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The Pólis

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Bem vindos ao mundo encantado do LinkedIn
onde há freelancers, managers e accounts
heróis do recrutamento, recém diplomados e muitos gurus
O mundo do empreendedorismo é no LinkedIn
onde todos os estágios são magia
desemprego, desemprego ele é
aqui uma grande alegria!

Sim, era uma tentativa de adaptação da música da Leopoldina para a realidade da rede social dos self-made men, LinkedIn,
Todas as redes sociais criam bolhas, mas esta é a que mais me arrepia. Há todo um ambiente de positividade podre, como se entrássemos num bairro onde todos nos sorriem mas nós notamos que são sorrisos amarelos.

Existem "influencers", que todos os dia publicam dicas para melhorar alguma coisa, desde a minha aparência ao modo como vejo a vida. Outros, wannabe influencers, enchem-lhes as caixas de comentários a agradecer e também eles a partilharem mais dicas! Isto, quando não carregam no pedal do narcisismo e acham que é boa ideia debitar toda a sua história, porque de algum modo se relaciona com o post (bocejo).

Toda a gente usa blasers e camisas nas fotos onde aparecem. O uniforme universal do sucesso pessoal e profissional.

Mas as publicações mais incríveis são as que se referem ao recrutamento e à procura de emprego. "Tu é que deves escolher o teu chefe!", perdão, queria dizer "líder!". É extasiante ler os episódios detalhados da High Quality Recruitment Manager da empresa All4Us, Sandra Ribeiro (inventei os nomes, calma) a descrever aquele dia em que respondeu a uma candidata, dizendo-lhe que não foi a seleccionada mas que não deve desistir, porque os sonhos devem ser perseguidos sob o mantra de que a esperança é a última a morrer. Quase a roçar aquelas desculpas para quando se pretende terminar um namoro e se diz "Não és tu sou eu. Não desistas do amor só porque te meti um par de palitos".
E prossegue a Sandra dizendo que obteve uma resposta incrível da candidata rejeitada, que agradeceu efusivamente a magnanimidade de quem a rejeitou mas acenou antes de abalar, e que jurou que aquele email lhe deu ânimo para continuar a ser rejeitada, porque agora ela sabe que é esse o caminho para o sucesso. A Sandra acrescenta ainda que no dia anterior à publicação do post, a candidata rejeitada lhe enviou mais um email, desta feita a dizer que conseguiu um estágio não remunerado e que só o conseguiu graças à rejeição da Sandra...
Claro que a nossa High Quality Recruitment Manager só termina o seu post com dicas sobre como rejeitar candidatos. Nunca ignorar e deixar mensagens de motivação são a chave!

Depois o habitual enxorrilho de comentários de situações semelhantes ou de mais gente que foi rejeitada mas adorou a experiência.

No LinkedIn procurar emprego é uma arte, um dom, que só alguns humanos possuem. Os outros têm de ler o livro que a Sandra Ribeiro escreveu sobre o tema, para conseguirem entender. Não basta tirar mestrado ou doutoramento meus meninos. Não basta saber línguas. Não, não... Têm de saber destacar-se!

Segundo os peritos, já ninguém lê currículos. Aliás, já ninguém quer saber da vossa formação! O que interessa é saber destacar-se entre a multidão. O vosso "value" está na diferença.
Vejam a Joaninha, tirou um mestrado na Nova mas está ali a dar no duro para conseguir o seu primeiro estágio não remunerado: fez um vídeo numa cadeira, onde dança e aponta para várias direções e, na ponta do dedo aparecem as suas séries favoritas intercaladas com uma ou outra informação sobre o seu percurso académico.
Vejam o Pedrinho que fez um CV digital, com o template do Instagram, já tem mil "aplausos" no LinkedIn e imensos comentários de recrutadores a deixarem emails de empresas a que não pertencem!

Ah, e o Manelito, ainda tem tanto para aprender! A publicar uma foto com o seu diploma, descrevendo-a "mais uma etapa concluída, agora estou oficialmente à procura de emprego!". Não não estás, Manelito. Estás à procura de uma experiência enriquecedora, produtiva, que te acrescente valor. Emprego é mais para a frente... Quando tiveres a idade do Filipe, CEO da Panipunda, que todos os dias partilha as suas melhores frases para inspirar Manelitos.

O LinkedIn podia também ter uma mascote, como a Leopoldina. E devia ser o burro, do Shrek.

Antes do bullying virtual, o Diogo postou isto:

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O Diogo deve ser daqueles "self made man", que começaram o seu negócio de raiz, com um empréstimo a fundo perdido, da avó, de 50 mil euros. E acha que tem de dizer aos outros como é que devem viver.

Alguém partilhou este miserável post, o bullying virtual fez a sua magia et voilá:

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Temos um Diogo politicamente correcto, que provavelmente pensa o mesmo mas viu-se obrigado a escrever isto, porque o textozinho ridículo que escreveu antes teve mais engagement do que ele alguma vez pensou que teria.

Um final parcialmente feliz.

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