Estamos ainda longe de terminar este calvário do coronavírus, e quem tem responsabilidades quer sobre a sua família, quer sobre alguma instituição, só pode estar preocupado. A economia está e vai continuar a sofrer um abalo, o desemprego voltará a ser uma realidade para muitos, e encontrar o primeiro emprego passará a ser uma miragem para tantos outros.
Setúbal é, historicamente, uma cidade muito afetada pela miséria e pela pobreza. A sua proximidade com a capital, parece ter-lhe provocado um efeito de osmose no que aos piores defeitos de Lisboa concerne.
Os efeitos já se fazem sentir, e dou hoje o exemplo dos sem-abrigo, que são acompanhados com muita dedicação e esforço pelos voluntários da CASA - Centro de Apoio aos Sem Abrigo
Esta instituição lançou há pouco tempo um post no Facebook, onde informa que os pedidos de ajuda quase triplicaram e onde já não se incluem apenas sem abrigo, mas também famílias.
Isto são informações angustiantes e assutadoras, que me revoltam quando, em contraste, verificamos em que é que a Câmara Municipal de Setúbal tem andado a divertir os amigos da presidente, esbanjando dinheiro público.
Desde o ínicio da pandemia, a autarquia já gastou cerca 188 mil euros em decorações ( aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), tendo há sensivelmente 3 dias feito mais um. Esbanjar dinheiro, com tanta gente em dificuldades.
Não ponho em causa que o amigo da presidente decora muito bem os espaços. Mas será uma prioridade no presente momento?
Além destes projetos decorativos, choca também ver o preço que se pagou para colocação de umas letras em 3D e uma peça decorativa em forma de bola de raguêbi gigante.
Pode parecer uma mesquinhice, mas acho que não é o momento adequado para megalomanias, tendo em conta a situação difícil que os setubalenses já estão a atravessar, e a perspectiva de que muitos mais virão. Pelos ajustes directos que são feitos, só sei de um que não vai ter dificuldades, pelo menos enquanto a presidente quiser andar a brinca ao Querido, Mudei a Casa.