Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

The Pólis

O primeiro-ministro anunciou há uns dias a criação de um mecanismo de verificação de possíveis governantes. 
O "mecanismo", reveleram hoje, trata-se nada mais nada menos do que, o preenchimento de um questionário e a assinatura de uma decalração de compromisso de honra em como estão a responder com honestidade ao questionário. 

Screenshot_2023-01-13-10-37-25-398_com.google.andr



Isto revela-nos algumas coisas levanta outras tantas dúvidas: 

As questões que estão presentes no questionário não eram já feitas aos candidatos a governantes? Como é que isso era possível?
Quando a Secretária de Estado da Agricultura se demitiu em 24 horas, muita gente se questionou se António Costa e a sua equipa de castings (será que existe ?) apenas confiavam na palavra das pessoas e pronto. Tendo em conta o conteúdo do questionário hoje aprovado e publicado, fica a ideia de que nem sequer questionavam os visados sobre possíveis questões legais que pudessem por em causa o seu trabalho, a sua permanência no cargo e a estabilidade necessária ao regular funcionamento do ministério em que esperam ser inseridos. 

Recordo-me que o ministro Azeredo Lopes dizia que tinha adquirido conhecimentos para o lugar de ministro da Defesa, através da visualização de filmes de guerra e policiais. Talvez o Governo deva começar a sugerir alguma séries políticas aos seus membros, é que até nas séries se costumam ver os assessores dos presidentes e dos primeiros-ministros a entrevistarem as pessoas antes de as nomearem para cargos. 

Saindo dos filmes, das séries e voltando à vida real. Parece que para entrar no Governo basta alguém nos querer lá, dizermos que sim e cá vai disto. Quase 50 anos depois do 25 de abril, ou seja, quase 50 anos de Governos democraticamente eleitos, e nunca se tinha preparado uma avaliação a candidatos a governantes? Nem sequer assinavam um qualquer compromisso de honra em como não eram uns aldrabões de primeira? 

Quantos de nós já tivemos de assinar uma declaração dessas para a mais mísera e simples das ações burocráticas? Na segurança social, nas finanças, nos notários, no IMT... E para se mandar no país não era preciso nada de nada? 

Só ao fim de quase 50 anos se lembram de que se secalhar era boa ideia, no mínimo, colocar as pessoas a responder a um questionário sobre a sua conduta? 
E ao fim de quase 50 anos, temos um primeiro-ministro a chamar a isto "mecanismo de veificação" ? Não é um mecanismo de absolutamente nada, é um formulário patético para nos atirar areia para os olhos. 
E é absolutamente vergonhoso, primeiro que só decidam fingir que vão verificar alguma coisa porque os casos já estavam a dar demasiado nas vistas, segundo que nos colem um rótulo de tontos ao anunciarem esta medida infantil. 

Os serviços de inteligência não fazem realmente uma verificação de quem são as pessoas que vão tutelar as nossas finanças? O nosso sistema de pensões? A nossa educação? 
Será que um dia temos um espião estrangeiro como ministro e ninguém dá conta? 

A falta de rigor e de seriedade com que se encara o exercício da governação em Portugal, não cessa de me surpreender. 



23 comentários

Comentar post

Pág. 1/2

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub