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The Pólis

25 de Novembro e então

Deixo-vos alguns links interessantes sobre o «polémico» dia de hoje

O 25 de novembro dá sempre que falar, com a esquerda a querer impingir-nos a ideia de que quem assinala o dia é fascista. Como se estivessemos obrigados a escolher entre o 25 de abril e o 25 de novembro, reduzindo dois momentos importantíssimos da nossa história recente à palermice da bipolaridade com que tudo se vive hoje em dia. 

25-de-novembro-paraquedistas-ocupam-bases.jpg


Não não temos de escolher entre uma e outra. Não devemos, não faz sentido. Complementam-se, pelo menos na ótica de quem acredita na democracia. Felizmente houve 25 de abril que nos tirou das garras da ditadura, felizmente houve 25 de novembro que cortou com os planos de nos levar para o colo de outra ditadura. 

Apesar de muita comunicação social ter ignorado o dia, aconteceram algumas coisas interessante, que partilhos nos seguintes links: 

Esta reportagem do Expresso --> Clica aqui 

O Marcelo a finalmente tomar uma posição decente sobre o dia --> Clica aqui

Moedas a fazer o que muitos presidentes de câmara não têm coragem --> Aqui

Esta Exposição que vai estar em exibição até dia 15 de Dezembro -- > Aqui

Nuno Melo a dizer o que é óbvio --> Aqui 

E já que o blogue tem origem em  Setúbal, os putos que lembraram o dia por cá --> Aqui

"O que vai ser do CDS"

artigo de Lourenço Pereira Coutinho

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Fica a sugestão de artigo, pequeno mas assertivo, sobre o histórico CDS. Hoje, no Expresso:

 

Não é a primeira vez que o escrevo neste espaço: custa-me ver o CDS reduzido a um partido inexpressivo, que não consegue passar a mensagem e que só é noticia pelas desavenças internas. Quem observe à distância, como é o meu caso, apenas vislumbra algo em desagregação e que corre o risco de desaparecer.

Não é demais recordar que o CDS foi o único partido que, em 1976, votou contra a visão marxista da primeira versão da nossa constituição e que, depois, prestou um contributo decisivo para a afirmação de um regime verdadeiramente plural e civilista. A partir de 1979, e com exceção do tempo cavaquista, o CDS fez sempre parte das soluções governativas de direita, e os seus quadros, a maioria de reconhecido mérito, contribuíram de forma valiosa para a saúde da nossa democracia.

O CDS não merece pois o que está a acontecer. Esta é sem dúvida a sua crise mais preocupante, pior até que a vivida durante as maiorias cavaquistas. Então, contava com deputados da dimensão de Nogueira de Brito, Lobo Xavier e outros. Podia ser o partido do táxi, mas este transportava políticos de grande qualidade.

A crise vivida entre 1987-1992 foi porém de magnitude, pois as maiorias absolutas do PSD podiam ter aniquilado o CDS. Tal não aconteceu porque a dupla Manuel Monteiro/Paulo Portas (este então ainda fora da política partidária) vincou, a partir de 1992, um discurso diferenciador, com laivos de populismo, que atraiu os descontentes com o cavaquismo, na altura já muitos, e garantiu um bom resultado nas eleições de 1995.

A partir de então, o partido manteve políticos de valor mas, gradualmente, tornou-se dependente de um único homem: Paulo Portas. Este teve o mérito de reafirmar o CDS como partido imprescindível mas o demérito de secar tudo o que não girava à sua volta. A diversidade que caracterizava o CDS - democratas-cristãos; conservadores e liberais, esbateu-se assim no portismo. O atual drama dos centristas reside precisamente na sua incapacidade de superar a orfandade de Paulo Portas, agora no comentário televisivo e a fazer o tirocínio para uma provável candidatura à presidência da república.

Com as suas muitas qualidades e vários defeitos (bem contrabalançados entre 2011-15 pela firmeza ponderada de Passos Coelho) Paulo Portas é para mim o político de direita melhor preparado e mais fazedor desde Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Sabe definir uma estratégia diferenciadora e como lá chegar, é carismático, pragmático e um comunicador nato. Ora Francisco Rodrigues dos Santos é o contrário disto tudo. A falta de carisma e de flexibilidade tática impede-o de unir o partido e de seduzir um eleitorado agora com mais escolha.

Pior, a sua estratégia não passa para a opinião pública: com esta liderança, o partido é democrata-cristão, conservador ou popular? E quais as diferenças entre ser popular e populista? Que estratégia de alianças? Qual o posicionamento face ao PSD? - com Rui Rio estacionado ao centro, o CDS perdeu uma oportunidade de ouro para captar eleitorado de direita - E que propostas diferenciadoras, como convencer que o CDS continua a ser indispensável? Acredito que Francisco Rodrigues dos Santos tenha respostas para tudo isto, o problema é a sua incapacidade de as explicar e de as pôr em prática. Atualmente, o CDS conta muito pouco.

O desconforto de Nuno Melo a fazer campanha para as autárquicas junto a Francisco Rodrigues dos Santos foi notoriamente constrangedor e revelador. Simbolicamente, espelha a fratura irreconciliável entre a elite portista e a apregoada linha popular de Rodrigues dos Santos. Curiosamente, a bandeira popular foi precisamente a que Paulo Portas usou para se afirmar no CDS. Enquanto a elite portista inspira-se no politico grave do século XXI - ministro, vice primeiro ministro e mais que provável candidato à presidência da República - Rodrigues dos Santos parece estar a trilhar os mesmos caminhos do “Paulinho das feiras”. O que vai ser então do CDS? Um portismo sem Portas? Ou, então, um híbrido entre o PP do “Paulinho das feiras” e o populismo de Ventura? Por enquanto, o partido continua órfão, e claramente na sombra.

 

 

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