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The Pólis

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Uma pessoa decente pode achar que não se coaduna com a posição de deputado da nação, querer deliberada e ardilosamente falsear a publicação de notícias para finjir que a realidade bate certo com aquilo que diz.  
Uma pessoa decente pode achar que não se coaduna com a posição de deputado da nação, chamar conas aos adversários políticos.
Uma pessoa decente pode achar que não se coaduna com a posição de deputado da nação, tirar fotos em pose de oração nas igrejas para instrumentalizar a religião. 

Porém há que reconhecer algo: este partido e este chefe de partido, têm um objetivo e um público-alvo, e não se desviam um milímetro do traçaram. O objetivo é aparecer, aparecer aparecer. O público-alvo é quem, por desconhecimento ou desilusão rejeita por definição a política e os políticos. Como as pessoas que não entendendo um quadro, dizem imediatamente que é lixo. 

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Para este partido e este chefe de partido, não há linhas vermelhas. Tudo é válido desde que os objetivos sejam concretizados. Para o público-alvo, idem. Tudo é valido desde que continuem a obter a satisfação de ver André Ventura e a sua turma a dizer algo que perturbe, que gere reacções quentes, que tire do sério.

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Os primeiros nunca sentem necessidade de pedir desculpa por nada (excepto se isso der jeito para aparecer como aconteceu agora com o Papa), os segundos desculpam os primeiros de tudo. 
Aliás se este texto passar pelos olhos dos que se enquadram no público-alvo do CH, a primeira laracha que vão dar é: estes fazem isso tudo mas os outros são corruptos. Como se estivéssemos a falar de corrupção, como se por apontarmos esta falta de limites éticos e morais fosse o equivalente a desculparmos a desonestidade de quem corrompe e é corrompido. Como se estas demonstrações que o CH dá, de comportamente diário dos seus dirigentes, não fossem sinais de que, tendo poder, farão o mesmo ou pior que os socialistas fazem atrás da cortina. 

O público a quem Ventura coerentemente chega é o que confunde  ser violento com ser aguerrido, e que a frontalidade passa necessariamente por ser bronco e mal educado para os outros. 

Este partido e este chefe de partido, não têm forma de se lhe apelar à razoabilidade, pois eles não se regem pelos mesmos valores nem seguem as mesmas regras que os restantes agentes políticos ou cívicos. Não vale a pena criticá-los por fazerem X ou Y, nem tentar apontar incoerências no que dizem ontem e fazem hoje. Não se incomodam minimamente desde que tenham conseguido atenção. 

O que é que gerou isto? Um desinteresse da classe governativa em incentivar o exercício da cidadania, desde cedo, nas escolas. Agora é tarde, agora temos várias gerações que não percebem, não querem perceber e se ficam quanto muito pelos bitaites que vão ouvindo na TV. Quanto muito, porque a maioria não quer mesmo saber.

O que também gerou isto foi uma classe política que se tornou arrogante, sobretudo da área do centrão, e que esticaram ao máximo a tolerância de um povo desinformado ouvir e ler diariamente que alguém se está aproveitar do cargo que exerce. 

Portanto daqui vão acontecer duas coisas:

Como este partido não tem como ser chamado à razão, vai continuar a fazer o que melhor faz, que é dar show. Vai continuar manter a Direita partida e assegurar o PS. Com azar, até podem chegar a aumentar ainda mais o número de deputados e só pararão quando efetivamente se lhes pedirem decisões não saberão tomar. Só pararão de crescer quando tiverem um escrutínio sério ao seu exercício de cargos e se confirme que por lá também anda quem se aproveita. 

Ou 

Algures, na massa abstencionista deste país, haverá mais gente razoável, com sentido moral e ético, que fará o obséquio de começar a exercer o seu direito de votar, e pode ser que haja um reforço de uma Direita decente. Para isso também era preciso que os partidos fossem competentes a procurar captar a atenção de quem se abstém. Coisa que não têm sido. 








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As sondagens não são intenções de voto, são representações da opinião de pessoas que estão disponíveis para responder a sondagens e servem primordialmente para influenciar a população, secundariamente para simular projeções resultados futuros. As verdadeiras sondagens são as eleições. A última vez que as sondagens deram um empate entre PS e PSD, ficámos com uma maioria absoluta do PS. Fica para reflexão...


"O líder partidário que o propôs curiosamente não está no Parlamento. O primeiro a fazê-lo. Foi Nuno Melo, do CDS. O seu a seu dono."
. A frase é de Paulo Portas, no último domingo, quando analisava as medidas de combate à inflação anunciadas pelo Governo e mais concretamente quando se debruçou sobre a medida do IVA zero para alimentos essenciais.  
 
O que também é curioso é que na semana anterior, houve muito debate público sobre Oposição a propósito das críticas do Presidente da República ao Governo de António Costa. Num dos programas de rádio mais conhecidos do país, em que é pedido aos ouvintes que liguem para a rádio para deixarem a sua opinião, pediu-se-lhes que comentassem as intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa. 
 
Uns a concordarem mais, outros menos com as críticas diretas do Presidente, houve sempre uma linha argumentativa comum, de forma mais ou menos subentendida, que sobressaia: O Governo apesar de ter uma maoria, só se sente muito à vontade para pôr e dispor das nossas vidas porque a Oposição é fraca. O jornalista chegou mesmo a perguntar algumas vezes se se podia dizer que neste momento o Presidente da República era o principal Líder da Oposição.  
 
Reciclando novamente a expressão, é curioso que neste momento as duas principais funções de Oposição, escrutinar e propor, de forma assertiva e responsável, se sintam vindas de dois pólos, que os mais distraídos poderiam considerar pouco prováveis: O Presidente da República que se tem visto obrigado a confrontar um Governo relaxado, que empurra os problemas com a barriga. E o CDS-PP que, neste caso em concreto, há praticamente um ano que propõe a medida básica de alívio às contas das famílias portuguesas que o Governo tinha vindo a desdenhar e desconsiderar até agora.  
 
Dá realmente que pensar o estado em que está a Oposição, que se senta no Parlamento, em Portugal. À esquerda o Bloco e o PCP continuam a tentar encontrar forma de contrariar o desgaste que a Geringonça lhes provocou. O PS vendeu muito bem a ideia de que deu à luz uma inovadora união das esquerdas que o BE e o PCP assassinaram sem remorsos.  
 
Os comunistas, como já é habitual, fizeram mais uma leitura de contexto político com uma lente empoeirada e escolheram um líder que nem onde viveu as pessoas o conhecem - ainda bem.  
 
O Bloco também vai trocar de líder, não comete o mesmo erro que o PCP mas tem uma outra dificuldade que está a aumentar com o tempo. Pouco ou nada distingue as causas que defendem das da nova fornada de políticos oriunda da Juventude Socialista. A curto médio prazo isto terá os seus efeitos mais vincados.  
 
Já partido de Rui Tavares nunca teve como objetivo fazer Oposição mas sim de colocar o seu líder numa boa posição.  
 
À direita todos querem ser o PSD, inclusive o PSD. Montenegro, cujo principal ativo eram as suas performances no Parlamento, saltou para a liderança do partido num momento em que não lá está e isso reflete-se na dificuldade que o PSD tem alavancar-se de outra forma que não seja esperar por erros do Governo.  
 
O CH abre garrafas de champanhe cada vez que sai uma sondagem, ignorando o facto de que desde que entrou na Assembleia da República o Partido Socialsita só insuflou. André Ventura entre os seus delírios de messianismo, vai capitalizando o descontentamento dos que já só querem ver alguém a gritar e a ofender o primeiro-ministro. Só que a maioria dos portugueses sabem que com gritos e ofensas consegue-se pouco mais do que receber um troco igual. E toda a gente sabe que um partido de protesto é bom para entreter, mas quando chega a hora de falar a sério preferem-se “adultos” na sala. 
 

A IL quer ser gender fluid para agradar ao seu eleitorado cosmopolita, recusa enquadrar-se na esquerda, na direita ou no centro apesar de se querer sentar bem no meio do centrão. Enervam mais os bloquistas, por partilharem com eles uma agenda social comum e ainda recentemente deram provas nos Açores de que não estão assim tão preocupados com o socialismo, ao quererem romper com a primeira hipótese de um governo não socialista desde 1996 no arquipélago. 
 

Entretanto temos um país sabotado, com uma população em dificuldades para conseguir coisas tão básicas como por o pão na mesa ou aceder um médico, e que paga os seus impostos não para obter serviços públicos de qualidade mas para ser anestesiada por um Governo que só investe na dependência do Estado e nos seus círculos de amizades.   
Com o avançar do tempo é nítido que não revertemos este rumo com uma Oposição útil ao PS, como tem sido, mas sim com uma Oposição útil às nossas vidas como a que o CDS-PP demonstrou e o Presidente da República, infelizmente, se vê obrigado a exemplificar.

 

O primeiro-ministro finalmente já assume a possibilidade de baixar o IVA nos bens alimentares essenciais. Pena que estejamos na fase de "possibilidade", pois o tema já não é novo.

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Fernando Medina tinha recusado por completo esta medida em outubro do ano passado, 5 meses depois o primeiro-ministro veio dar a nota de que afinal o ministro das finanças estava errado. Afinal, tal como N instituições especializadas em nutrição, consumo, estudos sociais disseram que a medida era elementar para começar a implementar um alívio nos mais pobres, afinal o Governo lá pensou que secalhar tinham razão. 

Não deixa também de ser curioso que o primeiro partido político a propor a medida, tenha sido um partido que não está no Parlamento, o CDS-PP. Leva-nos a pensar se foi uma boa troca que fizeram no Parlamento se a Direita que lá está não faz Oposição nem tem a iniciativa de levar propostas para o combate à pobreza. 

Voltando à teimosia do Governo em não baixar o IVA até agora, há que ter a noção do quão ofensiva essa teimosia é tendo em conta o estado deste país. Falamos de um país que nos cobra cada vez mais taxas e impostos e em troca oferece-nos serviços cada vez mais degradados. 

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O mínimo que podiam fazer agora era ter a noção de que devem levantar um pouco a bota do nosso pescoço, e deixar-nos respirar um pouco. Um Governo sério não se ficaria pelo IVA, diminuiria também impostos sobre o rendimento, porque se já não é justo que um homem trabalhe o mês inteiro e no final tenha de dividir o que ganhou com o Estado, ainda menos o é no momento atual.Um Governo sério sabe que não pode controlar preços, mas pode retirar o seu peso de cima da economia, de cima das pesssoas, de cima das empresas. 

Infelizmente não temos tido um Governo sério, temos tido um Governo que pretende apenas governar a sua manutenção no poder. Um Governo cuja plano estratégico para o futuro do país é "o que vier a seguir que feche a porta". 

25 de Novembro e então

Deixo-vos alguns links interessantes sobre o «polémico» dia de hoje

O 25 de novembro dá sempre que falar, com a esquerda a querer impingir-nos a ideia de que quem assinala o dia é fascista. Como se estivessemos obrigados a escolher entre o 25 de abril e o 25 de novembro, reduzindo dois momentos importantíssimos da nossa história recente à palermice da bipolaridade com que tudo se vive hoje em dia. 

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Não não temos de escolher entre uma e outra. Não devemos, não faz sentido. Complementam-se, pelo menos na ótica de quem acredita na democracia. Felizmente houve 25 de abril que nos tirou das garras da ditadura, felizmente houve 25 de novembro que cortou com os planos de nos levar para o colo de outra ditadura. 

Apesar de muita comunicação social ter ignorado o dia, aconteceram algumas coisas interessante, que partilhos nos seguintes links: 

Esta reportagem do Expresso --> Clica aqui 

O Marcelo a finalmente tomar uma posição decente sobre o dia --> Clica aqui

Moedas a fazer o que muitos presidentes de câmara não têm coragem --> Aqui

Esta Exposição que vai estar em exibição até dia 15 de Dezembro -- > Aqui

Nuno Melo a dizer o que é óbvio --> Aqui 

E já que o blogue tem origem em  Setúbal, os putos que lembraram o dia por cá --> Aqui

Já não era sem tempo de Manuel Luis Goucha começar a responder à letra, às barbaridades que lhe atiram a propósito dos seus convidados ou das suas escolhas políticas.

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Infelizmente há muitos portugueses que não conseguem distinguir o padeiro do papo-seco. Achar-se que tem algum cabimento considerar o Goucha um nazi ou um fascista porque convida a pessoa X,Y ou Z, é de uma impressionante falta de bom senso.

Ninguém pensou que ele fosse comunista por convidar o João Ferrerira, nem certamente ninguém pensará que ele é sportinguista se convidar o Rúben Amorim. Estas tolices só acontecem quando o convidado é detestado pela trupe da Esquerda. 

 

Porém, temos pena. O Manuel Luis Goucha continuará a convidar quem bem lhe apetecer, já explicou por várias vezes que tenta levar gente que pense diferente dele porque considera que so percebendo o que os outros dizem é que se podem formar opiniões decentes. Por muito que custe aos wokes deste país, ele é um comunicador de coragem, firme das suas convicções e sem receio dos ridículos "cancelamentos".

Espero que continue a responder à letra aos frustrados de esquerda, até porque é divertido. E que permaneça sem qualquer problema em participar civicamente na política, como fez na candidatura de Suzana Garcia.

E se forem espertos, CDS, PSD ou IL, devem começar a tentar beneficiar destas posições do Goucha. Partilhando-as, comentando-as e através de convites para iniciativas feitas à medida dele. 

 

O que tanto já vinha ameaçando aconteceu: Vladimir Putin, líder incontestável (ditador) da Rússia, iniciou a ofensiva assumida à Ucrânia. 
Ofensiva assumida, sim. Pois já tinha a Ucrânia cercada há algum tempo

Os pretextos: primeiro Putin justificou este cerco, esta ameaça com a presença de milhares de militares na fronteira, com a possibilidade da Ucrânia vir a aderir à NATO. 

Agora as coisas mudaram: depois de várias reuniões com líderes mundiais, cada vez foi ficando mais claro que a Rússia já tinha tomado a sua decisao há algum tempo independentemente da NATO. Como anunciavam,  tanto o presidente dos EUA como o primeiro-ministro do Reino Unido há dias.

A nova opção estratégica da Rússia tomada na segunda-feira, que por acaso foi mencionada no domingo por Paulo Portas na TVI, foi de reconhecer a independência de duas regiões ditas separatistas da Ucrânia. Isto para poderem receber um pedido "oficial" de ajuda destas duas regiões à Rússia, legitimando uma entrada em território ucraniano. Uma Crimeia 2.0 . 

Mas porquê agora?

É claro que os motivos deste tipo de decisões são sempre difíceis de apurar, para o comum mortal que não tem acesso a informação confidencial ainda para mais de um país tão longínquo. 
No entanto podemos sempre tentar ligar alguns pontos. 

A Rússia já não é a potência dominantes de outrora, já não se compara ao estatuto que teve a antiga URSS. Ainda que Putin continue a querer assumir esse papel, não o tem. 

A nova "URSS" é declaradamente a China, que tem de forma subreptiliana, pondo em ação um plano de infiltração em quase todos os países do planeta, seja através de dinheiro, infraestruturas, presença militar ou espionagem. 

É a China que quer substituir os EUA e não a Rússia. Então porque é que a Rússia está tão confiante neste medir de forças com a NATO? 

Talvez isto tenha alguma responsabilidade: 

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No último encontro entre Vladimir Putin e Xi Jiping, que não decorreu assim há tanto tempo, os líderes pronunciaram-se pela cooperação entre ambos os países, dizendo que a sua cooperação e aliança não tem limites e que se apresentam contra a NATO e os Estados Unidos da América. 

Por outras palavras, Putin está com as costas quentes. Resta saber se o que faz na Ucrânia o faz apenas por esse motivo ou se as costas quentes são na verdade por ter um picador por trás, que pretende lançar o caos na Europa, avaliar o poderio militar dos outros e testar o seu. 

A China já é líder mundial tanto no número de efetivos no exército como na tecnologia, e especificamente na inteligência artificial. Porém nunca teve oportunidade de se testar. O acordo de cooperação com a Rússia poderá ajudar nesse sentido. 

Esta possível guerra Ucrânia vs Rússia tem tudo para ser bastante proveitosa para os chineses. Aguardemos para perceber o que farão os líderes europeus e americano, para preservar a continuidade da paz na Europa sem deixar que a invasão da Ucrânia passe em branco.  

A plataforma Esqrever, à semelhança do que elaborou em 2019 e que eu nao sabia que o tinha feito, publicou uma "análise" às propostas dos vários partidos, chamada "Legislativas 2022: O arco íris também vota".

Segundo o redator Diogo Pereira, o critério é simples "quanto mais e melhores medidas tiver o programa do partido, mais arco-íris ganha. Se tiver medidas discriminatórias e desinformação leva uma nuvem cinzenta. ".
Não sabemos que critério adopta o Diogo, para sentenciar uma medida como melhor nem como discriminatória, sabemos apenas que uns vão levar arco-íris e outros nuvens consoante o que ele achar.

Como devem estar a prever, quem ganhou mais arco-íris foram os partidos de esquerda. E digo que estão a prever porque infelizmente, relativamente a este tema, o senso-comum já está tão manipulado que se assume sempre à partida que à Esquerda estão as pessoas que respeitam a diferença e à Direita os que a discrimam e maltratam. Nada mais errado, mas é o que temos.

Assim sendo, o ranking ficou assim:

1º - BE
2º - PAN
3º - Livre
4º - PS
5º - CDU

a partir daqui já nenhum partido teve arco-íris. IL, PSD E CH não tiveram nada, o CDS teve uma nuvem negra sendo até acusado de "queerfobia".

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Não me irei alongar muito sobre esta avaliação, venho apenas escrever que infelizmente o que chamam de comunidade de pessoas LGBTQI+ , são pessoas que estão a ser instrumentalizadas através de uma política mais impulsionada por uns partidos do que outros, nos quais se destaca o BE, que as faz acreditar que as suas principais características, que as definem enquanto ser humano, são coisas como o género, a preferência sexual e noutros casos a etnia.

A Esqrever aqui, tal como em 2019, "pontua" positivamente esta atitude, para que se subentenda, propositadamente ou não, que as pessoas LGBTQI+, só têm propostas nestes partidos. Incentivando a que se desliguem de todo o seu papel na sociedade e que afunilem a sua atenção para propostas muitas delas meramente redundantes e sem significado prático.

Os restantes partidos, como não alinham na atribuição de um valor empolado ao genero e à preferência sexual de cada um, como tomam as pessoas por pessoas, levam uma recriminação. Porque propostas sobre finanças, economia, ambiente ou educação não são propostas para pessoas LGBTQI+ . Faz sentido, não faz?

 



Por último deixo uma citação do psicólogo Jordan Peterson acerca do tema, que me parece resumir bem o problema deste tipo de abordagem:

(...)Your identity is not the clothes you wear, or the fashionable sexual preference or behaviour you adopt and flaunt, or the causes driving your activism, or your moral outrage at ideas that differ from yours: properly understood, it’s a set of complex compromises between the individual and society as to how the former and the latter might mutually support one another in a sustainable, long-term manner. It’s nothing to alter lightly, as such compromise is very difficult to attain, constituting as it does the essence of civilization itself, which took eons to establish, and understanding, as we should, that the alternative to the adoption of socially-acceptable roles is conflict — plain, simple and continual, as well as simultaneously psychological and social.

The continually expanded plethora of “identities” recently constructed and provided with legal status thus consist of empty terms which (1) do not provide those who claim them with any real social role or direction; (2) confuse all who must deal with the narcissism of the claimant, as the only rule that can exist in the absence of painstakingly, voluntarily and mutually negotiated social role is “it’s morally wrong to say or do anything that hurts my feelings”; (...)



Tradução:

"(...)A sua identidade não são as roupas que veste, nem a preferência sexual ou comportamento elegante que adota e exibe, ou as causas que impulsionam o seu ativismo, ou a sua indignação moral com ideias que diferem das suas: devidamente compreendidas, é um conjunto de compromissos complexos entre o indivíduo e a sociedade sobre como o primeiro e o segundo podem apoiar-se mutuamente numa sustentável, maneira a longo prazo.
Não é nada que altere de ânimo leve, pois tal compromisso é muito difícil de alcançar, constituindo como faz a essência da própria civilização, que demorou a estabelecer, e compreender, como deveríamos, que a alternativa à adoção de papéis socialmente aceitáveis é o conflito simples, simples e contínuo, bem como simultaneamente psicológico e social.
A pletora continuamente alargada de "identidades" recentemente construídas e dotados de estatuto jurídico consiste, portanto, em termos vazios que (1) não conferem àqueles que as reclamam qualquer papel ou direção social real; (2) confundir todos os que têm de lidar com o narcisismo do requerente, pois a única regra que pode existir na ausência de um papel social meticuloso, voluntariamente e mutuamente negociado é moralmente errado dizer ou fazer qualquer coisa que magoe os meus sentimentos (...)"
 
 
 
 
 
 

Desde que os dois novos partidos, Iniciativa Liberal (IL) e CHEGA! (CH) apareceram, que se tentam encontrar tanto os motivos para terem aparecido como as suas principais fontes de importação de militantes e apoiantes.

Um dos principais apontados é sempre o CDS-PP, ainda que já esteja devidamente provado que, principalmente no caso do CH, vão beber a várias fontes. E ainda que também seja um exercício mais dado à imaginação, pois que eu saiba ainda não existem fichas de militância em que perguntam pelo ex-partido.
Essa ideia está ligada ao facto dos centristas não conseguirem performances animadoras nas sondagens. Vale o que vale, não é o assunto que me leva a escrever este texto.

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O que me traz aqui hoje é o sub-aproveitamento que o CDS fez da existência destes dois partidos, que se nota ainda mais agora em período de campanha.
Francisco Rodrigues dos Santos (FRS) podia ter aproveitado para trazer ao de cima alguma diferenças relevantes entre o que significa ser/estar no CDS e o que representa ser/estar na IL ou no CH. Ou por outra, até o tentou fazer, mas creio que da forma menos conseguida (sem ofensa para os novos outdoors).

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O ideal, como é óbvio, é que os partidos definam as suas mensagens com muita antecedência face às eleições, que aproveitem esse tempo para ir incutindo ideias e propostas e, no final, o culminar desse trabalho seja uma campanha focada na consolidação e reforço de mensagens chave. Nenhum partido faz isto, acham todos que é em 30 dias que vão reunir com meio mundo e convencer as pessoas que o seu projeto é o melhor.
É como recolher um frasco de areia da nossa praia favorita e ir à praia ao lado espalhá-la no chão e pedir as pessoas para que a pisem e percebam que a nossa praia é a melhor. Enfim, adiante.

O que ainda assim o CDS podia ter feito, porque era possível, era explicar aos poucos que atentam aos micro debates televisivos e aos não tão micro debates radiofónicos, porque é que, ao contrário do que os pensadores (comentadores) oficiais do reino vaticinam, o aparecimento de 2 partidos à direita, não é uma sentença de morte para o histórico PP.

O Centro Democrático Social - Partido Popular, é um partido que abrange, ideologicamente, o espectro que vai do centro à direita (Centro > Centro-Direita > Direita ). É uma organização política sobre a qual, após o 25 de abril, ficou com o ónus de representar toda a Direita, após a proibição de todos os partidos desse espectro. A sua existência, ao início, não foi pacífica e foi preciso bastante resiliência para chegar aos dias de hoje.

O que é certo, e o que se tornou numa imagem de marca do partido, foi a qualidade que acrescentava à intervenção política. Por trazer propostas e protagonistas que elevavam a fasquia. Isso é unânimemente reconhecido entre eleitores e entre políticos. Não significa concordar com as posições do partido, mas sim reconhecer-lhe uma prática de valor, naturalmente conduzida por intervenientes que demonstravam coerência, habilidade e respeito entre pares.

Ora isso não era obra do acaso, e eu direi que tem um ingrediente fundamental:

A cooperação, o equilíbrio e produtividade que advém quando juntamos à mesma mesa os três principais pilares ideológicos do partido - o liberalismo, o conservadorismo e a democracia-cristã.

Os 3, conjuntamente, é que tornaram o projeto "CDS" num projeto de centro à direita equilibrado. Nem demasiado avesso à mudança, nem apenas interessado em cifrões, nem com pretensão de se tornar num partido clerical. A coexistência destas 3 artérias, a bombear para o objetivo de melhorar consistentemente o país, permite que nenhuma se sobreponha.

E para que é que isto interessa?
Para refletir sobre se realmente o CDS-PP ficou ou não amputado com o aparecimento da Iniciativa Liberal e do CHEGA!.

Reparem que é perfeitamente legítimo que FRS queira construir uma ideia de que o CDS é um partido conservador apenas. Um caminho que eu não aconselharia, mas legítimo. Ele e a sua Direção, com os devido aconselhamentos (ou não), acharam que o CDS tinha de encontrar um novo espaço, um novo lugar, entre a IL e o CH.
Como uns dão a ideia de que são muito modernos e inovadores e os outros de ser a direita do bota-abaixo, do protesto, achou FRS que o novo papel dos centristas é o de se asssumirem como "Direita Certa", "Direita Tradicional" ou "Direita Clássica" como diz Telmo Correia.

Na minha humilde opinião, a narrativa que este partido devia ter adotado, até porque é aquela que me parece fazer mais sentido tendo em conta não só o percurso histórico em Portugal, mas também a família política europeia a que pertence, era a de chamarem a si valores que são naturalmente apreciados na nossa cultura: serenidade, sensatez, equilíbrio, humildade.
Ou seja, afirmar-se como o centro da Direita.

Porque é indiscutível que os portugueses, e podemos mesmo dizer o próprio ser humano, tem uma atração natural por pontos de equilíbrio. Gosta de estar associado a valores de referência. "No meio está a virtude", porque o meio assume-se como capaz de absorver o melhor do que o rodeia.

A forma correta de o CDS recuperar estatuto, é tornando-se no ponto de encontro dos valores que os simpatizantes e demais eleitores afectos à Direita, aspiram ver aplicados nas suas vidas. A voz da razão, do bom senso. O adulto na sala que ouve, pensa e depois fala.

Nesse sentido será útil a este partido afirmar que a IL e o CH não o prejudicaram, mas sim criaram mais uma peneira, mais um apuramento que ajudou novamente ao reequilibrio do CDS. Explicado de outra forma, a mensagem em extended version seria algo como:

Quem apenas via cifrões à frente, quem fazia tábua rasa dos valores e tradições que são abundantes numa nação com 900 anos de história. Quem tem uma forma de ver o mundo no qual o dinheiro tudo paga, tudo substitui, encontrou um lugar confortável na IL. A Direita que prescinde de qualquer moral e que não se incomoda com a destruição de valores humanos por um "preço justo", não é a Direita que o CDS quis alguma vez ser. E essa é uma forma de estar que devem justificar o porquê de não partilharem dela. 

Devem explicar que não vêem os vícios destruidores, os dramas e problemas das pessoas como oportunidades, e que por isso projectam um Estado que renuncia  a qualquer cêntimo proveniente da droga ou da prostituição. Que é preferível investir na prevenção destes problemas e na ajuda a quem quer recuperar as suas vidas. Um filho que mata os pais para os roubar, motivado pelo vício, não é um possível cliente de uma venda legalizada de droga. É alguém a quem a droga levou à rutura total com a sociedade em que vive.
Um ser humano que vive da exploração sexual de outros seres humanos não é um possível empresário.  E não, a  maioria das pessoas que se prostituem não o fazem por gosto.

Aqueles que procuram explorar as frustrações da população, canalizando-as para bodes expiatórios que não respondem. Aqueles que procuram ser ultramoralistas, que criam um ambiente de sharia (irónico não é?) tão grande que as propostas mais abjetas são ditas com naturalidade. Os que consideram que vale tudo na punição e que o braço armado do Estado não tem de prestar contas a ninguém, esses encontram um lugar confortável no CH.

A esses o CDS deve dizer que há uma diferença entre respeito e medo. Entre rigor e fiscalização em contraste com a generalização e a humilhação. Que a única coisa que liga estes dois novos partidos ao CDS é o desejo de contas certas no caso de um, e de justiça no caso do outro. Mas que ambas as bandeiras as foram buscar ao mais familiar partido do Centro Direita, e que fora dele fazem uma defesa hiperbolizada e disfuncional delas.

Um liberal sem a influência da democracia-cristã e do conservadorismo, torna-se a caricatura do capitalista sem coração. Um conservador com más companhias torna-se num populista sem soluções e apenas com críticas para apresentar.  Apenas juntos criam valor e isso só se encontra no CDS, se este se souber auto-aproveitar e relembrar que sempre foi no centro da Direita que se defendeu a liberdade, a responsabilidade, a diversidade e a humanização.

Devem demonstrar que, sem exageros nem fixações, continuam a ser os que contrapõem à burocracia, à política de remendos, ao ludibriar com a "gratuitidade", da Esquerda, um projeto de responsabilização, prevenção, transparência e eficácia. Que não se fazem omoletes sem ovos e que Roma não se faz num dia. Que na moderação e na capacidade de escutar e de apostar em nós é que se leva um país a bom porto.

PS: Hoje há CDS vs CHEGA! em debate, confesso-me curioso.

3 motivos pelos quais André Ventura é imbatível em debates

Começou no dia 2 mais uma ronda de debates alusivos a eleições, desta vez Legislativas.

220103_debate-1600x740.jpgDitou o sorteio dos debates que no primeiro dia da ronda de debates televisivos, tivéssemos os dois extremos do hemiciclo em debate. A seguir a um morninho, quase frio, debate entre o primeiro-ministro, António Costa, e o candidato do Livre, Rui Tavares - houve quem dissesse que se tratou de uma entrevista de emprego -, tivemos um encontro que prometia ser escaldante entre Catarina Martins, do Bloco de Esquerda e André Ventura do CHEGA! .

Poker Face - a líder bloquista tentou adoptar uma estratégia diametralmente oposta à da sua correligionária Marisa Matias, aquando dos debates para as Presidenciais, com o mesmo adversário. Ou seja, em vez de reagir às cargas de ombro e aos carrinhos de Ventura, digo, às interrupções e provocações, Catarina Martins tinha delineado fazer-se impávida e serena.

Nem tanto à Terra, nem tanto ao Mar - porém, a estratégia levada demasiado à letra e ainda teve alguns pormenores insólitos. É que se grande parte dos ataques desferidos por Ventura foram roboticamente ignorados pela líder do Bloco, outros a bloquista optou por responder... com recurso a citações do Papa Francisco. Sim, a coordenadora do Bloco de Esquerda escudou-se em frases e atitudes do líder da organização que os seus militantes mais detestam (a seguir ao CH), a Igreja.

Imagem final - naquele que era provavelmente o debate mais relevante para ambos os candidatos, primeiro porque as sondagens dizem que disputam o 3º lugar, segundo porque cada um deles representa a piñata preferida dos militantes do partido do adversário, a imagem que fica é de uma Catarina Martins "congelada" a receber acusações e perguntas que não abonam em seu favor ficarem sem resposta. Do outro lado, mais uma vez, Ventura cumpriu o ponto de satisfação dos seus militantes e apoiantes.


No dia seguinte, ditava o calendário que o líder do CH defrontasse o presidente do PSD, Rui Rio. Não me irei alongar nos comentários a este debate, senão nunca mais chegamos ao cerne da questão. O que importa reter de ambos os debates, é que em ambos poderíamos confortavelmente assumir que Ventura venceu. Notou-se que Rui Rio tinha dificuldade em lidar com o que estava à frente dele e passou parte do debate a discutir as propostas que Ventura lhe lançava. E alguém questionará: então ganha sempre?
Quase. Podemos dizer que em 99% dos debates, André Ventura entra sempre em xeque-mate. Porém isso não se deve apenas à sua capacidade de tagarelar à velocidade da luz.

 


Vamos então aos 3 motivos pelos quais é tão difícil passar a imagem de vitória num debate com o líder dos cheganos.


A parte que cabe aos partidos - Anos e anos de descredibilizacao política, e de descredibilizacao da política originaram uma população desinteressada na res-publica e profundamente abstencionista.
Os partidos não se preocuparam nunca em adaptar-se aos tempos, cultivam ainda hoje as mesmas táticas, as mesmas formas de passar mensagem, como se tivesse uma amplitude de votos garantida. Continuam hoje a dar-se ao luxo de não pedir desculpa por um erro, de recusar medidas de transparência ou de manter políticos associados a crimes, no ativo. Gerou-se um "são todos iguais, todos roubam", cada vez mais audível.

A parte que cabe aos Governos - Anos de instabilidade em matérias essenciais, como o delinear de um modelo educativo, que é traçado e retraçado conforme a orientação ideológica do Governo do momento, acabaram por negligenciar a formação de cidadãos com maturidade para abraçar os direitos e deveres de uma cidadania ativa e responsável.
Essa negligência nota-se desde o momento em que alguém não está familiarizado com o significado da sigla I.R.S. até aos que ignoram por completo o nome do primeiro-ministro do país em que vivem. Cidadãos alheados da realidade, criam políticos moralmente fracos, que se aproveitam destas fragilidades da sociedade para dizerem o que querem e tomarem as decisões que lhes apetecem por não temerem o escrutínio do povo.

A parte que cabe aos jornalistas - Uma comunicação social que entrou em loop, entre a falta de educação para os media, a consequente falta de dinheiro e a incapacidade de se renovar ao mesmo tempo que cumprem os seus deveres para com a população, de servir através da informação e do escrutínio do poder. Limitam-se hoje ao entretenimento, sendo que nao há uma única esfera da nossa vida que seja analisada para além das audiências.
Vemos isso, mais uma vez, no ridículo tempo que disponibilizam para os candidatos às eleições debaterem publicamente os seus projetos políticos. Cerca de 12 min para cada um, e nem mais um segundo. São apenas as eleições em que os portugueses decidirão o próximo Governo de Portugal, não é necessário despender demasiado tempo com isso...
deixo também o desafio para que fiquem atentos ao teor da maioria das perguntas dos moderadores dos debates: perguntam mais sobre as propostas ou sobre geometria parlamentar (com quem é que se junta para formar governo, o que faz se tiver menos deputados, etc). O que é saímos a saber dos programas de cada partido?

Estes ingredientes formam o bolo que torna um projeto e um político como André Ventura, blindados em quase todos os ângulos.
Reparem que neste momento, o político que alegadamente está em ascendência, que consegue que tudo o que diz ou faz seja mediatizado, que reúne milhares de euros em donativos, é exatamente o tipo de político que toda a gente acharia impossível de conseguir algo sequer parecido há poucos anos.
Impossível porque como se sabe, o CDS  já era intitulado extrema-direita, daí que qualquer partido ou político que alegasse ser mais à direita do que o CDS, incorria na pena de ostracização e no atestado de seita de "maluquinhos".

No entanto, num par de anos temos uma comunicação social a levar ao colo um político a que os próprios agentes dessa comunicação social não se inibem de intitular de populista de direita ou extrema direita. Como é que chegámos aí? Porque é os jornalistas não gostando dele, não conseguem viver sem ele? Audiências. Um "maluquinho" (salvo seja porque se há coisa que Ventura não é, é maluquinho apesar de não se poder dizer o mesmo de muitos dos que o rodeiam), dá muito mais audiências que um político cinzentão, a debitar o mesmo politiquês que já se debitava há 30 anos. Ainda para mais em 15 min.

O André vence qualquer debate, porque não é escrutinado nem pelos jornalistas nem pela população, porque se atreve a ir mais longe na demagogia que os políticos do costume e utiliza as mesmas frases de senso comum de um povo que foi mal-educado e que está tão saturado de políticos que só os quer ver em pânico a tentar reagir às bocas e às acusações de Ventura. Tenham elas fundamento ou não.
É nesse colete à prova de balas, que ele consegue simultaneamente dizer que o PSD é igual ao PS mas que ele quer governar em conjunto com eles, que já propôs o internamento compulsivo de pessoas com covid mas agora diz que todas as medidas representam um apartheid sanitário, ou que os deputados do CH nos Açores, que lhe desobedeceram e não acataram a ordem de romper o acordo com os restantes partidos, na verdade não lhe desobedeceram mas deram sim um "Murro na mesa" para conseguirem a implementação das suas propostas.


Nunca se consegue confrontar o líder do CH com uma incoerência porque ele responde que é uma evolução de pensamento e os seus apoiantes engolem. Não o podem relembrar do seu passado no PSD, porque ele responde que não tinha responsabilidades governativas, ainda que ele faça as mesmas acusações aos adversários quando estes muitas vezes também não as tinham. Não se consegue completar uma frase que ele note que não lhe vá ser proveitosa sem que interrompa rapidamente com perguntas retóricas.

O André não vence todos os debates porque eu já o vi perder um, mas não é fácil conseguir ultrapassar estes obstáculos que o tornam tão escorregadio. O único político que até hoje conseguiu a proeza, foi outro que talvez seja tão escorregadio quanto o presidente do CHEGA! : falo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. São várias as pessoas que se cruzaram com o Marcelo, ao longo dos anos, que mais tarde o relembram com uma figura reptiliana, de grande perspicácia e capacidade de desferir golpes implacáveis nas costas.
Pouco interessam esses atributos para um debate, mas deve ser o único político na atualidade que consegue, tanto numa entrevista como num debate, manter um raciocínio assertivo e coerente apesar de estar a ser interrompido, como se nada fosse. Aliás, quem o tenta interromper normalmente acaba por desistir. Esse foi o grande trunfo no debate com Ventura, é que este não o conseguia parar.


Por falar em debates, hoje há três e eu fico-me por aqui. Para quem não tenha tempo de ver os debates no momento em que dão e não esteja para saltar de canal em canal e andar para trás, a RTP Play disponibiliza todos os debates, de todos os canais, no site.

PS: Feliz Ano Novo!




Os socialistas são do pior, têm destruído o país e permitido um lastro de corrupção. Por estes e outros motivos, é necessário afastar o PS do poder o mais rapidamente possível.
O PSD é o PS-2, por isso não merece a confiança dos portugueses. Dito isto, estou disponível para integrar um Governo do PSD, se tiver 4 ministérios. Porque o PSD é o PS-2, e o PS é terrível.

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Não, não estou maluco. Estou a resumir a lógica com que André Ventura nos brindou na última semana e meia. É líder partidário mais fléxivel alguma vez ja visto. Ou mais troca-tintas. Diria até que deve ser o líder que mais toma por parvos os seus eleitores.
O presidente do Chega! diz tudo e o seu contrário, várias vezes, sem que ninguém o confronte com isso. Aí, a culpa é de uma comunicação social que, como já natural, se demonstra amadora quando tem de escrutinar políticos. Findo o Congresso do partido de Ventura, e correram imediatamente a morder todos os iscos que ele lançou: por exemplo, falar em "Deus, Pátria, Família e Trabalho" para a seguir dizer que representa Sá Carneiro ou lançar para o ar a ideia de que há um deputado do CDS que poderia vir a migrar para o CH. Os jornalistas lambuzaram-se com estas declarações e esqueceram-se e fazer o seu trabalho.

Só é lamentável que, por inércia do PSD, CDS e IL, a caricatura da direita esteja a tomar forma de real representação. Será prejudicial que futuramente, nem à direita nem à esquerda, exista seriedade e atitude reformista.

Na outra ponta do espectro, o irmão gémeo do CH, tambem teve mais um clássico momento em que revelou aquilo que é. Um projecto que assenta na infantilização do eleitorado, com vista à polarização. Por outras palavras,  "o que defendemos tem objetivo de melhorar a tua vida, o que os outros defendem tem o objetivo de prejudicar a tua vida".

Os "Jovens do Bloco" brindaram-nos com uns belíssimos panfletos, de layout igual aos da Iniciativa Liberal, ao quais tiro o chapéu pelo esforço, mas que unicamente tinham como mensagem dizer que a IL vinha aí para nos fazer mal.
Não se pode esperar muito de um partido trotskista, que vê nos projetos alternativos um alvo a abater (literalmente), no entanto confesso que ainda me surpreenderam, talvez porque já não faziam uma destas desde o tempo da troika, em que queriam que acreditássemos que o Passos Coelho se levantava de manhã e bebia um cocktail com o sangue das nossas carteiras.

"Slogans coloridos, promessas de amor ao "mérito" e ódio à esquerda. Os liberais vestem-se de novo com ideias velhas. O seu programa encontra-se na IL, CH e direita tradicional. Não querem saber do teu emprego, da tua vida, do mundo em que vivemos.Os liberais declararam-te guerra." - a descrição que juntam à divulgação nas redes sociais, dos seus magníficos panfletos.

 

O cúmulo dos cúmulos, é mesmo dizerem que os liberais são "os melhores amigos dos ditadores". Tal como no Chega, o Bloco também quer passar atestados de estupidez aos portugueses. Felizmente está bem documentado o apoio dos militantes do Bloco de Esquerda a ditadores e a ditaduras, ou não fosse este um partido comunista.
Produzir panfletos para pura difamação e tentativa de degradação de imagem de outros partidos é um degrau importantíssimo rumo à lama política. São estes senhores que depois fingem ser contra a polarização da política, atribuindo-a à postura dos partidos da direita.


Foram estes os flagrantes momentos de política rasteira que pudemos observar só nesta última semana e meia, por parte dos nosso dois partidos mais rasteiros (desculpem a repetição) em atividade.

Quem não se revê nesta forma de exercer a política, no reduzir daquela que devia ser uma atividade nobre,à ofensa gratuita e à mentira, tem um papel a desempenhar. Esse papel passa por não ceder, por muito tentador e fácil que seja agir desta forma, a este nível baixo de política. Passa por exigir dos partidos a maturidade e a postura institucionalista que devem ter. Que apresentem propostas e que andem na rua sim, mas para nos ouvir. Exigir que não deixem o país enredar-se num lamaçal improdutivo. Que se foquem em não atrapalhar a vida a quem quer produzir e procurar a sua felicidade em Portugal.



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