Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

The Pólis

O Streaming já enjoa

Volta Pirataria

Ainda me lembro de entrar num videoclube, ao fim-de-semana, com o meu pai, escolher um ou dois DVD´s para assistir em casa. Se entrei num no tempo do VHS, não me recordo.
Mas gostava de ir, eram estabelecimentos cheios de cor graças às milhentas capas de filmes que os decoravam. Para uma criança era excelente.

20210210_105638_0000.png

 

Depois alguém aprendeu a "sacar os filmes" pela internet, lá em casa, e a visita ao videoclube acabou. A pirataria acabou por matar os videoclubes e, muito provavelmente, hoje em dia já ninguém compra um DVD, blu-ray ou VHS a não ser por revivalismo.

Durante muitos anos convivi e usufrui desse modus operandi ilegal: a pirataria. Só mais tarde me vim a inteirar dos problemas em grande escala que isso representava para cinematografia. Eram bastante lógicos mas acho que a maioria das pessoas não pensa duas vezes quando lhe dão a oportunidade de usufruir de alguma coisa sem pagar.

Surgiram então campanhas de sensibilização contra a pirataria, através da explicação dos seus efeitos mas também das consequências penais que podiam gerar para quem fosse cúmplice e não apenas para quem disponibilizava os filmes.

Passaram-se alguns anos e chegou a Portugal a pirataria de filmes 2.0: sem recurso a dvd´s virgens ou pendrives USB. A pirataria em Streaming!
Quem não se recorda do Wareztuga? Do Popcorn, TugaFlix e Mr.Piracy?

Julgo que o primeiro a que acedi e do qual usufrui durante muito tempo foi o Wareztuga. Aspeto profissional, com milhares de filmes disponibilizados e prontos a ver na hora, legendados e a partir de vários servidores para o caso de algum não funcionar adequadamente.

Tornámo-nos exigentes com a diversidade e penso que não é incorreto falar no plural se disser que no ato da escolha do filme a ver, começámos a pular de plataforma pirata em plataforma pirata à procura dos filmes mais recentes ou mais raros.

Como seria de esperar, quem geria estes sites começou a querer mais do que a apenas disponibilizar cultura gratuitamente. Passou a ser necessário fazer um registo nos sites para se poder aceder aos filmes. Daí, saltamos para os anúncios e terminamos numa diabetes de anúncios interminável que nos fazia fechar 20 janelas de publicidade até conseguirmos finalmente carregar no "play" e disfrutar do filme eleito para o serão.

Algumas das plataformas foram mais longe e começaram a pedir um pagamento anual ou mensal, à semelhança do que acontece hoje com uma Netflix, só quem em modo ilegal. Não sei se tiveram sucesso ou não, pois assim que isso acontecia eu abandonava o site para nunca mais voltar.

Quando se anunciou que a Netflix estava brevemente a chegar a Portugal, coincidentemente começaram a desaparecer alguns sites piratas. Desconfiei na altura de que pudesse estar relacionado. Não acredito que a Netflix não saiba que também tem a concorrência do "mercado negro" e não me admirava que fizessem uma limpeza de terreno antes de aterrarem em novos mercados. Talvez uma oferta choruda de dinheiro aos gestores dos sites, talvez uma ajuda às autoridades a identificar os autores. Se alguém souber informe-me. Tenho curiosidade em saber se esteve relacionado ou não.

Com o Wareztuga afastado e mais uns quantos sites piratas suspensos, a Netflix pousa em Portugal com toda a confiança e segurança. 30 dias grátis para novas contas. Não resisti, até porque tinha ficado sem alternativas, e criei conta. Foi uma desilusão. Muito pouco conteúdo e o pouco que tinha ou era da autoria da própria Netflix, que aos meus olhos ainda não tinha credibilidade suficiente para me merecer tempo, ou eram alguns filmes que qualquer pessoa já viu pelo menos uma vez na SIC ou na TVI. A única vantagem que na altuar identifiquei foi a de, aquando da visualização de uma série, não ter de avançar de episódio manualmente. O site avançava sozinho enquanto houvesse episódios para ver. Estava eu muito longe de saber que a prática tinha uma nomenclatura: Binge Watching.


Durante algum tempo também nos era permitido "enganar" o site. Fazendo uso das maravilhas do MB Way, assim que terminavam os 30 dias de experiência, criava-se outra conta, outro cartão de data limitada a trinta dias et voilá, mais 1 mês "à pala". Provavelmente ninguém estava a enganar ninguém, e a plataforma de streaming americana estava a apenas a engordar a sua lista de contactos e dados, mas como bom português gostamos sempre da sensação que somos muito espertos. Se nos ficássemos pelos sites de filmes era bom, o problema é que aplicamos a chico-espertice como fórmula de sucesso para a vida. Enfim, outra conversa.

Depois da Netflix desbravar o mato em Portugal, as suas concorrentes quiseram também entrar neste rectângulo à beira-mar plantado. Amazon Prime, Disney, Apple TV arrancaram há relativamente pouco tempo. Até a SIC já tem uma plataforma de Streaming!

O que pareceu muito divertido e modernaço ao ínicio, acabou por se tornar um pesadelo. Imaginemos que quero ver "The Crown", tenho de criar uma conta e pagar na Netflix. Porém, se quiser ver "A Guerra dos Tronos" por exemplo, terei de criar uma outra conta na HBO e pagar. Terei de fazer o mesmo processo se quiser ver um filme ou série produzidos pela Disney. Criar conta e pagar à Disney. Para rever o programa do Ricardo Araújo Pereira, "Isto é Gozar com Quem Trabalha", toca de comprar um passe para a "Opto", a plataforma streaming da SIC.

É como se entrasse num videoclube que está organizado por produtoras, e em que tenho de pagar cada vez que quero mudar de corredor. Simplesmente não compensa e é cansativo.
Se criar conta em todos os sites de streaming disponíveis, de forma a conseguir aceder a todos os filmes e séries disponíveis, acabo com uma conta mensal parecida à da eletricidade ou de telecomunicações. Para não falar do processo de mudar de site...

Numa alltura em que, mais que nunca, o nosso tempo e os nossos dados valem dinheiro, quando se diz que é o cliente que decide o que quer ver, os sites de visualização de filmes online estão a entupir o mercado e criar uma inflamação na minha paciência, e acredito que na de muitas outras pessoas.

A ideia de pagar menos e ver mais subverteu-se. Fomos lentamente empurrados de volta para os videoclubes mas em formato digital. Mas para mim já chega. O que é demais enjoa e tanto streaming deixa-me com naúseas. Não quero pensar a quem pertence o filme Xpto e ter de pesquisar em qual das minhas contas é que o filme está disponível ou se tenho de subscrever e pagar uma nova. Quero ver, quero entreter-me, quero ususfruir dos filmes!

O excesso de streaming empurrou-me de volta para os braços da pirataria. Olá de novo, meu caro Mr. Piracy. Desculpa ter-te deixado.

"Inside The World´s Toughest Prisons"

As prisões mais duras do planeta

Inside The World´s Toughest Prisons é uma série documental, adquirida pela Netflix, que nos leva para dentro das prisões ditas mais perigosas do mundo.
A série original foi lançada no Channel 5, do Reino Unido, em 2016 e era apresentado pelo jornalista Paul Connolly. Aqui, não sei o motivo mas contou apenas com a temporada inicial de 4 episódios.

unnamed.jpg

 


Dois anos depois, a Netflix, como já é hábito, repescou o programa e lançou-o na sua plataforma de streaming, onde já conta com mais 3 temporadas. O mote permanece o mesmo, entrar nas prisões mais complicadas do mundo, mas agora através do jornalista Raphael Rowe, também ele um ex-condenado no Reino Unido - por um crime que não cometeu - e que esteve encarcerado numa prisão de alta segurança durante 12 anos.

O registo é diferente, não transmitindo tanto a ideia de que estamos a ver um documentário clássico, e para isso foram alterados pequenos pormenores que se revelam determinantes para o efeito. Destaco a não dublagem dos testemunhos dos prisioneiros como um deles, deixo os restantes para quem queira ver a série, descobrir.


Por desatenção minha, que é bastante recorrente, comecei a série de trás para a frente. Isto é, comecei na 4ª temporada e já apresentado por Raphael. Não tem qualquer problema, pois cada episódio conta a estória de uma prisão, não tendo qualquer influência o que se passou em outro episódios. No entanto, devo dizer que chegando à 1ª temporada, há um grande choque de estilos e que prefiro bastante o da Netflix.

Feita esta longuíssima contextualização da série, partilho um pouco do que vi, mais concretamente dois episódios, ou seja, duas prisões. que me mereceram alguma reflexão. Trata-se do Estabelecimento Prisional de Tacumbu, no Paraguai e do Estabelecimento Prisional de Melrose, nas ilhas Maurícias.
Dois países completamente diferentes, duas formas de lidar com criminosos opostas, mas a mesma dureza na vida de todos os prisioneiros, na luta pela sobrevivência.

Das duas, vi primeiro o episódio referente à prisão no Paraguai. É nos apresentada como uma prisão altamente sobrelotada, em que os guardas não chegam à meia centena, para mais de mil prisioneiros. As primeiras imagens são de uma miséria extrema, só descritível como as piores ideias que consigam imaginar de uma das piores favelas que tenham conhecimento existir. Um pátio, repleto de gente com roupa rasgada ou completamente desajustada em termos de tamanho, a drogar-se sem qualquer pudor ou discrição. Todos dormem no chão, marcando o seu lugar no pátio. Autênticos sem-abrigo dentro de uma prisão.

Tacumbu-prison-paraguay-netflix-2602623.jpg

 


Mas o apresentador é encaminhado para uma outra seccção e apresentado ao prisioneiro que está encarregue de a gerir (!!). O edifício em questão é uma bolha dentro da prisão, já com camas, casas de banho e algumas atividades de trabalho. O mínimo comum em qualquer prisão. Quem é que vai para esta secção? Quem se compromete em seguir as regras impostas pelo seu proprietário: a Igreja Católica. Os prisioneiros que queriam aceder aos "privilégios" deste bloco, e dormir numa cama, não podem ter vícios, não podem protagonizar qualquer ação de violência e têm obrigatoriamente de assitir à missa. Estas foram algumas das regras apresentadas, não ficamos a saber se existem mais.


Após a visita a esta parte da prisão, Raphael volta à "zona de calamidade", onde somos confrontados com algo que, pelo menos eu nunca tinha visto. Entra na prisão uma espécie de carroça, carregada com lixo doméstico, que é despejada numa parte do pátio. Este lixo, pelo relato de um dos presidiários com quem o jornalista conversa, é ali despejado para que os presos daquela zona possam remexer e procurar comida e outros objetos que considerem de valor. A felicidade com que o recluso amealhava fruta podre era surreal, no entanto revelou ao programa que era ótima para vender dentro da prisão. Acho que isto já passa uma ideia do que ali se vive.

Quando estamos a digerir toda esta informação, todo este degredo humano dentro de uma instituição prisional, eis que nos mostram uma terceira zona da prisão.

Se considerarmos que o pátio onde se drogavam, agrediam e catavam lixo era o patamar zero, da condição de sobrevivência da prisão, e se dentro dessa catalogação pudermos ver o bloco patrocinado pela Igreja, como o patamar a seguir, em que já são fornecidos alguns mínimos, então o seguinte será um três que parece quase um quatro. Mas adiante com esta coisa dos números.

O que se vê a seguir é um autêntico mercado, que nos remete para qualquer outro que já vimos na televisão ( para quem não viajou até ao local, claro), em países como a Tailândia ou algo do género. Escuro, com imensas bancas dos mais diversos produtos. O mais incrível é que, dado o desgoverno daquela prisão, isto significa que todos os objetos e mais alguns, conseguem entrar na prisão. Foi nos mostrado desde uma banca de croissants até uma de reparação de computadores e até outra de aluguer de quartos!

0e55b998982df13e1cda9b4c21d3cf.jpg

 

Basicamente aquela zona da prisão era uma mini-sociedade, onde se adquiriam todos os serviços como se se estivesse no exterior, e onde era possível fazer tanto ou mais dinheiro que no "Mundo real". Foi francamente surpreendente, pela negativa e pela positiva. Se por um lado é bom que haja uma mudança na vida daquelas pessoas, e que possam experimentar uma simulação de vida normal, por outro não é suposto e é altamente perigoso para os poucos guardas naquela instituição.

A segunda prisão que, para mim, merece destaque é a de Melrose, como já tinha escrito no início (não bem no início) do texto.
Estão a ver as ideias que temos de uma prisão de alta segurança, ou de prisioneiros de alto risco, em continentes que não a Europa e os EUA? Prisioneiros assustadores, gangues, infraestruturas intimidadoras? Assim mais perto do que foi descrito na prisão do Paraguai, mas com camas para todos.

Prison-Melrose.jpg

 

A prisão de Melrose é o oposto. O próprio apresentador, quando chega ao estabelecimento prisional constata imediatamente algo que nunca tinha sentido: Silêncio numa prisão.
 Esta constatação tem mais importância se nos relembarmos que Raphael Rowe é, para além de jornalista, ex-recluso numa prisão de alta segurança.


Após este primeiro impacto, há uma segunda evidência com a qual o nosso anfitrião se surpreende, que a limpeza do local. A prisão tem um aspecto asseadíssimo, sem um papel no chão ou uma erva daninha a teimar que também quer ser presa.


 É nos então feita uma breve contextualização acerca da história da prisão. Ao que consta, era um estabelecimento bastante problemático e que gerava bastante interesse mediático por esse mesmo motivo. Ora não sendo as Ilhas Maurícias conhecidas pela sua produção seja do que for, não foge ao clichê de muitas outras ilhas e como tal vive quase exclusivamente do turismo. A seguir a uma catástrofe natural ou uma guerra, a criminalidade e a reputação de local com alta criminalidade devem ser o terceiro principal espanta-turistas de qualquer país.

O governo das Ilhas Maurícias deliberou então que deveria resolver o problema rapidamente, e para isso optou por nomear um novo comissário para gerir o Estabelecimento Prisional de Melrose e reforçar-lhe os poderes, tornando-se praticamente num comissário absoluto.
Esta decisão mudou tudo e a prisão é atualmente gerida com mão de ferro. No pátio, os reclusos não falam, ou falam muito baixo, quase a sussurrar. 


Os cigarros foram proibidos de um dia para o outro, e bem se sabe como os cigarros são a "moeda" de qualquer prisão. Raphael consegue chegar à fala com pelo menos dois prisioneiros, um originário da Ilha e outro Europeu. Pergunta ao primeiro, porque é se sente uma tensão tão grande no ar, e este responde-lhe com um sorriso nervoso. O segundo, europeu, sempre com uma expressão facial de quem não se deixou quebrar apesar de agir de acordo com o que os guardas pretendem, queixa-se da questão dos cigarros e diz que o que se passa na prisão "é política".

À semelhança de qualquer poutro estabelecimento prisional, Melrose também tem espaços de trabalho para os prisioneiros. A especialidade é a fabricação de sapatos. Mas desengane-se quem acha que o trabalho é remunerado, pois não só não é, como os sapatos são feitos apenas para os guardas. Uma outra unidade de trabalho, na qual o recluso europeu trabalha, produz peças de metal para serem utilizadas no estabelecimento - quase que produz as suas próprias grades.

Há uma constante "aura", se assim pudermos chamar, de repressão dentro de Melrose. Uma paz podre. Obviamente que não estou com isto a dizer que uma prisão deveria ser um lugar de liberdade e felicidade.


A Direção do estabelecimento no entanto, parece ter alguma noção de que apesar de ter as coisas sob controlo, pode estar a provocar uma situação de efeito "panela de pressão", mas não querendo aliviar nas suas medidas para não ceder, optou por introduzir algo também bastante invulgar.
Pelo que foi dito no episódio, ainda era uma prática recente, restrita a um pequeno número de presidiários, mas que surte efeitos positivos no comportamento destes: são aulas de Tai Chi. A dado momento temos a caricata imagem de um grupo de criminosos a praticar lenta e calmamente, com um sincronismo asiático, os movimentos desta arte marcial.
O professor assegura que tem recebido o feeback positivo dos alunos.

Estes dois sistemas completamente opostos, deram-me que pensar e remeteram-me para uma comparação económica ou política, consoante prefiram.
Diria que o sistema do Paraguai, se assemelha ao sistema capitalista democrático:
Há um claro fosso entre quem vive com dignidade(a possível dentro da prisão) e quem não vive. E há quem esteja no meio. A dificuldade para mudar de estágio é muito alta, especialmente neste ambiente, mas possível. 
Há gente muito infeliz e perdida, mas quem esteja tão bem que nem quer sair. E sobretudo, sem intervenção dos guardas, houve capacidade de organização e para se estabelecerem regras e comércio. Há primeiro vista, é feio? Parece muito mais inseguro? Parece. Mas também me parece mais realista.

O sistema das Ilhas Maurícias, para mim apresenta muitas semelhanças a um sistema ditatorial:
Um local impecavelmente bem tratado, sem incidentes, com prisioneiros disciplinados e bem comportados. Trabalham, cooperam e cumprem as suas sentenças em harmonia. Todo um clima de consenso que soa a utopia, tal e qual uma ditadura. Num regime autoritário tudo aparenta correr às mil maravilhas, até descobrirmos como no caso de Melrose, que as refeições são sempre pão e água ou que um prisioneiro que seja apanhado com 1 cigarro tem direito a 16 dias na solitária (com as condições previamente mencionadas).
Não é normal tanto consenso, tanta harmonia. Não é normal que ninguém conteste nada, não questione nada ou que nunca tenha um acesso de fúria.
  Parece muito mais organizado? Sim. Parece bem mais seguro? Também. Mas completamente irrealista e sufocante.

Colocando-me no lugar de um prisioneiro, e tendo apenas como opção estas duas prisões, tenho que admitir que pela minha segurança talvez preferisse ir para as Ilhas Maurícias, mas pela minha sanidade mental teria de optar pelo Paraguai.

 

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub