Socialista, como fica sempre em 2º nas eleições, usufrui desse estatuto de Esquerda B e sonha vir a trocar com  PCP, ainda para mais depois dos últimos resultados nas Autárquicas a nível distrital. O PSD olha para Setúbal apenas como um trampolim para outros voos. Não pretendem ser alternativa nenhuma mas apenas ter a visibilidade suficiente para garantir eleitos nas Legislativas. O melhor exemplo disso é Nuno Carvalho, que tentou, primeiro nas Europeias e depois nas Legislativas, sair rapidamente de Setúbal. Lá conseguiu e agora empenha-se, com posts pagos por ele, em manter o lugar no Parlamento com uma máscara do Vitória e a falar no Sado cada vez que tem uma câmera para si virada.
Os restantes, PAN, BE e CDS, com poucos recursos vão tentando ter alguma visibilidade, mas pouco mais fazem que aparecer nas Assembleias Municipais. Com registo de uma maior dificuldade para o CDS, por Setúbal ser um daqueles territórios onde a ignorância relativamente aquilo que significa ser de Direita representa. Aqui, democratas são fascistas e comunistas são democratas.
Na sua maioria, estes partidos não compostos por gente que faça da política a sua principal atividade. Aliando falta de empenho e disponibilidade, temos um apertivo delicioso para quem governa. Não incomodam.


O jornalismo regional também não ajuda. Não sei se o cenário será igual por todo o país, mas aqui jornalismo regional significa noticiar o que a Câmara Municipal diz e faz, de preferência com um adejtivo ou outro para poder vir a almejar um apoio ou uma preferência. Limitam-se a receber comunicados de imprensa oficiais e a entrevistar membros do executivo. Salpicam com uma outra entrevista ao PSD ou ao PS e julgam estar completo o seu trabalho. É o jornalismo mais enfadonho possível: nunca dão uma notícia ou uma reportagem com verdadeira novidade. Que resulte de investigação, que mostre perguntas incómodas.
Ora se o Executivo de tudo faz para manter os restantes partidos na penumbra, fornecendo o menor número de dados e documentos possível, prefere que os cidadãos se mantenham na ignorância continuando a não informar e transmitir decentemente as sessões públicas, e se o jornalismo não escrutina, como é que se faz Oposição nesta cidade?
Basta ver, a nível nacional, como decorrem as sessões parlamentares para perceber quão complicado pode ser fazer-se Oposição. Os Governos não respondem às questões ou respondem de forma irritantemente evasiva. Atrasam a entrega de dados para que os outros partidos não tenham tempo de os analisar devidamente e agora até parece que já nem querem debater. Se assim é a nível nacional, onde são gravados, escrutinados e difundidos por todo o país, imagine-se a nível concelhio. Sem qualquer holofote e com a certeza de que a maioria das pessoas não sabe quem são os membros do Executivo e aquilo que dizem ou fazem.


É um ciclo vicioso e viciado que perpetua quem está no poder e, em última análise só prejudica a população que continua a achar que tem a melhor liderança de Câmara possível, mesmo não sabendo o que faz ,o que fez e o que poderia ou deveria fazer. A Oposição só existe para cumprir protocolo, assim como os jornais. E Dores Meira, que já prepara o seu futuro profissional e a sucessão para a cadeira do poder em Setúbal, continua passear-se como uma grande reformadora e bajulada como excelente governante. 




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