A morte de Otelo Saraiva de Carvalho tem suscitado, como seria natural, muitas reacções. Uma personagem incontornável da nossa história recente e inequivocamente não consensual.
Não sou apologista de santificações aquando da morte de ninguém, mas o maníqueismo com que se tem falado de Otelo após a sua morte também já dá náuseas. Começando nos partidos e terminando nas caixas de comentários das redes sociais, será que perdemos a capacidade de olhar para alguém sem ter de o carimbar intransponivelmente como "herói ou vilão"?
Qual é a dificuldade de dizer que Otelo teve um papel importantíssimo na preparação e execução do 25 abril e que posteriormente pertenceu ao grupo terrorista assassino FP-25?
São os dois momentos mais conhecidos da sua vida. Um não apaga o outro. Para além desses, houveram outros tantos que fizeram com que se tornasse numa figura que estávamos habituados a receber em nossa casa pela TV, imprensa ou rádio.
Encerra-se, com a morte de Otelo Saraiva de Carvalho, mais um capítulo ligado ao 25A para os portugueses no geral, e para aqueles a quem a vida foi afetada pelas ações de Otelo, no particular.