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The Pólis

Sim, fui caramelo e fui a correr ver um filme no seu dia de estreia.

Sou grande fã da saga James Bond e acho que os filmes melhoraram consideravelmente na era Daniel Craig (2006-2021). Um pouco mais realistas, mas mantendo os pormenores que definem um clássico James Bond.

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O filme "No time to Die", é o ponto final nesta era, e avancei para ele com uma expetativa enorme. Culpa do Sam Mendes que nos trouxe um trabalho extraordinário com Skyfall (2012) e Spectre (2015), envolvido num elenco de luxo onde figuraram Javier Bardem e Christpoh Waltz. Acontece que o nosso amigo Sam não quis realizar mais nenhum 007. Daniel Boyle, premiado com Óscar pelo Slumdog Millionaire (2008), seria o homem que se seguia nas rédeas de Bond, James Bond. Na minha opinião, ficava em boas mãos. Não ficou, porque, Boyle acabou por abandonar o projecto alegando "divergência criativa" - coisas de artista.

Ficámos então com Cary Joji Fukunaga. Conhecem? Eu também não. É o primeiro americano a dirigir um filme da saga James Bond. Não quero fazer do senhor, bode expiatório mas tenho que assumir que saí da sala 8 com alguma frustração. Talvez tenha colocado as expectativas muito elevadas, talvez a culpa seja do Sam Mendes por ter conseguido que os dois filmes anteriores fossem muito bons. Talvez esta história de também o James Bond ter de cumprir os requisitos exigidos pelo movimento MeToo tenha deturpado a magia.
A linha guião do filme parece apressada e confusa como se estivessem com pressa para ir de fim de semana. Temos um novo vilão (pessoalmente não aprecio o ator que o interpreta) que é simultaneamente sicário, cérebro e multimilionário, que aparece e dá a entender que existe, além da Spectre - que já era uma organização super, hiper, mega-poderosa - uma outra, que ele lidera e que faz frente à Spectre e ao mundo.

Temos outro 007 que é uma mulher, pela força dos tempos e um "Q" que é gay provavelmente pelos mesmos motivos. Obviamente que nada contra, mas quase pareceu um remake feito pela Netflix.
Não consegui notar com tanta veemência os traços de "novos tempos" que a Melanie McDonagh apresenta na sua crítica no Spectator, mas não posso negar que marquei presença na sala de cinema algo influenciado por ela. 
Acho que a música, apesar de agradável, muito morta e com uma intérprete que pouco ou nada se associa a um filme fetiche de gentlemans, armas e galanteio.

E o final... não vou spoilar, mas declaradamente não gostei e não concordei. Finalizando, só posso acrescentar que o Daniel Craig vai deixar saudades enquanto Bond...James Bond

 




O Streaming já enjoa

Volta Pirataria

Ainda me lembro de entrar num videoclube, ao fim-de-semana, com o meu pai, escolher um ou dois DVD´s para assistir em casa. Se entrei num no tempo do VHS, não me recordo.
Mas gostava de ir, eram estabelecimentos cheios de cor graças às milhentas capas de filmes que os decoravam. Para uma criança era excelente.

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Depois alguém aprendeu a "sacar os filmes" pela internet, lá em casa, e a visita ao videoclube acabou. A pirataria acabou por matar os videoclubes e, muito provavelmente, hoje em dia já ninguém compra um DVD, blu-ray ou VHS a não ser por revivalismo.

Durante muitos anos convivi e usufrui desse modus operandi ilegal: a pirataria. Só mais tarde me vim a inteirar dos problemas em grande escala que isso representava para cinematografia. Eram bastante lógicos mas acho que a maioria das pessoas não pensa duas vezes quando lhe dão a oportunidade de usufruir de alguma coisa sem pagar.

Surgiram então campanhas de sensibilização contra a pirataria, através da explicação dos seus efeitos mas também das consequências penais que podiam gerar para quem fosse cúmplice e não apenas para quem disponibilizava os filmes.

Passaram-se alguns anos e chegou a Portugal a pirataria de filmes 2.0: sem recurso a dvd´s virgens ou pendrives USB. A pirataria em Streaming!
Quem não se recorda do Wareztuga? Do Popcorn, TugaFlix e Mr.Piracy?

Julgo que o primeiro a que acedi e do qual usufrui durante muito tempo foi o Wareztuga. Aspeto profissional, com milhares de filmes disponibilizados e prontos a ver na hora, legendados e a partir de vários servidores para o caso de algum não funcionar adequadamente.

Tornámo-nos exigentes com a diversidade e penso que não é incorreto falar no plural se disser que no ato da escolha do filme a ver, começámos a pular de plataforma pirata em plataforma pirata à procura dos filmes mais recentes ou mais raros.

Como seria de esperar, quem geria estes sites começou a querer mais do que a apenas disponibilizar cultura gratuitamente. Passou a ser necessário fazer um registo nos sites para se poder aceder aos filmes. Daí, saltamos para os anúncios e terminamos numa diabetes de anúncios interminável que nos fazia fechar 20 janelas de publicidade até conseguirmos finalmente carregar no "play" e disfrutar do filme eleito para o serão.

Algumas das plataformas foram mais longe e começaram a pedir um pagamento anual ou mensal, à semelhança do que acontece hoje com uma Netflix, só quem em modo ilegal. Não sei se tiveram sucesso ou não, pois assim que isso acontecia eu abandonava o site para nunca mais voltar.

Quando se anunciou que a Netflix estava brevemente a chegar a Portugal, coincidentemente começaram a desaparecer alguns sites piratas. Desconfiei na altura de que pudesse estar relacionado. Não acredito que a Netflix não saiba que também tem a concorrência do "mercado negro" e não me admirava que fizessem uma limpeza de terreno antes de aterrarem em novos mercados. Talvez uma oferta choruda de dinheiro aos gestores dos sites, talvez uma ajuda às autoridades a identificar os autores. Se alguém souber informe-me. Tenho curiosidade em saber se esteve relacionado ou não.

Com o Wareztuga afastado e mais uns quantos sites piratas suspensos, a Netflix pousa em Portugal com toda a confiança e segurança. 30 dias grátis para novas contas. Não resisti, até porque tinha ficado sem alternativas, e criei conta. Foi uma desilusão. Muito pouco conteúdo e o pouco que tinha ou era da autoria da própria Netflix, que aos meus olhos ainda não tinha credibilidade suficiente para me merecer tempo, ou eram alguns filmes que qualquer pessoa já viu pelo menos uma vez na SIC ou na TVI. A única vantagem que na altuar identifiquei foi a de, aquando da visualização de uma série, não ter de avançar de episódio manualmente. O site avançava sozinho enquanto houvesse episódios para ver. Estava eu muito longe de saber que a prática tinha uma nomenclatura: Binge Watching.


Durante algum tempo também nos era permitido "enganar" o site. Fazendo uso das maravilhas do MB Way, assim que terminavam os 30 dias de experiência, criava-se outra conta, outro cartão de data limitada a trinta dias et voilá, mais 1 mês "à pala". Provavelmente ninguém estava a enganar ninguém, e a plataforma de streaming americana estava a apenas a engordar a sua lista de contactos e dados, mas como bom português gostamos sempre da sensação que somos muito espertos. Se nos ficássemos pelos sites de filmes era bom, o problema é que aplicamos a chico-espertice como fórmula de sucesso para a vida. Enfim, outra conversa.

Depois da Netflix desbravar o mato em Portugal, as suas concorrentes quiseram também entrar neste rectângulo à beira-mar plantado. Amazon Prime, Disney, Apple TV arrancaram há relativamente pouco tempo. Até a SIC já tem uma plataforma de Streaming!

O que pareceu muito divertido e modernaço ao ínicio, acabou por se tornar um pesadelo. Imaginemos que quero ver "The Crown", tenho de criar uma conta e pagar na Netflix. Porém, se quiser ver "A Guerra dos Tronos" por exemplo, terei de criar uma outra conta na HBO e pagar. Terei de fazer o mesmo processo se quiser ver um filme ou série produzidos pela Disney. Criar conta e pagar à Disney. Para rever o programa do Ricardo Araújo Pereira, "Isto é Gozar com Quem Trabalha", toca de comprar um passe para a "Opto", a plataforma streaming da SIC.

É como se entrasse num videoclube que está organizado por produtoras, e em que tenho de pagar cada vez que quero mudar de corredor. Simplesmente não compensa e é cansativo.
Se criar conta em todos os sites de streaming disponíveis, de forma a conseguir aceder a todos os filmes e séries disponíveis, acabo com uma conta mensal parecida à da eletricidade ou de telecomunicações. Para não falar do processo de mudar de site...

Numa alltura em que, mais que nunca, o nosso tempo e os nossos dados valem dinheiro, quando se diz que é o cliente que decide o que quer ver, os sites de visualização de filmes online estão a entupir o mercado e criar uma inflamação na minha paciência, e acredito que na de muitas outras pessoas.

A ideia de pagar menos e ver mais subverteu-se. Fomos lentamente empurrados de volta para os videoclubes mas em formato digital. Mas para mim já chega. O que é demais enjoa e tanto streaming deixa-me com naúseas. Não quero pensar a quem pertence o filme Xpto e ter de pesquisar em qual das minhas contas é que o filme está disponível ou se tenho de subscrever e pagar uma nova. Quero ver, quero entreter-me, quero ususfruir dos filmes!

O excesso de streaming empurrou-me de volta para os braços da pirataria. Olá de novo, meu caro Mr. Piracy. Desculpa ter-te deixado.

After Life

A review de um banal espectador

Fui ver a série After Life, caíndo num clássico : ir ver porque tem a pessoa X ou porque foi a pessoa X que produziu, como se isso fosse uma garantia de qualidade. Não é. Todos fazemos coisas boas e coisas más, todos temos mais apetência para A do que para B.

Fui ver porque acho piada ao Ricky Gervais. Não posso dizer que foi desapontante, porque não chega a tanto. Foi inócua.

Ao fim de uns pouco episódios da primeira temporada, já se conseguem prever as deixas dos personagens, principalmente as da personagem principal, Tony (Ricky Gervais). Algumas continuam sempre a ter piada, outras nem tanto.
Os erros na história, ou pelo menos as incoerências são demasiadas para passarem despercebidas e não me permitem retirar qualquer tipo de ilação mais profunda com a série, apesar da tentativa de se criarem momentos de reflexão melancólica com a música de fundo.

Um homem, nos seus 50, a quem lhe morreu a mulher, LISA, de cancro. Jornalista numa localidade pequena, está em aparente depressão e vive constantemente com o pensamento na sua falecida esposa.

Acorda e adormece a ver vídeos no computador, dele e da mulher - o espólio é exageradamente grande e perdura por duas temporadas inteiras - e durante o dia, entre arrastar-se para o trabalho e voltar, diz a alguém que tem muita vontade de morrer, que a vida sem a esposa não faz sentido. Há sempre um momento reservado para isso.

Torna-se cansativo e irrealista: alguém tão deprimido estaria disponível para ir trabalhar todos os dias? Diria constantemente a pessoas diferentes que se sente miserável e que se quer matar?
Tony torna-se tão saturante com a mesma linha de diálogo que acabamos por nos questionar e não se trata apenas de um egocêntrico a quem lhe morreu a mulher, dado que em todas as suas conversas, por muito que outras personagens lhe falem dos seus próprios dramas, ele canaliza-as para falar dele próprio e do luto que atravessa.

À parte disso, pormenores como a casa em que Tony vive (uma vivenda bastante composta) ou a  forma como gere o seu horário de trabalho (chega ao escritório fala com as pessoas e volta para casa), deixam-nos a pensar se condizem com que se esperaria de um jornalista de um periódico local à beira da falência.

Em suma, as inconsistências e a repetição do fio condutor da história tornam-se distracções que até metade da série são compensadas pelas falas engraçadas e pelo "super-poder" de Tony em dizer tudo o que lhe apetece. A partir daí, é apenas mais do mesmo e só se surpeendem os distraídos. É uma série que não deixa saudades.

 

 






 

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