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The Pólis

Desde a saída de Passos Coelho que o PSD foi invadido por desconhecidos, afetos a Rui Rio, tornando um partido onde outrora se reconheciam vários potenciais futuros líderes, numa organização partidária de amigos do líder, onde que recorrentemente tem necessidade de "bater" nos oposicionistas. Este é um pequeníssimo resumo, visto de fora, do alegado maior partido da oposição.

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Já quanto à sua juventude partidária, o calvário tem sido muito mais longo.  A JSD tornou-se numa juventude partidária irrelevante, de lideranças medíocres que apenas procuram cimentar o seu lugar no parlamento. A que considero mais inócua, nos tempos mais recentes, é a de Cristovão Simão Ribeiro (quem é esse, devem estar a perguntar), cujo ponto mais mediático da sua liderança foi o adiantamento das eleições na JSD para que ainda pudesse concorrer a mais um mandato antes de perfazer os 30 anos de idade. De seguida veio Margarida Balseio Lopes, que no mês passado disse sair com um sentido de dever cumprido, apesar de não se perceber muito bem em quê.

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Com a saída da deputada Margarida, aparece então o deputado Alexandre Poço. Este jovem que aparenta tudo menos juventude, tem conseguido bastante mediatismo no último mês. Aquando das votações para o fim dos debates qunizenais, recebeu toda uma avalanche de elogios por ter sido um dos poucos deputados do PSD a votar contra. Aí, leram-se bela toadas de como este representava o futuro e a esperança do partido laranja. O então declarado candidato à liderança da JSD, saltou assim para a ribalta fazendo algumas manchetes.

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Infelizmente, esse foi o último ato elogiável de Alexandre, O Poço. Desde a sua eleição, o recém eleito líder da juventude social democrata tem-nos presenciado com belíssimos tiros no pé - vamos acreditar que são erros e não escolhas ponderadas.


O primeiro, o lançamento de um concurso para renovar a sua imagem. Este concurso, é direccionado, segundo o texto da JSD, para jovens designers e tem como objetivo alertar para as dificuldades dos jovens na procura de emprego.


A JSD irá então receber propostas de alteração da sua imagem até uma determinada data, escolhe a que mais gosta e entregará um prémio de 1500€ ao vencedor.
Agora trocado por miúdos: Uma juventude partidária quer alertar para as dificuldades dos jovens em movimentarem-se no mercado de trabalho, lançando um concurso onde pede um trabalho especializado a vários jovens, para depois pagar a apenas um, que recebido o pagamento, afloreado de "prémio", pode muito bem continuar desempregado e seguir a sua vida.


Um dos estratagemas mais utilizados pelas empresas para se aproveitarem dos jovens, é repetido por uma organização que se diz defensora dos interesses dos jovens. A JSD promove uma estratégia de precariedade, para alertar para a precariedade. Mais caricato e confrangedor : a campanha que lançaram no Dia Internacional da Juventude com posts ilustrados por frases que representam situações comuns de precariedade jovem. Ou há muita falta de noção na JSD ou muito descaramento.
Claro que esta situação foi notada por várias pessoas, entre as quais os responsáveis pela plataforma de denúncias de abusos laborais, "TENHAM VERGONHA", que denunciou de imediato na sua página esta situação, enquadrando-a num caso de trabalho especulativo. A resposta da JSD? nenhuma. As perguntas dos jornalistas? Zero.

A segunda bigorna que lhe cai no pé (a ele ou a nós?), trata-se de parte de uma entrevista que concedeu à Revista Visão. Alexandre, um jovem, a "esperança" do PSD, que parecia demonstrar alguma irreverência positiva, com a recusa em aprovar a tonta medida de reduzir os debates quinzenais, faz um frete tremendo a Rui Rio e demonstra toda a cobardia perante as sondagens.


Na entrevista, quando questionado sobre uma possível relação com o Chega, o líder da JSD, acaba por, muito atabalhoadamente dizer o mesmo que Rui Rio. Refere que não pode colocar de parte o Chega, tendo em contra as sondagens, justifica que o PS também fez acordos com a extrema esquerda e logo de seguida diz que não se está a justificar nem a arranjar uma desculpa para essa nova intenção de relacionamento com partido de Ventura.

Quando menos se esperava, temos um jovem a prontificar-se para validar e dar entrada à extrem-direita no arco da governação. Mas claro, só e apenas se não ultrapassarem "linhas vermelhas". São estes os modelos que os jovens portugueses podem encontrar no PSD. Alexandre Poço demonstra ter a capacidade de percepção das preocupações juvenis de um seixo, e já vem deixando bem claro que com ele não contamos para nada além do mesmo.

A JSD continua nas ruas da irrelevância política e social, fortalecendo a sua posição, a par com a Juventude Socialista, de centro de emprego para caciques.

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Geração Ghost

Dia internacional da juventude

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Quem tiver andado distraído relativamente a novas terminologias utilizadas pelos jovens, pode não estar familizarizado com o termo ghost ou ghosting. Simplificando a explicação, trata-se de ignorar propositadamente alguém, até que esse alguém desista de tentar interpelar-nos.

Vamos a caminho de mais uma crise económica gravíssima, tudo indica. Para muitos, apenas mais uma, mas para uma franja da nossa sociedade em particular, este "mais uma" tem um outro peso. Não tendo qualquer pretensiosimo em querer escrever um texto em representação dos jovens, porque nem estou mandatado para isso (como se isso fosse possível), nem teria essa capacidade por múltiplos factores que só para os elencar seria necessário não um texto, mas vários. Escrevo então enquanto pertencente a esta faixa etária, a que airosamente a sociedade chama de jovens.

Para muitos outros como eu, confirmando-se esta pesadíssima crise, é a segunda que experienciamos em menos de 15 anos. Certo é que não é o mesmo que viver um período de guerra ou que viver em período ditatorial, mas também não me parece correto que se comparem situações. Esta é a nossa realidade, e a aspereza do que não vivemos não a amacia, por muito que o queiram.

Os jovens são atualmente "a geração mais bem informada e preparada de sempre", "o futuro do país" , a "esperança do mundo" e outros clichês românticos. Porém quando o cenário não está para romantismos, como por exemplo quando a abstenção sobe ou agora mais recentemente, quando os números de infetados pelo covid-19 sobem, a culpa recai nos suspeitos do costume, os jovens.

O clichê mais paradoxal, na minha opinião, é o de considerarem que os jovens são os mais bem preparados e informados de sempre. Porque quando um jovem chega a um lugar de responsabilidade, na política, na ciência, na gestão ou em qualquer outra área, todos apontam para a sua idade como factor predominante para avaliar e prever a sua alegada incapacidade. São bem preparados e muitíssimo bem informados, mas não se estiquem.

Quanto ao ónus de nos considerarem o futuro e a esperança da nação, é francamente a base de nos tornarmos a geração ghost. Quando chega o momento de demonstrarem o quão nos consideram realmente, dão-nos ghost. Somos muito importantes, mas oferecem-nos maioritariamente condições precárias de trabalho, ou estágios porque quando se trata de uma pessoa com menos de 30 anos não há qualquer pudor em lhe oferecer magnanimamente um pouco de "experiência". Uns mesinhos a trabalhar sem receber nunca fizeram mal a ninguém. Mais tarde chegam as surpreendentes estatísticas de que os jovens não saem de casa dos pais - imagine-se porque será.

Somos o futuro, mas não gostam de nos consultar. Um mero orgão consultivo como o Conselho Municipal de Juventude, ainda continua a ser recusado em muitos munícipios pelo país fora. Já lá vão 10 anos desde a sua obrigatoriedade.

Consideram-nos a esperança, mas continuamos com um sistema de ensino praticamente igual há décadas. Explicam-nos tudo, menos o funcionamento das instituições que nos vão marcar o resto da vida - bancos, finanças, segurança social, câmaras municipais etc.

Facilitam-nos o acesso ao ensino superior, com bolsas (poucas ainda) e reduções de propinas, mas não há uma comunicação eficaz com o mercado de trabalho para que se evitem licenciaturas em desemprego. Investimos tempo e dinheiro em sonhos que, quem tem responsabilidades executivas já sabe à partida, que não se vão cumprir. Pelo menos não em Portugal.

Saímos à rua para nos manifestarmos, pedimos para falar, para ser ouvidos. Sorriem, tiram fotos e elogiam. E a seguir? Ghost.

Podemos dar de barato que esta é a geração mais bem preparada e informada de sempre, no entanto, e seguindo esse raciocínio, esta também é a geração onde é mais notória a ausência de planeamento para a juventude por parte dos governantes e em que é mais ofensiva a condescêndencia com que a sociedade trata os jovens.

Ficaremos marcados por termos sido a geração na qual mais recairam os erros do passado, a geração mas encurralada em falta de soluções e onde as expetativas, nossas e dos outros, mais se tornaram em sonhos não concretizados.

Geração mais bem preparada, informada e ignorada. Assim é que ficaria completa a descrição.

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