Lembram-se há "muito muito tempo" de um ministro chamado João Soares, reza a lenda, ministro da cultura? Talvez tenha sido o último membro do Governo de António Costa, com alguma decência e sentido de Estado. Talvez, calma.
Corria o longínquo mês de abril, do ano de dois mil e dezasseis. João Soares demitia-se no seguimento de um post no Facebook, onde oferecia umas "salutares bofetadas" a Augusto Seabra e a Vasco Pulido Valente. Na altura, o primeiro-ministro referiu que os ministros tinham de ter consciência do lugar que ocupam.
Podia discorrer se, agora passados 4 anos, a sua demissão nos seguimento desse post fez sentido, tendo em conta tudo o que veio a acontecer até hoje, com os membros do Governo.
Mas gostava de me cingir a um caso particular, tão particular que diria até especial. E não no bom sentido.
João Galambra é Secretário de Estado Adjunto e da Energia, mas já era conhecido da maior parte dos portugueses atentos a política. Um aficionado de José Sócrates, João foi escalando a hierarquia do PS com uns spins e algum mediatismo. No entanto, umas das características que o governante nunca fez questão de esconder foi a sua arrogância e má criação.
Antes de ser nomeado para o Governo de António Costa, era já um hábito identificado pelos internautas, o de ofender quem o criticava ou de mandar estudar gente que, em muitos casos, tinha um currículo bastante superior ao seu.
Houve aliás uma brincadeira de um dirigente da IL, Ricardo Pais Oliveira, que fez uma lista de gente a quem o agora Sec.de Estado mandou estudar antes de falar. Na lista, que é ilustrada para que não sobrem dúvidas, encontramos nomes como Miguel Poiares Maduro, Ricardo Costa (irmão de António Costa), Jorge Moreira da Silva ou Camilo Lourenço.
A bazófia do socialista era bastante reputada. Recentemente esta postura fermentou novamente no meio mediático devido ao projeto do Hidrogénio em Sines, que o Sr. Secretário de Estado diz ser muito positivo, mas que dezenas de pessoas que estudaram o tema, dizem ser um embuste. João Galamba não tem tido qualquer pudor em chamar de mentirosos todos os que criticam a estratégia do Hidrogénio, tal como aconteceu com Clemente Pedro Nunes, um professor universitário jubilado e especialista em energia. O-bvi-a-mente que tem de ir estudar!
A situação aliás, levou a que Jorge Barreto Xavier dedicasse uma das suas crónicas ao assunto, considerando que este não tem tido a atenção devida. Subscrevo e posso dizer que vale a pena ler - é muito melhor que o meu.
O que surpreende é que não só já era expectável que João Galambra destilasse a sua arrogância para cima de tudo e todos, pois o seu percurso assim o fazia prever, enquanto governante, foi ainda assim nomeado para Secretário de Estado. E, igualmente supreendente e caricato, tem sido o silêncio do governo face ao comportamento de João Galamba. Os Secretários de Estado também não têm "de ter consciência dos lugares que ocupam"?