Sobre a enxurrada de críticas acerca do pagamento de 15 milhões de euros do Estado a vários orgãos de comunicação social, confesso que não consegui redigir mais nada senão um conjunto de questões que me assolam quando leio determinadas tiradas.
O Estado ao pagar em adiantado um serviço que quer requisitar aos meios de Comunicação Social, está a subsidiá-los?
Em que é que se sustenta acusação de que a Comunicação Social fica dependente do Estado por causa disto? (Crítica da IL)
Se o Estado já pretendia comprar publicidade ( como sempre fez) aos OCS, quem critica está a criticar as intenções estatais ou a questionar o profissionalismo de quem trabalha nos OCS?
De que forma é que o Estado deve divulgar informação, senão através dos OCS? Ou deve obrigá-los a publicitar de borla?
Porque é que só com os OCS é que se questionam as consequências de receber dinheiro oriundo do Estado?
A Cultura, por exemplo, que reclama por uma maior percentagem de apoio estatal, não influencia ninguém?
Quando, por exemplo, as Câmaras Municipais injetam dinheiro nas Associações, estão a comprar o seu apoio?
Quem acha que os OCS não devem receber nunca dinheiro do Estado, contribui de alguma forma para que sejam financeiramente sustentáveis?
Temos poder de compra suficiente para o fazer?
Quando é que começamos a ganhar maturidade para entender que ser imparcial é diferente de ser politicamente eunuco?
Que um jornal pode e deve assumir, caso se justifique, com que linha ideológica se sente mais próximo, e que isso não tem necessariamente de levar a deturpação de factos?
Que na verdade traria transparência à relação público/jornal e talvez reduzisse o número de "estes são uns vendidos", "pasquim" ou "jornalixo" ?
Que não gostar/concordar com o conteúdo de uma notícia, não significa que ele seja falso ou parcial?
Também não percebi, ou por outra, não me agradou, o teatro do "ECO" e do "Observador" com esta situação. O Governo pediu-lhes dados para fazer as contas ao apoio lhes pretendia transferir. Se não tinham intenção de o receber, porque é que os deram? Para quê este bater no peito de "eu sou independente!"? Para fidelizar os seus leitores mais libertários? Para fidelizar leitores anti-governo?