Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

The Pólis

Doença de Sócrates

Afeta milhares de portugueses

Após a polémica com o parecer que parecia mesmo que existia mas que pereceu para renascer como uma “questão puramente semântica”, o Governo lá forneceu documentação à comissão de inquérito parlamentar sobre o despedimento da CEO da TAP e afins. Não obstante, como numa boa tragicomédia, o próprio meio de fornecimento da documentação tornou-se notícia. Segundo consta, parte da documentação foi disponibilizada num CD, suporte que foi muito popular a partir dos anos 80 até meados de 2005.  

 

5d43700664c6ba6db6781bdb0104124f.jpg



Há quem ache tremendamente caricato mas muito representativo do estado do Estado, que no país da Web Summit, com um Governo que tem um Ministério da Transição Digital, que se tenham entregue documentos num CD. Há quem ache que tenha sido o Governo mais uma vez a gozar o prato do “quero, posso e mando” e quis brincar com a cara de quem pediu a documentação, o que não me parece de todo descabido.  
 
Ainda assim há alguns sinais que têm sido dados, que podem sugerir algo mais alarmante, talvez mesmo do foro da saúde. O Partido Socialista celebrou a 19 de abril, 50 anos. Num dos comícios de comemoração do aniversário do partido, o Secretário-Geral, António Costa, falou acerca de memória e mais concretamente da memória da primeira maioria absoluta do PS, dizendo que “foi mesmo com Ferro Rodrigues que o PS teve a primeira maioria absoluta da sua história, nas europeias de 2004”.  
 
Infelizmente, podemos estar perante um caso de alguém que padece de um estado avançado de Doença de Sócrates. Como sabem é uma doença que afeta a memória de muitos cidadãos em Portugal, e cujos principais sintomas passam por não se lembrarem de nada do que aconteceu em Portugal no período entre 2005 e 2011, assim como não se recordarem do político-cujo-nome-não-se-deve-utilizar-em-discussão-política para-não-sermos-populistas, mas que dá o nome a esta doença, que Governou o país durante esse período, assim como o partido a que pertencia.  
 
 
O facto de três jovens terem ido mostrar o rabo como forma de protesto, seguindo o modelo de uns manifestantes dos anos 90, durante o comício também pode ter contribuído para a desorientação de António Costa, que também se esqueceu que é um bocadinho difícil para qualquer força política portuguesa, até mesmo para o PS, conseguir uma maioria absoluta no Parlamento Europeu sendo que elegemos pouco mais de duas dezenas de deputados, num plenário com mais de setecentos.  
 
Ora sendo o Secretário-Geral do PS simultaneamente nosso primeiro-ministro, é bem possível que esta doença, altamente contagiosa, possa ter chegado a vários membros do Governo. Sendo que têm um hiato na memória a partir de 2005, é natural que considerem que entregar documentação num CD está na linha da vanguarda tecnológica.  

O pior é que é uma doença que não olha a idades e é triste verificar os seus efeitos também nos mais jovens. Por exemplo, o deputado e líder da Juventude Socialista, Miguel Costa Matos, ainda a semana passada no Parlamento, respondia à bancada do PSD com grande orgulho, dizendo que nos seus 28 anos de vida nunca viu outro Governo a gerar crescimento em Portugal que não o do PS, ao contrário dos Governos PSD/CDS que falharam sempre esse objetivo. Receio mesmo que ele também tenha contraído a mesma maleita do Primeiro-Ministro. Só isso explica a audácia de, estando num partido que levou Portugal à falência há pouco mais de dez anos (e pela 3ª vez), queira acusar outros de “falharem” enquanto Governo.  
 
Espero que um dia consigamos erradicar esta doença que acaba por nos tocar a todos, especialmente aos que não sofrem da mesma, e que temos de ver e ouvir governantes e deputados a distorcerem a realidade com todo o desplante, e a continuarem premiados com reeleições

1024.jpg

 

Numa fase tremida do Governo, com muitos casos e demissões, em que a Oposição tenta agitar a bandeira do "normal funcionamento das instituições" ao Presidente da República, António Costa faz uma escolha demasiado estranha. 

Selecionar um dos mais indignos titulares de pasta governamental para uma promoção a ministro, é caricato e só pode ser interpretado como uma forma de demonstrar desprezo pelo que a Oposição acha ou deixa de achar mas também pelo objetivo pelo qual diziam precisar de uma maioria absoluta: estabilidade política. 

Já por algumas vezes abordei aqui este personagem político do Partido Socialista, e por isos volto a deixar aqui os links para que recordem comigo o porquê de já ter gerado indignação a nomeação de Galamba para Secretário de Estado quanto mais para ministro: 

Galambing, a arte da Soberba

O que tem João Galamba para ser tão protegido?



PS: Feliz Ano Novo!

Pois é, nova eleições, nova maioria socialista. Nos próximos quatro anos teremos António Costa e a sua "família" a porem e disporem da vida dos portugueses.

Se ele quiser pode, por exemplo, reconduzir o excelente ministro Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna, que ninguém pode fazer nada. Podem reclamar, chorar, se o PS quiser o PS faz. Também é isso que significa maioria absoluta.

A questão que fica é: Ficámos surpreendidos com esta vitória do PS e esvaziamento dos partidos da esquerda? Li muita a gente a escrever que sim. Certamente não frequentam este blogue, porque quem o frequenta não ficou.

Tal como prevemos em outubro, a estratégia de António Costa, depois da esquerda lhe querer tirar o tapete, foi esvazia-la agitando o fantasma da Direita com o CH. Como se costuma dizer, se queres vender extintores tens de mostrar fogo. Foi o que o Partido Socialista fez, criando a sensação de que era necessário reforçar o voto em António Costa, a única esquerda estável e fiável. Era lógico que PC e Bloco iriam ser penalizados por romper a Geringonça.

Mas quem leu este texto, já ia avisado ( Agora não vale a pena fugirem )

external-content.duckduckgo.com.jpg

A palavra "eurodeputado" sempre me trouxe uma carga diferente, como se fosse um super deputado.
Ainda que os nossos eurodeputados de "super", à primeira vista possam ter apenas o vencimento, se comparados com grande parte dos portugueses. Ou talvez o super até se adequasse quando relativo ao desconhecimento que a maioria de nós tem sobre o que fazem em Bruxelas - atenção aos mais precipitados, pois dizer que há desconhecimento sobre o que fazem é (muito) diferente de dizer que não fazem nada.

Design sem nome.png

No último par de semanas, anunciaram intenção de candidatura às presidências do CDS e PSD, respetivamente e por ordem cronológica, Nuno Melo e Paulo Rangel. Os veteranos eurodeputados, querem voltar de vez e apontam para a liderança das suas casas.

Nuno Melo já putativo candidato à vários anos, assume finalmente o "desígnio" que muitos antecipavam. Paulo Rangel, que já tinha tentado vencer a presidência do PSD, retorna dez anos depois, com mais capital político e muito mais tempo de presença na comunicação social.

São ambos personagens políticas mais próximas dos duas últimas figuras que colocaram PSD e CDS na governação do país,Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Ainda que essa aproximação seja muito mais nítida em Nuno Melo que em Paulo Rangel, se tivermos em conta que este último perdeu a sua primeira incursão à liderança do partido precisamente para Pedro Passos Coelho. No entanto, tal como Melo reúne apoios de "portistas" , Rangel agrega os "passistas".

Se isto só por si conta como vantagem ou desvantagem para estes candidatos, é difícil de saber, mas que pode conquistar muitos saudosos da PáF, pode.
No CDS, caso a vitória sorria a Nuno Melo, nunca chegaremos a saber que valor tem Francisco Rodrigues dos Santos em Legislativas, e se seria capaz de obter um resultado melhor que Assunção Cristas (mesmo que em coligação, como parece ser a intenção) sendo que essa é uma das principais críticas dos seus apoiantes à antecessora de "Chicão". 
No PSD, em caso de vitória do challenger Paulo Rangel, este terá daí a pouco tempo, o momento para demonstrar se valeu ou não a pena a aposta dos seus correligonários na mudança de presidência, tendo que fazer melhor que Rui Rio nas eleições que acontecem dentro de pouco mais de um ano.

Caso tudo fique na mesma, e a dupla Francisco Rodrigues dos Santos/Rui Rio sobreviva às eleições internas dos dois históricos partidos, ficarão ambos com mais uma "medalha" de combate interno (a contagem ficará em duas e meia para "Chicão, três para Rio), com mais dois potenciais predadores das suas presidências postos de lado, pelo menos temporariamente. Teremos, nesse caso, em 2023, a estreia de Rodrigues dos Santos em legislativas enquanto presidente do partido e aquela que será certamente a última eleição de Rui Rio à frente do PSD, caso perca novamente as eleições - "fool me once, shame on you, fool me twice, shame on me.”

Seja como for, os próximos dois meses são decisivos para os dois partidos, com os seus militantes a serem chamados a pronunciar-se sobre quem querem que enfrente António Costa em 2023. Serão também, certamente, momentos interessantíssimos de acompanhar para todos os "viciados" em política.

O Partido Socialista (PS) apresentou no seu último congresso, através do secretário-geral e primeiro-ministro António Costa, propostas de apoio à natalidade e à juventude: nomeadamente o aumento das creches e incremento de benefícios no IRS Jovem.
Acontece que estas mesmas propostas já tinham sido apresentadas pelos seus rivais directos, o PSD, de Rui Rio, e uma delas o PS até votou contra (IRS Jovem).
Os socialistas que têm trabalhado na retórica de que o PSD é um partido sem ideias, sem capacidade para se apresentar como alternativa, arrisca e joga novamente com a memória curta dos portugueses. O PSD não tinha ideias, mas as poucas que tinha ao que parece era tão más que o PS não hesitou em anexá-las ao seu programa.
A surfar nas sondagens, a prometer mundos e fundos, António Costa pega num velho truque político para continuar a cilindrar o PSD - ficar-lhes com as proposta e fazer ouvidos de mercador aos gritos de "eu disse primeiro".

Daqui em diante, o PS defenderá que a proposta é sua e, quanto muito, dirá "se concordam e até dizem que já apresentaram, votem a favor" quando se der o momento de as apresentar no Parlamento.

0001-6964845632_20210831_121250_0000.png


No CDS, acontece algo parecido. O presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu aos anúncios de António Costa, dado que a natalidade é um dos temas mais ligados ao partido desde sempre. Disse que eram "migalhas" e, segundo o Público está a preparar um pacote de medidas para apresentar, afetas à natalidade. Ora também aqui, houve um repescar. "Chicão" que tem, tal como os seus apoiantes, calcado na tecla de "o tempo da Assunção arruinou o CDS",  sabe-se já que inclui neste pacote que vai ser apresentado, uma boa dose de copy/paste das propostas anteriormente apresentadas por Cristas no Parlamento e chumbadas pela esquerda.

No entanto, o caso da réplica de propostas no CDS é muito menos grave, pois o que está dentro de casa é para consumo interno.

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub