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The Pólis

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As sondagens não são intenções de voto, são representações da opinião de pessoas que estão disponíveis para responder a sondagens e servem primordialmente para influenciar a população, secundariamente para simular projeções resultados futuros. As verdadeiras sondagens são as eleições. A última vez que as sondagens deram um empate entre PS e PSD, ficámos com uma maioria absoluta do PS. Fica para reflexão...


"O líder partidário que o propôs curiosamente não está no Parlamento. O primeiro a fazê-lo. Foi Nuno Melo, do CDS. O seu a seu dono."
. A frase é de Paulo Portas, no último domingo, quando analisava as medidas de combate à inflação anunciadas pelo Governo e mais concretamente quando se debruçou sobre a medida do IVA zero para alimentos essenciais.  
 
O que também é curioso é que na semana anterior, houve muito debate público sobre Oposição a propósito das críticas do Presidente da República ao Governo de António Costa. Num dos programas de rádio mais conhecidos do país, em que é pedido aos ouvintes que liguem para a rádio para deixarem a sua opinião, pediu-se-lhes que comentassem as intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa. 
 
Uns a concordarem mais, outros menos com as críticas diretas do Presidente, houve sempre uma linha argumentativa comum, de forma mais ou menos subentendida, que sobressaia: O Governo apesar de ter uma maoria, só se sente muito à vontade para pôr e dispor das nossas vidas porque a Oposição é fraca. O jornalista chegou mesmo a perguntar algumas vezes se se podia dizer que neste momento o Presidente da República era o principal Líder da Oposição.  
 
Reciclando novamente a expressão, é curioso que neste momento as duas principais funções de Oposição, escrutinar e propor, de forma assertiva e responsável, se sintam vindas de dois pólos, que os mais distraídos poderiam considerar pouco prováveis: O Presidente da República que se tem visto obrigado a confrontar um Governo relaxado, que empurra os problemas com a barriga. E o CDS-PP que, neste caso em concreto, há praticamente um ano que propõe a medida básica de alívio às contas das famílias portuguesas que o Governo tinha vindo a desdenhar e desconsiderar até agora.  
 
Dá realmente que pensar o estado em que está a Oposição, que se senta no Parlamento, em Portugal. À esquerda o Bloco e o PCP continuam a tentar encontrar forma de contrariar o desgaste que a Geringonça lhes provocou. O PS vendeu muito bem a ideia de que deu à luz uma inovadora união das esquerdas que o BE e o PCP assassinaram sem remorsos.  
 
Os comunistas, como já é habitual, fizeram mais uma leitura de contexto político com uma lente empoeirada e escolheram um líder que nem onde viveu as pessoas o conhecem - ainda bem.  
 
O Bloco também vai trocar de líder, não comete o mesmo erro que o PCP mas tem uma outra dificuldade que está a aumentar com o tempo. Pouco ou nada distingue as causas que defendem das da nova fornada de políticos oriunda da Juventude Socialista. A curto médio prazo isto terá os seus efeitos mais vincados.  
 
Já partido de Rui Tavares nunca teve como objetivo fazer Oposição mas sim de colocar o seu líder numa boa posição.  
 
À direita todos querem ser o PSD, inclusive o PSD. Montenegro, cujo principal ativo eram as suas performances no Parlamento, saltou para a liderança do partido num momento em que não lá está e isso reflete-se na dificuldade que o PSD tem alavancar-se de outra forma que não seja esperar por erros do Governo.  
 
O CH abre garrafas de champanhe cada vez que sai uma sondagem, ignorando o facto de que desde que entrou na Assembleia da República o Partido Socialsita só insuflou. André Ventura entre os seus delírios de messianismo, vai capitalizando o descontentamento dos que já só querem ver alguém a gritar e a ofender o primeiro-ministro. Só que a maioria dos portugueses sabem que com gritos e ofensas consegue-se pouco mais do que receber um troco igual. E toda a gente sabe que um partido de protesto é bom para entreter, mas quando chega a hora de falar a sério preferem-se “adultos” na sala. 
 

A IL quer ser gender fluid para agradar ao seu eleitorado cosmopolita, recusa enquadrar-se na esquerda, na direita ou no centro apesar de se querer sentar bem no meio do centrão. Enervam mais os bloquistas, por partilharem com eles uma agenda social comum e ainda recentemente deram provas nos Açores de que não estão assim tão preocupados com o socialismo, ao quererem romper com a primeira hipótese de um governo não socialista desde 1996 no arquipélago. 
 

Entretanto temos um país sabotado, com uma população em dificuldades para conseguir coisas tão básicas como por o pão na mesa ou aceder um médico, e que paga os seus impostos não para obter serviços públicos de qualidade mas para ser anestesiada por um Governo que só investe na dependência do Estado e nos seus círculos de amizades.   
Com o avançar do tempo é nítido que não revertemos este rumo com uma Oposição útil ao PS, como tem sido, mas sim com uma Oposição útil às nossas vidas como a que o CDS-PP demonstrou e o Presidente da República, infelizmente, se vê obrigado a exemplificar.

 

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