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The Pólis

Antes do bullying virtual, o Diogo postou isto:

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O Diogo deve ser daqueles "self made man", que começaram o seu negócio de raiz, com um empréstimo a fundo perdido, da avó, de 50 mil euros. E acha que tem de dizer aos outros como é que devem viver.

Alguém partilhou este miserável post, o bullying virtual fez a sua magia et voilá:

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Temos um Diogo politicamente correcto, que provavelmente pensa o mesmo mas viu-se obrigado a escrever isto, porque o textozinho ridículo que escreveu antes teve mais engagement do que ele alguma vez pensou que teria.

Um final parcialmente feliz.

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Não ofender, tem sido o mote nos últimos tempos para proibir, apagar, recuar, evitar em inúmeras situações. Umas vezes por iniciativa estatal, outras de índole privada e até de cariz pessoal. Também tem originado acérrima discussão entre os que defendem o direito a ofender e os que têm uma lista interminável de situações que consideram ofensivas.


A TVI, e especificamente o reality-show Big Brother, têm (não sabemos se oportunisticamente ou não) surfado esta onda com grande destaque. O programa tem apostado em evitar situações ofensivas, ao sabor do que se vai escrevendo nas redes sociais. Violência físíca e verbal, expressões discriminatórias, bullying entre outros, têm sido veementemente repudiados e reprimidos pela organização do programa. Por vezes díscutivel, mas na generalidade bem apontado. Ainda que acabe por tornar um programa que, já por si é bastante censório, num quadrado bastante reduto, de liberdade. Não espelha de todo o que é a vida "cá fora", como é apanágio dos promotores do formato, dizerem.
Durante o fim-de-semana, parece que uma ex-concorrente do programa, Sónia Jesus, se estreou numa nova via profissional: Repórter. A novidade acabou por colidir com alguma indignação, muítissimo moderada, nas redes sociais. Não é que não se esteja habituado a ter incompetentes a trabalhar na televisão, ou a ver promovida, gente sem qualquer formação para o que faz. Mas cada vez custa mais.


A TVI que se tem preocupado tanto em não ofender, não terá ninguém na Direção que veja o quão ofensivo é catapultar uma ex-concorrente de reality show dos mercados, diretamente para o lugar de repórter?
Há milhares de jovens, todos os anos a ingressar em cursos de jornalismo, comunicação social, ciências da comunicação e que na maioria dos casos nunca vêem retorno para o investimento pessoal e financeiro que fizeram. É justo que fiquem em casa a depararem-se com uma Sónia a exercer algo para o qual não tem absolutmente mérito nenhum?
Serão os diretores de programas da TVI assim tão desprovidos de ética e brio profissional, que não se importam de negligenciar a prórpia área em prol de audiências?

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É caricato que este tipo de desrespeito pelos estudantes e pelos pais dos estudantes, não seja tido em conta como "conteúdo ofensivo". Os pais ficam confortáveis a ver que andam a financiar cursos aos filhos para chegarem estas pessoas e passarem à frente?
Os coordenadores de cursos superiores de comunicação não têm nada a dizer? As Instituições de Ensino Superior onde são leccionadas estas àreas, não se importam com a desvalorização que isto significa para os cursos?
Esta é mais uma daquelas situações que não se vê noutra profissão. Porque mais uma vez fica patente, que se olha para os profissionais da comunicação como palhaços de circo. Não se ousaria colocar um qualquer a fazer de advogado, engenheiro ou gestor. Mas aqui, quem entreter melhor passa à frente de quem se esforça e dedica uma parte da sua vida a estudar para exercer a profissão.

 

Não há Oposição política em Setúbal. O Partido Comunista, sob a fachada de coligação CDU, governa a cidade à vontade e à vontadinha. A população tem a capacidade de análise política de "um quarto sem serventia de cozinha", pedindo um empréstimo mal empregue a Lobo Antunes pela expressão, fruto dos planos educativos pobres em formação cívica ministrados nas nossas escolas, temos gente que mal se governa mas que se deixa governar - mas essa não é uma característica afeta apenas aos setubalenses.

Maria-das-Dores-Meira-presidente-da-Câmara-Munici

 


Maria Dores Meira (e fosse ela ou qualquer outro) põem e dispõem na cidade, planeando obras com data de inauguração junto a eleições, comprando associações, perdão, apoiando associações e mantendo a participação cívica em níveis q.b. ao gosto do comité. Aparecem onde lhes convém, mostram o que querem e falam para quem gosta de os ouvir, mas sempre com uma estratégia de cobertura propagandística bem focada e empenhada. As redes sociais, o site da Câmara e das Juntas e até o jornal da cidade, são hoje boletins informativos dos "melhoramentos" que o Executivo Municipal efetua na vida dos seus munícipes.
A presidente que consegue aparentar as maiores incoerências entre o que defende e o que aplica na sua vida pessoal e profissional, e ninguém parece importar-se com o assunto. Temos um Partido Comunista com lugares privativos à porta, que liga imediatamente para o reboque assim que algum cidadão lá deixa o carro - quem os diria tão intolerantes à partilha?  E uma Câmara que exibe os melhores topos de gama para transportar a nossa Rainha de Copas.
Enquanto isso, os sem-abrigo e os pedintes proliferam, os setubalenses vão sendo empurrados para fora do centro da cidade pois não têm poder de compra para pagar rendas excessivamente caras e, os jovens qualificados ou aceitam empregos que não correspondem à sua qualificação ou veêm-se obrigados a tentar a sua sorte na metrópole - a câmara até participou no benéfico processo de redução do preço dos passes para facilitar este êxodo profissional.
Isto vem acontecendo não apenas pelo desinteresse da população, mas também pela incapacidade e inexistência de uma Oposição e pelo fraquíssimo jornalismo disponível.

Os partidos que se querem como alternativa ao PCP, têm uma mísera presença nas redes sociais, galgando um outro tema que a Câmara deixa passar "para fora" e escrevendo uns textos na comunicação social - pouco porque as redacções têm medo de ser mal interpretadas. O Partido Socialista, como fica sempre em 2º nas eleições, usufrui desse estatuto de Esquerda B e sonha vir a trocar com  PCP, ainda para mais depois dos últimos resultados nas Autárquicas a nível distrital. O PSD olha para Setúbal apenas como um trampolim para outros voos. Não pretendem ser alternativa nenhuma mas apenas ter a visibilidade suficiente para garantir eleitos nas Legislativas. O melhor exemplo disso é Nuno Carvalho, que tentou, primeiro nas Europeias e depois nas Legislativas, sair rapidamente de Setúbal. Lá conseguiu e agora empenha-se, com posts pagos por ele, em manter o lugar no Parlamento com uma máscara do Vitória e a falar no Sado cada vez que tem uma câmera para si virada.
Os restantes, PAN, BE e CDS, com poucos recursos vão tentando ter alguma visibilidade, mas pouco mais fazem que aparecer nas Assembleias Municipais. Com registo de uma maior dificuldade para o CDS, por Setúbal ser um daqueles territórios onde a ignorância relativamente aquilo que significa ser de Direita representa. Aqui, democratas são fascistas e comunistas são democratas.
Na sua maioria, estes partidos não compostos por gente que faça da política a sua principal atividade. Aliando falta de empenho e disponibilidade, temos um apertivo delicioso para quem governa. Não incomodam.


O jornalismo regional também não ajuda. Não sei se o cenário será igual por todo o país, mas aqui jornalismo regional significa noticiar o que a Câmara Municipal diz e faz, de preferência com um adejtivo ou outro para poder vir a almejar um apoio ou uma preferência. Limitam-se a receber comunicados de imprensa oficiais e a entrevistar membros do executivo. Salpicam com uma outra entrevista ao PSD ou ao PS e julgam estar completo o seu trabalho. É o jornalismo mais enfadonho possível: nunca dão uma notícia ou uma reportagem com verdadeira novidade. Que resulte de investigação, que mostre perguntas incómodas.
Ora se o Executivo de tudo faz para manter os restantes partidos na penumbra, fornecendo o menor número de dados e documentos possível, prefere que os cidadãos se mantenham na ignorância continuando a não informar e transmitir decentemente as sessões públicas, e se o jornalismo não escrutina, como é que se faz Oposição nesta cidade?
Basta ver, a nível nacional, como decorrem as sessões parlamentares para perceber quão complicado pode ser fazer-se Oposição. Os Governos não respondem às questões ou respondem de forma irritantemente evasiva. Atrasam a entrega de dados para que os outros partidos não tenham tempo de os analisar devidamente e agora até parece que já nem querem debater. Se assim é a nível nacional, onde são gravados, escrutinados e difundidos por todo o país, imagine-se a nível concelhio. Sem qualquer holofote e com a certeza de que a maioria das pessoas não sabe quem são os membros do Executivo e aquilo que dizem ou fazem.


É um ciclo vicioso e viciado que perpetua quem está no poder e, em última análise só prejudica a população que continua a achar que tem a melhor liderança de Câmara possível, mesmo não sabendo o que faz ,o que fez e o que poderia ou deveria fazer. A Oposição só existe para cumprir protocolo, assim como os jornais. E Dores Meira, que já prepara o seu futuro profissional e a sucessão para a cadeira do poder em Setúbal, continua passear-se como uma grande reformadora e bajulada como excelente governante. 




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