Os últimos dias têm sido muito produtivos no que concerne ao tradicional puxar-a-brasa-a-minha-sardinha-ismo. Com o desenrolar dos acontecimentos nos EUA, também em Portugal, as associações dedicadas a receber subsídios sob o mote do antirracismo, cidadãos independentes mas com dependências e demais preocupados com os problemas raciais que vêem na Netflix, decidiram sair à rua e manifestar-se.
Entre as várias presenças notadas, destacaram-se duas ausências notórias: Catarina Martins e Covid-19. A primeira, não participou porque chamou até si a responsabilidade papal de fazer a benção à varanda. Com outras duas corajosas camaradas, empunhou valentemente uma folha A4 com a palavra "Lives" , e sorriu para outrx camaradx que se depreende que estivesse também na varanda a captar o momento em que as três, com as suas folhas de papel (biólogico?) formavam a frase "Black Lives Matter". Desse modo exerceram o seu direito de puxar a brasa à sua sardinha.
A segunda ausência, pelo menos durante 14 dias dizem, foi da famigerada doença que tem impedido os portugueses de ir a funerais mas que não se sente atraída por pessoas que encham autocarros oferecidos pela Câmara Municipal do Seixal. Ao que parece,o vírus também não é frequentador de manifestações antirracistas, e quem nelas participou assegurou, através da sua máscara, que não o viu por lá. Muito provavelmente é da mesma opinião que o presidente do CHEGA, e do presidente do PSD. "Não há racismo em Portugal" asseguraram os dois. Tivesse-se juntado um outro presidente e teríamos de ouvir e ler "a cópia não chega aos calcanhares do original". Não o disseram desta vez, será preconceito com a cor do partido?
Mas sobre cópias e fotocópias, réplicas e repetições, os nossos anti-capitalistas mais fervorosos, não quiseram mais uma vez deixar que Portugal passasse ao lado do americanismo e, como bons aprendizes, decidiram vandalizar monumentos e estátuas. E nada como riscar uma estátua para se fazer frente aos racistas. Especialmente aos que já morreram. E nada como riscar estátuas para fazer ferver a Direita adormecida, que por esta hora ainda escreve impropérios e promete resistência face a estes perigosos terroristas do património. Mais uma bela sardinhada, que como diria Graça Freitas, não tem problema nenhum, desde que com "distanciamento".