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The Pólis

O primeiro-ministro anunciou há uns dias a criação de um mecanismo de verificação de possíveis governantes. 
O "mecanismo", reveleram hoje, trata-se nada mais nada menos do que, o preenchimento de um questionário e a assinatura de uma decalração de compromisso de honra em como estão a responder com honestidade ao questionário. 

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Isto revela-nos algumas coisas levanta outras tantas dúvidas: 

As questões que estão presentes no questionário não eram já feitas aos candidatos a governantes? Como é que isso era possível?
Quando a Secretária de Estado da Agricultura se demitiu em 24 horas, muita gente se questionou se António Costa e a sua equipa de castings (será que existe ?) apenas confiavam na palavra das pessoas e pronto. Tendo em conta o conteúdo do questionário hoje aprovado e publicado, fica a ideia de que nem sequer questionavam os visados sobre possíveis questões legais que pudessem por em causa o seu trabalho, a sua permanência no cargo e a estabilidade necessária ao regular funcionamento do ministério em que esperam ser inseridos. 

Recordo-me que o ministro Azeredo Lopes dizia que tinha adquirido conhecimentos para o lugar de ministro da Defesa, através da visualização de filmes de guerra e policiais. Talvez o Governo deva começar a sugerir alguma séries políticas aos seus membros, é que até nas séries se costumam ver os assessores dos presidentes e dos primeiros-ministros a entrevistarem as pessoas antes de as nomearem para cargos. 

Saindo dos filmes, das séries e voltando à vida real. Parece que para entrar no Governo basta alguém nos querer lá, dizermos que sim e cá vai disto. Quase 50 anos depois do 25 de abril, ou seja, quase 50 anos de Governos democraticamente eleitos, e nunca se tinha preparado uma avaliação a candidatos a governantes? Nem sequer assinavam um qualquer compromisso de honra em como não eram uns aldrabões de primeira? 

Quantos de nós já tivemos de assinar uma declaração dessas para a mais mísera e simples das ações burocráticas? Na segurança social, nas finanças, nos notários, no IMT... E para se mandar no país não era preciso nada de nada? 

Só ao fim de quase 50 anos se lembram de que se secalhar era boa ideia, no mínimo, colocar as pessoas a responder a um questionário sobre a sua conduta? 
E ao fim de quase 50 anos, temos um primeiro-ministro a chamar a isto "mecanismo de veificação" ? Não é um mecanismo de absolutamente nada, é um formulário patético para nos atirar areia para os olhos. 
E é absolutamente vergonhoso, primeiro que só decidam fingir que vão verificar alguma coisa porque os casos já estavam a dar demasiado nas vistas, segundo que nos colem um rótulo de tontos ao anunciarem esta medida infantil. 

Os serviços de inteligência não fazem realmente uma verificação de quem são as pessoas que vão tutelar as nossas finanças? O nosso sistema de pensões? A nossa educação? 
Será que um dia temos um espião estrangeiro como ministro e ninguém dá conta? 

A falta de rigor e de seriedade com que se encara o exercício da governação em Portugal, não cessa de me surpreender. 



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Numa fase tremida do Governo, com muitos casos e demissões, em que a Oposição tenta agitar a bandeira do "normal funcionamento das instituições" ao Presidente da República, António Costa faz uma escolha demasiado estranha. 

Selecionar um dos mais indignos titulares de pasta governamental para uma promoção a ministro, é caricato e só pode ser interpretado como uma forma de demonstrar desprezo pelo que a Oposição acha ou deixa de achar mas também pelo objetivo pelo qual diziam precisar de uma maioria absoluta: estabilidade política. 

Já por algumas vezes abordei aqui este personagem político do Partido Socialista, e por isos volto a deixar aqui os links para que recordem comigo o porquê de já ter gerado indignação a nomeação de Galamba para Secretário de Estado quanto mais para ministro: 

Galambing, a arte da Soberba

O que tem João Galamba para ser tão protegido?



PS: Feliz Ano Novo!

Pois é, nova eleições, nova maioria socialista. Nos próximos quatro anos teremos António Costa e a sua "família" a porem e disporem da vida dos portugueses.

Se ele quiser pode, por exemplo, reconduzir o excelente ministro Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna, que ninguém pode fazer nada. Podem reclamar, chorar, se o PS quiser o PS faz. Também é isso que significa maioria absoluta.

A questão que fica é: Ficámos surpreendidos com esta vitória do PS e esvaziamento dos partidos da esquerda? Li muita a gente a escrever que sim. Certamente não frequentam este blogue, porque quem o frequenta não ficou.

Tal como prevemos em outubro, a estratégia de António Costa, depois da esquerda lhe querer tirar o tapete, foi esvazia-la agitando o fantasma da Direita com o CH. Como se costuma dizer, se queres vender extintores tens de mostrar fogo. Foi o que o Partido Socialista fez, criando a sensação de que era necessário reforçar o voto em António Costa, a única esquerda estável e fiável. Era lógico que PC e Bloco iriam ser penalizados por romper a Geringonça.

Mas quem leu este texto, já ia avisado ( Agora não vale a pena fugirem )

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Os partidos alicerce do Governo do Partido Socialista, percebendo a sua trajetória descendente de eleição em eleição, desde que aceitaram integrar a Geringonça, bater com a mão na mesa.

Só que nota-se à distância que o fazem apenas porque acham que desse modo recuperam a credibilidade e a "utilidade" que alguns eleitores lhes reconheciam. Eleitores esses que têm migrado para o PS, como seria de esperar neste "abraço de urso". O PCP e o BE sempre serviram para que os eleitores de esquerda pudessem ter escolha entre a esquerda do sistema (PS) e a esquerda "pura", revolucionária, de protesto contra a direita e às vezes contra a esquerda do sistema.

Essa função dissipou-se quando as esquerdas acordaram em apoiar-se. Para quê votar Bloco ou PCP se agora são parceiros do Governo socialista? Porque não votar PS se até já o Bloco e o PCP lhes reconhecem méritos ao ponto de os ajudarem?
O PS tornou-se assim o partido presidente da Federação das Esquerdas. O partido mais sensato, que leva realmente à letra "a união faz a força" e por isso diz publicamente que só quer conversar com a esquerda. Foi assim que o Partido Socialista se voltou a erguer e conseguiu conquistar eleitorado muito mais à esquerda do que o habitual. Consolidou-se no coração de socialistas, comunistas e simpatizantes.

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6 anos depois, há consequências a retirar. Toda a gente acha que quaisquer eleições estão no papo para o PS de António Costa. Enquanto os seus parceiros começam a ter dificuldades até onde estavam mais confortáveis, como aconteceu com o PCP nas Autárquicas.
Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, sem quererem, colocaram-se num beco sem saída: prosseguindo a parceria com o PS, vão emagrecer muito eleitoralmente. Rompendo, como parece que vai acontecer com este chumbo Orçamento de Estado, vão ficar com o ónus de destruição das pontes que uniam a esquerda.

Pensam agora, os dirigentes bloquista e comunista, que ainda vão a tempo de recuperar o que queimaram, queimando-se ainda mais. Optaram por se juntar à direita no voto contra, cometendo um acto que será interpretado por muitos como traição para com a esquerda. Abandonaram o PS que mais lhes deu espaço para influenciarem as políticas nacionais de sempre, porque acham que vão voltar a ganhar os pontos do tempo em que eram apenas partidos de protesto.

O Partido Socialista vai continuar a cimentar a sua posição de único partido em que vale a pena votar à esquerda. Isto porque fica para a história que lutaram pela existência de um entendimento alargado de esquerda, que permitisse evitar pelo máximo tempo possível o regresso da direita, e esse entendimento só não continuou porque Bloco e Partido Comunista não estiveram à altura da responsabilidade.

Nas próximas eleições, o único partido que vai poder utilizar o argumento de "senão votarem em nós terão que levar com a Direita" com eficácia, é o PS, que tem caminho aberto para fazer de calimero e pode agora dizer que é mesmo melhor que o eleitorado de esquerda lhes confira uma maioria, pois com o PCP e o Bloco não se pode contar.

Não é por acaso que o primeiro-ministro não se cansa de dizer que não lhe interessa um bloco central, não lhe interessa conversar com o PSD nem com ninguém para lá do PSD. Ele quer uma clara fronteira entre esquerda e direita, porque sabe que está a ficar com o monopólio dos votos da Esquerda. António Costa sugou a vida dos seus parceiros de Geringonça e não tem intenção de parar.


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O nosso governo socialista é perito no clientelismo e na criação de dependência perante o Estado. Têm uma base fixa de potenciais eleitores - os funcionários públicos - que mimam e aumentam sempre que podem. 

Há sempre mais contratações e mais privilégios para este segmento da população com o Partido Socialista. É pura estratégia eleitoralista. Quando se aproximarem as eleições, verão os ordenados da função pública a aumentar. Para já, continuam os "rebuçados". 

 

Como escreveu Bastiat: "Todos querem viver às custas do Estado. Esquecem-se que o Estado vive às custas de toda a gente"

 

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