Voltou à baila, não sei por quem, nem se foi propositado, a notícia de 2014, do Correio da Manhã, acerca da presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria Dores Meira, em que se referem os 14 imóveis do quais era proprietária à data ( não sei se agora são menos ou mais), assim como a sua declaração de rendimentos.
Rapidamente esta velha notícia foi espalhada por vários grupos do Distrito, nos quais para uns foi novidade, para outros não. Incluo-me nos que já conheciam a notícia, assim como a resposta da edil à epóca.
Acontece que, Maria das Dores Meira anunciou há relativamente pouco tempo a sua putativa candidatura à Câmara Municipal de Almada. Isto é, como já não tem possibilidade de continuar em Setúbal, já veio dizer publicamente que não se importa nada de saltar para outra Câmara.
Ora tendo a presidente ambições de se candidatar a uma Câmara, na qual não tem a certeza que consegue ganhar, não podia deixar que andasse novamente a circular a notícia de 2014. Prontamente, já se pronunciou sobre o tema no seu Facebook, recuperando também o post que publicou naquele ano, para responder à notícia.
A presidente começa o seu novo texto sobre o sucedido, dizendo que "o povo não é estúpido". Não é mesmo, e por isso é que gostaria de dizer que os esclarecimentos de Maria Dores Meira são uma, passo a expressão, "chachada". Vem dar um ar de ofendida, negando aquilo que lhe interessa e rebatendo que os imóveis foram adquiridos "ANTES" de ser autarca.
Isso é completamente irrelevante. Maria Dores Meira quer desviar as atenções de algo que considero, se não mais, pelo menos tão grave como aquilo que a acusam. Esta incoerência entre o que se é e aquilo pelo qual se diz mover.
A presidente da Câmara de Setúbal é, na verdade o protótipo ideal do comunista português. Um burguês refastelado que para atingir o poder, se faz de defensor dos pobres e oprimidos.
O PCP, sendo o partido que mais vomita contra os monopólios, o lucro desmedido e a acumulação de capital, é também o partido que mais põe mais em prática aquilo que critica. E os seus dirigentes fazem também jus a essa regra.
O que é espantoso é que "o povo não é estúpido" mas acha que alguém com 14 imóveis está com ele, no mesmo barco, na luta contra o grande capital. Ache que alguém que diz que gostava de "ter dinheiro para tanto [colocar em contas nas ilhas Caimão]", é uma lutadora pelos direitos do proletariado e que se interessa pelas dificuldades dos trabalhadores. Que alguém que acumula capital é contra quem acumula capital.
Não há problema nenhum em um comunista ter dinheiro, podem é de vez, abandonar a retórica hipócrita e assumir que não se importam de enriquecer ilimitadamente, e que não se importam de cavar um fosso entre o seu dinheiro e os que têm falta dele, e que tanto juram defender.
Os pseudo comunistas, dirigentes do PCP, quando estão na mó de cima, ou quando como neste caso já vêm da mó de cima, estão se marimbando para a distribuição de riqueza. Estão, assim como o seu partido, interessados na acumulação de riqueza. O PCP, aqui personificado em Maria Dores Meira, é rico, gordo e capitalista. A presidente sabe, o partido sabe, e o povo que "não é estúpido" tem de começar a saber.