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The Pólis

Reuniao_presidentes_Camara_com_ministro_Saude_2022

 

Os presidentes das Câmaras Municipais de Setúbal, Sesimbra e Palmela continuam nos seus teatros de mediatismo sobre a Saúde.

Estes 3 fracos líderes comunistas depois do teatro do "protesto" em frente ao Ministério que Manuel Pizarro tutela, têm combinado atuar em trio (odemira) nas suas posições sobre a Saúde.

Tudo muito bonito mas sendo estes excelentíssimos e ilustres senhores eleitos pela CDU, podiam começar por pedir explicações ao seu próprio partido que foi quem viabilizou a destruição que o PS tem feito do SNS. Por muitos teatros que façam, não se ilibam de ser cúmplices do estado da Saúdo em Portugal. O Cocó, o Ranheta e o Facada que nos poupem aos teatrinhos de indignação e ganhem alguma vergonha. 

 
PS: Ontem a CDU também juntou uns presidentes de junta mais uns quantos gatos pingados para se irem  manifestar para a frente do hospital S.Bernardo. A falta de noção é endémica em Setúbal. 

André Martins e o seu executivo CDU, em Setúbal, insistem em propagandear uma mentira dissimulada, para ficarem bem na fotografia. 

Em novembro anunciaram algumas medidas de combate à inflação, onde constava uma muito interessante: 

 "é com muita satisfação que hoje podemos anunciar que decidimos injetar na economia, em especial na local, ainda antes do final deste ano, mais nove milhões de euros. "

Esta semana voltaram à carga, através do jornal municipal, pago pelos contribuintes, a anunciar que injetaram os tais nove milhões de euros. O problema disto? É que não é verdade. A Câmara não está, num gesto de solidariedade a injetar 9 milhões de euros na economia local para combater a inflação. 

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Aliás, convido o leitor a refletir dois segundo acerca da frase. Como é que se chega ao valor de nove milhões de euros? Calcularam quanto necessitava a economia local? É o máximo que podem "injetar"? O mínimo? Calcularam partindo do princípio que os vão distribuir igualmente como postula o comunismo ou equitativamente como postularia o bom-senso em caso de redistribuição? 

Nada disto é respondido no comunicado nem em qualquer outro veículo de propaganda da CDU em Setúbal porque não estão a injetar absolutamente nada. Passando o título da "novidade" que nos deram em novembro, avançamos para as pequenas letras, e lá pelo meio conta a verdade da mentira: 

"Esta verba vai ser canalizada para o pagamento de faturas em atraso a empresas prestadoras de serviços à autarquia e para a regularização de apoios ao movimento associativo que se encontravam prometidos até ao final deste ano."

Em suma, a Câmara vai pagar o que deve a fornecedores e o que deve a quem prometeu que pagava este ano. Pelos vistos são necessárias mais crises económicas para que os fornecedores tenham as suas faturas liquidadas mais rapidamente. 

Fica exatamente essa questão: se podiam pagar as faturas porque é que deixam o pagamento em atraso? Quem é que avalia o impacto na economia local, do atraso no pagamento de faturas? Tem a Câmara Municipal de Setúbal cara para estar a anunciar com pompa e circunstância um pagamento de dívidas, como se fosse um apoio? O tempo todo em que prejudicaram os fornecedores ao não lhes pagarem não gera suficientemente vergonha para que se contenham nestas tolices de anunciar uma "injeção de 9 milhões de euros na economia local"?

Ficam as dúvidas, mas sobretudo espero que os setubalenses tenham conhecimento destes factos e não sejam enganados nestas tentativas de nos atirarem areia para a cara. 

Uma vergonha para Setúbal

Afinal André Martins não queria «continuar Setúbal» mas sim «envergonhar Setúbal»

Esta semana a minha terra apareceu em jornais nacionais pelos piores motivos, e pelo mais improvável protagonista.

thumbs.web.sapo.io.jpgDigo improvável por ser o Presidente da Câmara, alguém de quem se espera ser o embaixador da cidade por excelência. Não tão improvável se nos recordarmos de que partido vem (PEV) e de que coligação faz parte (CDU).

André Martins, perdeu a maioria em Setúbal e, mesmo os setubalenses já tendo baixas expectativas com ele, conseguiu surpreender pela negativa. Na reunião de câmara do passado dia 15, decidiu armar-se em Brejnev, e aquando de um intervenção de defesa da honra do vereador do Partido Socialista ao vereador do PCP, interrompe-o para começar o que viria a ser um deplorável teatro.

Aos gritos, o Presidente da Câmara de Setúbal fez saber ao senhor vereador que não fazia a defesa da honra como queria e que estava a deambular há muito tempo sem concretizar. Aos gritos, disse ao senhor vereador para não brincar com ele, ameaçando cortar-lhe a palavra. A esmurrar a mesa onde se sentava, ordenou que cortassem imediatamente a palavra ao vereador quando este pedia 2 minutos de pausa nos trabalhos.

Não contente, quando o vereador do PSD intervém para dizer que concorda com a pausa na interrupção dos trabalhos, o Sr. Presidente responde, aos gritos para não destoar, com um monólogo sobre como a sua gestão da reunião era um serviço que prestava aos setubalenses.

E no último e derradeiro ato desta peça ridícula, recomeça com mais um momento de gritaria, desta vez com outro vereador do PS, por este ter dito que não obteve as respostas às perguntas que colocou. Em seguida pergunta à bancada do PS quem é que leria uma saudação, a que o Sr. Presidente intitulou "esta coisa", e quando obteve a informação de que seria o vereador com quem inicialmente gritou, decidiu endereçar mais uns berros, ordenando-lhe que se limitasse à leitura da saudação ou era posto na rua.


Todo este comportamento arrogante e desprezível por parte de André Martins, pode ser visto na página oficial do Município de Setúbal, no Youtube ( a partir do min.56 ).


Para cúmulo, o Presidente decidiu hoje fazer um post no facebook sobre a viralidade do vídeo com a sua triste figura. Esperávamos que fosse simplesmente a pedir desculpa, tanto a quem partilhou com ele a sala no dia 15, pela conduta que teve, como a todos os setubalenses por nos ter envergonhado publicamente.

Só que não. André Martins achou muito mais adequado, à boa maneira comunista, tecer um rol de acusações a sujeitos indeterminados, ora porque só partilharam 1 minuto da reunião, ora porque tinham uma agenda oculta com a partilha do vídeo. Acusa a comunicação social de desinformação e ( a comunicação social, como devem calcular, não inclui os jornais regionais. Desses nem um piu, estão todos no bolso) aconselha os cidadãos a contextualizarem o que aconteceu para não fazerem juízos precipitados.

E neste momento pergunta-se a pessoa que está a ler isto: Bom, se assim é, o presidente deve ter acompanhado essas belas palavras com vídeo da reunião completa, certo?
Errado... é que o vídeo pode ser visto e revisto, em velocidade normal ou velocidade lenta, de trás para a frente e de frente para trás, que ninguém vai encontrar qualquer contextualização que justifique o comportamento grosseiro e mal-educado homem que preside a autarquia do município de Setúbal.

Este homem não tem (nunca teve) perfil para ser Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, e a pouco e pouco ele próprio se encarrega de nos mostrar isso mesmo.

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"As eleições autárquicas confirmaram, no concelho de Setúbal, o reconhecimento do trabalho realizado e a confiança das populações no projeto" da CDU.

A frase é do deputado municipal repetente, Afonso Luz (filho), no jornal SemMais - o dos fretes que falei há uns tempos - para assinalar a vitória de André Martins e da CDU em Setúbal.
O deputado, que se esforçou imenso na campanha em escrever artigos de opinião, diz que "venceu quem, numa campanha de proximidade com as populações, ouvindo críticas, sugestões e contributos, prestou contas do trabalho realizado e apresentou uma visão de desenvolvimento para o concelho." .

Bom, se assim foi, é melhor reverem a vossa proximidade e pedirem um diagnóstico auditivo, porque estiveram a 3000 votos de serem corridos da presidência. Isto depois de uma estrondosa maioria há 4 anos atrás. Essa foi a parte que o Afonso Luz se esqueceu, ou por outra, não lhe apeteceu escrever no seu artigo. É compreensível, sendo comunista há obrigações maiores que se levantam e um homem tem de dizer o que um homem tem de dizer, ainda que o que diga não tenha adesão à realidade.

O único problema é que a internet não esquece, e com uma pesquisa simples encontramos o deputado Afonso Luz, a dizer praticamente o mesmo acerca da maioria conseguida por Maria Dores Meira.
Dizia o nosso amigo que a CDU, naquela altura, tinha obtido um voto de reconhecimento e de confiança. Que tinham, a partir de então, responsabilidades acrescidas!

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Pergunto então: se nestas últimas eleições obtiveram quase metade dos votos que há 4 anos atrás, isso significa o quê? Que obtiveram um sinal de desconfiança? Que não souberam lidar com o tal acréscimo de responsabilidades?

Para o deputado Afonso Luz, essas reflexões não interessam. Interessa mostrar só parte bonita, fazer-nos passar por tolos e nunca, mas nunca assumir responsabilidades ou tirar consequências dos resultados destastrosos que tiveram.


Por mim tudo bem, acho que devem prosseguir neste caminho de sobranceria, que até tem dado bons frutos no Alentejo - as populações estão a "abrir os olhos" para a estagnação a que o PCP as tem condenado.
Só que a internet não esquece e os setubalenses atentos sabem perfeitamente que o Afonso Luz só escreveu o que tinha de escrever, porque no fundo no fundo, ele sabe que foi a abstenção que os salvou do PS.

A herdade da Comenda tem dado muito que falar, no último par de anos. Eu confesso que nem sabia que o Palácio incluia um tão vasto território na Serra da Arrábida. No entanto, se tinha um proprietário, tinha um proprietário, ainda que este não cuidasse da sua propriedade.

Durante anos os setubalenses estiveram habituados a invadir o Palácio para tirar as suas fotos, criar as suas aventuras. O parque de merendas, era de senso-comum, um parque de utilização pública. E as centenas de trilhos percorridos pelos exploradores, de bicicleta ou a pé, aposto que muito poucos tinham noção de que tinham dono.

Houve alguém que finalmente se interessou, comprou toda a propriedade e, legitimamente, vedou-a para a utilizar a seu bel-prazer. A Câmara Municipal fez a figura patética de ameaçar com uma expropriação, mas entretanto essa tolice não se concretizou.

Agora a polémica reabriu-se com o encerramento do Parque de Merendas, que vai ser reformulado e tornar-se num parque arqueológico, com o aval do Estado. Sabe-se também agora, que esta decisão estava tomada há bastante tempo, mas que a Câmara Municipal de Setúbal pediu aos proprietários para que só avançassem com a obra após as eleições. Sabiam muito bem que encerrar o mítico parque de merendas geraria revolta dos setubalenses, e ninguém deseja isso quando precisa de ir a votos, não é?

É de uma enorme hipocrisia assistir ao desenrolar de uma manifestação contra o encerramento da comenda, impulsionada por comunistas como o Miguel Tiago. Hipocrisia pois os seus camaradas sabiam disto e deram também luz verde. Hipocrisia do novo presidente, André Martins, que com um comunicado estéril no Facebook a fingir que bate no peito pela Comenda - sabendo que veio do Executivo anterior e que sabia de tudo isto.

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A Câmara Municipal de Setúbal podia ter adquirido a Herdade da Comenda, assim o quisesse, quando os proprietários não queriam saber dela, e pelos vistos até estavam recetivos a propostas de compra. Falar em expropriações ou chorar lágrimas de crocodilo agora, é tentar enganar-nos a todos. A Comenda agora tem um dono que é interessado, assumam que permitiram que isso acontecesse, com um complacência que não se coaduna com a ideologia que defendem, e tenham a coragem de dizer as pessoas que vão ter de se habituar a uma nova relação com parte da Serra da Arrábida.

Debate Autárquicas Setúbal na RTP

A prestação dos candidatos à lupa

Já vou com algum delay, mas não podia evitar de deixar a minha pequena análise à prestação dos candidatos à Câmara Municipal da minha terra, Setúbal.

 

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André Martins (CDU)

Mostrou-se muito pouco à vontade, com uma postura corporal estranha, quase autista. Praticamente só lhe vimos as mãos quando quis espingardar com o seu principal rival, Fernando José. Esconder as mãos o tempo todo enquanto se fala, especialmente num debate, não é um bom sinal de linguagem corporal. Para além de revelar pouco à vontade, demonstra que está a esconder algo, possivelmente o seu desconhecimento dos temas.
A única coisa que veio dizer ao debate foi que já tem investidores preparados para investir na cidade. Quando confrontado com a questão sobre se era candidato de substituição, devido à impossibilidade de Maria Dores Meira se voltar a candidatar, não conseguiu esconder o desconforto. É natural, pois é uma grande verdade.



Fernando José (PS)
O candidato do Partido Socialista, e suposto challenger de facto, teve uma postura condizente com o partido que representa. Vem com um discurso estruturado, cheio de frases elaboradas que de tão genéricas poderiam caber até numa candidatura à associação de condomínios.
Começou a criticar André Martins por este estar a fazer promessas de investimento, para logo a seguir levantar uma imagem feita a computador e prometer um grande pavilhão multiusos. Aliás, pelo que se vai ouvindo deste candidato, parece que a única coisa que o Partido Socialista identifica como lacuna na cidade é a ausência de um pavilhão.
Havendo uma pequena oportunidade de destronar a CDU em Setúbal, o Partido Socialista tinha a obrigação de apresentar um candidato muito mais competente e carismático. Para não falar da campanha miserável, que nem parece vinda de um partido de poder, com meios e máquina - alguém me explica que raio de outdoors são aqueles?



Fernando Negrão (PSD)
É o candidato de postura mais institucional, talvez pela experiência que acumula. Viu-se confrontado, logo de início pelo jornalista, com a questão que os seus principais adversários mais utilizam para o atacar. A demissão do cargo de vereador, durante o primeiro mandato da CDU pós Mata Cáceres.
Negrão justificou com a demissão do então presidente da Câmara, Carlos Sousa, que há época se demitiu com queixas sobre jogos de poder dentro da CDU. O candidato social-democrata disse que saiu em solidariedade com Carlos Sousa e aproveitou para assinalar que Maria Dores Meira, nesse mandato, foi presidente sem para isso ter sido eleita.
Vai ter de repetir esta explicação mais vezes se quiser ver-se livre do boato de que abandonou a vereação porque em Lisboa ganhava mais.



Pedro Conceição (ind + CDS-PP)
Deixem o homem falar que ainda aprendem qualquer coisa. Pedro Conceição é um empresário reconhecido em Setúbal, para além regular auxiliador em várias associações do concelho. Tem muita experiência em gestão e, pelo que se vê, bem sucedida. Parece ter uma postura mais tímida, ainda que empática. Referiu uma questão relevante que bem serve à maioria dos candidatos: Prometem-se equipamentos e formas de gastar dinheiro, sem se apresentar um planeamento. (Para que é que se vai fazer? Que estudos se fazem sobre a prevísivel utilização? Queremos construir por construir ou para realmente colmatar necessidades?) Deu o exemplo dos estádios do Euro2004 que muitos deles hoje não servem para absolutamente nada.



Fernando Pinho (BE)
É uma metralhadora incontrolável. O bloquista Fernando Pinho tem muita coisa para dizer, muita crítica para fazer e não parece ter alvos fixos. Por incrível que pareça, tendo a concordar com várias das suas críticas, como a de referir que a Autarquia só se preocupa em maquilhar o centro da cidade para agradar aos turistas, ficando esta parte da cidade a contrastar cada vez mais com as periferias, onde há bairros sem saneamento básico, ou sem qualquer transporte público.
O candidato do Bloco também defende que devem haver benefícios para as empresas (é mesmo do Bloco?!), não podia concordar mais, meu caro capitali...perdão, camarada!



Luís Maurício (CHEGA)
O candidato do CH é representante de um fenómeno que se verifica em várias localidades do nosso país. Para capitalizar o suposto sucesso de André Ventura (suposto porque até agora só tem sucesso nas sondagens), forçaram-se candidaturas no máximo número de concelhos possível. O resultado é que acabam por ter candidaturas que ninguém poderá realmente levar a sério. Luís Maurício não tem nada para dizer sobre Setúbal, para além de tentar replicar a cartilha que Gabriel Mithá RIbeiro escreveu para o partido. Disse que Setúbal estagnou e limitou-se a repetir esta expressão várias vezes. Esta e a falta de segurança. Não fosse o seu carregado sotaque e pareceria um robô que repete meia dúzia de palavras.
Provavelmente terá alguns votos de protesto e de adeptos ferrenhos de Ventura.

Carina de Deus (RIR + PDR)
Desertora do Chega, a candidata da coligação RIR/PDR apresentou-se no debate da RTP3 visivelmente nervosa. O jornalista ainda a estava a apresentar e já a senhora suspirava...
Não tem qualquer arcaboiço para entrar em argumentação com a maioria dos candidatos, e nota-se que o seu projeto não vai além de uma dúzia de frases generalistas. Sejamos sérios: todos sabemos que esta candidatura não está ali para ganhar nada, mas sim para marcar presença na luta que os partidos pequenos agora fazem para entrar na mesmo onde que apanhou o Livre, IL e CH,

Fidélio Guerreiro (independente)
Quem tem um Fidélio tem um grande defensor da sua terra. Fidélio Guerreiro é experimentado nas lides autárquicas em Setúbal e transmite muita confiança quando fala. Porém, o seu atual ritmo para expressar raciocínios não se adequa à televisão. Ficou muitas vezes a meio das frases por ter esgotado o tempo. Parece ser alguém que procura conhecer a fundo os dossiês e que tendo saído do Partido Socialista, conhece os podres da concelhia de Fernando José.


O debate pode ser revisto aqui. Estas foram as minhas percepções da prestação de cada um dos possíveis inquilinos da Praça do Bocage. Se quiserem, deixem-me as vossas nos comentários.

Há uns meses já tinha aqui abordado a viciada relação entre as associações da minha cidade e a Câmara Municipal. (aqui e aqui) É um objetivo assumido da CDU, infiltrar-se nas associações e, ao mesmo tempo, sendo poder conseguir te-las todas no bolso. O vereador Rabaçal já há muitos anos tinha traçado este objetivo como essencial para cimentar o poder autárquico, perpetuando-o ad eternum se possível.

Chegamos a 2021, a novas eleições autárquicas e agora é colher os resultados. A fila de dirigentes associativos que prestam a sua vassalagem à campanha da CDU. A página de campanha do André Martins repleta de fotos de representantes de associações que declaram o seu apoio ao candidato.
Afinal de contas é o favorito a ganhar, acham eles, e estão não só a retribuir o apoio que lhes foi dado como a garantir que as injeções de dinheiro continuam no futuro.
É esta a triste realidade do movimento associativo setubalense. Organizações que deviam ser independentes, acabam numa profunda dependência da torneira autárquica. São comprados, gostam de ser comprados e até preferem porque agiliza muita coisa. Não têm trabalho a angariar financiamento para a associação ou a pedir donativos à sociedade civil, fazendo desta o verdadeio juiz acerca da sua utilidade pública. Optam pela via fácil, da subvenção garantida em troca de apoios partidários.

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O candidato da CDU à Câmara de Setúbal, oriundo dos Verdes (por fora, vermelhos por dentro), lançou há uns dias oficialmente a sua candidatura. 
Já não era novidade, até porque se tem dado mais um daqueles casos em que de repente o candidato está em todo o lado. André Martins é ainda presidente da Assembleia municipal, mas agora acompanha os membros do executivo para todo o lado. Uma reunião com moradores, uma inauguração de um poste, um café no café mais conhecido da cidade. O André, que nunca se via em lado nenhum, é agora um vai-a-todas!

Não obstante esse comportamento, que a ser rigoroso, é comum em muitas candidaturas de norte a sul do país, o que é caricato é o seu mote de campanha. A CDU tem trabalhado muito a mensagem que agora o candidato apresenta nos seus outdoors: "Continuar Setúbal"
Quem acompanhe a política setubalense, nota que é algo que está sempre no discurso dos membros do executivo, "só por desonestidade não se reconhece o trabalho feito"; "o resultado está à vista"; "os setubalenses notam a diferença". Entre outras tiradas, este mantra tem sido repetido à exaustão, porque uma coisa repetida muitas vezes se torna verdade. 
O objetivo é que paire no ar a ideia de que é unânime que todos os setubalenses reconhecem o excelente trabalho que a CDU tem feito.  E quem critica? Para quem critica, os membros do executivo municipal também têm a resposta mais estapafúrdia, mas que infelizmente encaixa, possível. "São pessoas que nunca fizeram nada pela cidade, e custa-lhes ver a obra feita".  
Quem engole a lenga-lenga da obra feita, é um cidadão de bem, que não engole é um inútil que nunca fez nada pela cidade. O argumento é profundamente desonesto, dado que qualquer Câmara Municipal, como é obvio tem muito mais ferramentas ao dispor para "fazer algo" pelo concelho que governa. Mas mais desonesto é a areia que nos atiram para os olhos. É que obras de embelezamento e alterações de ruas, é o que todas as autarquias fazem, é aliás o mínimo que qualquer autarquia pode fazer com os nossos impostos!

A verdade sobre o trabalho da CDU é este: Passados 20 anos, não temos dinheiro para arrendar casa, temos das águas mais caras do país, o IMI na taxa máxima e não há emprego nesta cidade, o que nos leva a todos os dias fazer 2/3 horas a caminho da capital. Continuam a haver bairros sociais, continuam a haver freguesias periféricas sem transportes, continuam a haver nessas freguesias zonas sem saneamento básico. 
Continua a ser inútil para um estudante do politécnico pensar em fazer vida em Setúbal. Termina o curso e tem de se ir embora, porque aqui só há emprego para jovens em restaurantes, cafés e alojamentos.
20 anos depois, a única coisa que a CDU tem para nos mostrar são edíficios turísticos renovados a peso de ouro, alterações nas vias de circulação e as mais de 1000 medalhas que distribuiu pelos habitantes - até o Joe Berardo recebeu uma. 

Pergunto: o que é que há para continuar aqui, André? A miséria? A falta de possibilidades de construir vida em Setúbal. Se é isso que quer continuar, fique quieto e passe a bola a outro. 

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Ao longo das últimas semanas têm sido levantados os véus acerca do que os partidos se preparam para fazer relativamente às autárquicas em Setúbal. Quando falo em partidos, cinjo-me exclusivamente aos tradicionais, porque as autárquicas são normalmente dominadas por eles.

Sem qualquer outra informação disponível que demonstre o contrários, estas não serão diferentes.

O PSD foi o primeiro a revelar que o candidato escolhido é o repetente Fernando Negrão. O juiz, ex-deputado, ex-ministro que poderia ter sido presidente da Assembleia da República na legislatura passada caso a Geringonça não rompesse com todas as convenções informais até então, volta a atacar no meu concelho.

Posso dizer que foi uma escolha surpreendente, pois o deputado Nuno Carvalho parecia-me o mais encaminhado para tal. Não que participe muito na vida da cidade mas, têm investido significativamente na sua carreira política. É um dos novos "deputados premium" no Facebook (um artigo que hei de escrever), ou seja paga para que os seus posts cheguem a mais gente. Uma nova dinâmica de democracia a que ainda não me habituei. Para além disso ainda é, alegadamente, vereador na Câmara Municipal de Setúbal - conseguiu o lugar apesar de ter levado o PSD ao pior resultado eleitoral em autárquicas, no concelho, desde há 40 anos.

Com a aposta em Fernando Negrão, e com o anúncio antecipado da aposta, o PSD demonstra que quer apostar forte e encurrala o CDS. Os centristas em Setúbal não têm opção senão negociar uma coligação, primeiro porque tem sido essa a conduta do seu presidente (um erro crasso em Lisboa), segundo porque não têm protagonistas à altura para contrabalancear com Fernando Negrão. A única pessoa que o poderia fazer era Nuno Magalhães, que é sabido ser desalinhado com as atuais estruturas apoiantes de Chicão.


Ao PS, cheirou-lhes a sangue. É o partido que está de melhor saúde em Portugal, que é Governo e que se contarmos apenas com autárquicas, vem com um balanço poderosíssimo na reconquista de câmaras aos comunistas.
Os socialistas empurram uma peso-pesada do partido: Ana Catarina Mendes.

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A política mais arguta do aparelho socialista, e uma das mais reconhecidas caras do Costismo.
Esta aposta pode ser observada de vários prismas:

- A saída de Maria Dores Meira (o sangue de que falei), é vista no PS com uma excelente oportunidade de recuperar a câmara e decidiram simplesmente não facilitar, daí enviarem uma superstar.

-
Enviar Ana Catarina Mendes para o plano autárquico poderá ser uma forma de afastar das lides aparelhistas e de uma futura liderança do PS. Algo que agradará e muito a Pedro Nuno Santos e a Fernando Medina. Estes dois serão os que mais desejarão que sua camarada vença as eleições em Setúbal.

-Apostar em Ana Catarina Mendes é uma situação win-win, se visto de um prisma em que se pretende alavancar a socialista: Se ganhar, ganha a câmara mais importante do distrito e torna-se num dos maiores "desfalques" efetuados aos bastiões comunistas. Seria um ganho importantíssimo para a imagem do PS.
Se perder, teve cobertura mediática extra (já tem imensa), de certeza absoluta que enfraquece a posição da CDU em Setúbal e ainda se consolida como protagonista chave no panorama nacional, e como mais uma potencial líder do Partido Socialista.


Já a CDU, deu um tiro no pé ao não seguir a indicação de Maria Dores Meira. A atual presidente, que já agora convém referir tinha dito no ínicio do mandato que seria o seu último e depois voltaria à sua vida particular normal, já está confirmada como candidata a Almada (Inês de Medeiros que se cuide!). Ainda que não saiba oficialmente, toda a gente sabe que Maria das Dores estava num processo de promoção da sua indicação e escolha para a suceder. Falo do vereador do Desporto e Juventude, Pedro Pina.
Todos o que acompanham a atividade política em Setúbal já tinham notado que o Vereador substituia a presidente em inúmeras situações, fazendo a representação que se poderia considerar pertencer ao âmbito de um vice-presidente.
No entanto o Partido Comunista não seguiu o que a presidente quis, e optou por um protagonista que tem tudo menos de protagonista. André Martins, o atual presidente da Assembleia Municipal, é uma nulidade política, muitas vezes gozado pelos seus parceiros e adversários, assim como pela população atenta ao que este senhor diz e faz. Só com muita dificuldade e um fervoroso apoio dos militantes comunistas, André Martins conseguirá evitar sucumbir à avalanche que o PS e o PSD se preparam para lançar.
André Martins tem o carisma de uma porta e o reconhecimento público de chefe dos escuteiros. Colocado junto de Ana Catarina Mendes e de Fernando Negrão, estes handicaps apenas serão realçados. Avizinham-se umas excelentes autárquicas para socialistas e coligação social-democrata/centristas... Com ajuda do excesso de confiança da CDU.

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