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The Pólis

Os seres humanos são muito bons a adaptar-se a novas dinâmicas, graças há sua habilidade única de colocar a imaginação em prática. Desenvolvem novas soluções para novos problemas, constantemente há milhões de anos.

Interessante também é o reverso desta moeda. A nossa excelente capacidade para criar problemas. Li hoje um artigo da revista The Wired que me despertou para esse grande pormenor da nossa existência. Tanto quanto tenho noção, o tema do efeito sono, da qualidade deste, na nossa saúde e consequentemente nas nossas ações ao longo do dia, é um tema júnior no ambiente da comunicação social generalista.

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Há dois ou três pares de anos que começámos a ouvir falar nos ciclos de sono, nas pessoas noctívagas, na redução da esperança média de vida quando não respeitamos os horários de sono que os cientistas aconselham. Lentamente esta preocupação acabou por penetrar nas nossas mentes e de certeza que quase toda a gente, em algum momento, já deu dois dedos de conversa sobre o sono - “se não dormir 8 horas não aguento o dia”, “está provado que dormir pouco nos põe doentes”, “dizem que na minha idade devia dormir X horas, ando a dormir Y, por isso vê lá…”.

Voltando ao artigo da revista de teconologia, este indicava que nos começámos a preocupar com a nossa qualidade de sono, e bem. No entanto, influenciados pela narrativa de que há quantidades de sono tabeladas para cada idade da nossa vida, acabámos a preocupar-nos demais et voilá: temos um novo problema.

Agora há um número significativo de pessoas que passaram a ter insónias porque se tornaram ansiosas com o objetivo de atingir uma qualidade de sono “certificada cientificamente”. Senão conseguirem ir para a cama ou adormecer no momento que planearam, estas pessoas trocam a tentativa de relaxar para dormir com os pensamentos sobre as consequências de se terem deitado vinte minutos mais tarde do que queriam.

Ou seja, há gente que não consegue dormir por estar demasiado preocupada por estar acordada. Se isto não é o exemplo perfeito da nossa capacidade de criar algo a partir do nada, nem que seja um problema, então não sei.

Há uma área na qual, em Portugal, existem apenas dois tipos de especialistas. Há os que estudaram nessa área e há o resto do país. Falo de comunicação. Deve ser rara a pessoa que, se se deparar com um tema relativo a comunicação, não se sinta mais que autorizada a dar o seu parecer vinculativo. 

Não é que apenas os "entendidos" possam opinar sobre o assunto, é o não reconhecimento de que talvez esses saibam, digamos, um pouco mais sobre.Por cá, se sabe falar, se sabe ler, se até consegue dizer que acha giro ou feio, então consegue facilmente decifrar e delinear estratégias e escolhas de comunicação. Esse dom que muita gente recebe à nascença, gera muita desvalorização da relevância que tem esta área. 

Aos que consideram que não é necessário ter nenhum conhecimento específico em comunicação, para a trabalhar e atingir os objetivos que se pretende, isto é, para a produzir com eficácia, aconselho que tomem atenção à guerra da Ucrânia para lá do óbvio. 

Este conflito armado despontou com mais violência em fevereiro, e à partida todos olhámos para ele e pensámos que seria tão equilibrado quanto colocar um crocodilo num galinheiro. Tal como referi, iniciou-se em fevereiro. Faltam cerca de 2 meses para completar um ano. 
Continua hoje a verificar-se que a Ucrânia resiste e insiste em não desistir da sua soberania.

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Vários fatores contribuem para que consigam continuar a resistir: o apoio que vão tendo, a sua coragem, talvez o excesso de confiança que os russos tiveram. Há um que talvez passe mais despercebido apesar de ser o que mais está à vista de todos. É precisamente a estratégia de comunicação. 

O contínuo esforço para se manterem nas "trends" , na comunicação social e nas redes, é assinalável. Os discursos do presidente ucraniano, carregados de soundbytes e  cuidadosamente adaptados para pressionar os gatilhos emocionais de cada audiência. 
A narrativa do underdog que se alimenta de patriotismo, esperança e coragem para fazer frente a um Golias. Tudo preparado e executado em grande velocidade porque a guerra não espera e a atenção da comunidade global muito menos. 

Esta tem sido a grande arma da Ucrânia, manter-nos atentos, preocupados e a torcer por eles, até mesmo na Rússia.  É graças a isso que o assunto não foi engavetado, como acontece com tantos outros conflitos armados. Gracas a esta aposta na presença mediática, a Ucrânia criou um motivo para os líderes mundiais não a esquecerem: apoiá-la dá boa imprensa, dá boa imagem, dá aprovação positiva da maioria dos eleitores. 
Quem apoiar mais a Ucrânia, quem receber aquele elogio de Zelensky, consegue umas boas golfadas de ar e ficar associado a valores quase unanimemente apreciados mundo fora. 

Em troca, a Ucrânia recebe apoio militar, aceleração de processos que de outra forma demorariam anos ( adesão à União Europeia, entrada na NATO...) e espinham os avanços desejados por Vladimir Putin. 

Este último utiliza uma abordagem de comunicativa diferente. Para além da disseminação de informação falsa, um clássico de guerras o qual existe sempre em ambos os lados de um conflito, a aposta passa pela modelação subtil da narrativa. 
A ideia não é minar o apoio à Ucrânia conquistando afeição à sua vontade de capturar o o que não lhe pertence, ou seja, não vamos ver Putin a fazer nenhum discurso emotivo para que o compreendamos. Com alguma atenção o que podemos verificar é que a ideia passa por equivalermos o Kremlin à NATO, à Casa Branca e à União Europeia. Sendo todos igualmente culpados, ninguém é culpado, nem mesmo um país que invadiu outro chamando-lhe "operação especial". 
Até que ponto, nas democracias liberais do ocidente, vão os eleitores apoiar um apoio do seu país a um conflito estrangeiro se considerarem que o invasor é tão desprezível quanto o invadido e os seus aliados?  

Dois países que obviamente estão muito atentos e um deles até mais que isso, ao desenrolar de todos estes processos, são a China e Taiwan. Todos os dias que a Ucrânia aguentar são suspiros de alívio em Taipé. A guerra por lá também se iniciou há algum tempo, sob forma cibernética e, claro, muito também no plano da comunicação. 
A ilha considerada capital da democracia digital, é um dos países mais bombardeados com informação falsa, oriunda da sua grande vizinha China. A ideia, mais uma vez, passa por corroer por dentro o que ainda não conseguem por fora. 
Uma das defesas mais caricatas que Taiwan levantou face a este problema foi a utilização de um software que deteta informação falsa e rapidamente ativa um processo de desenvolvimento de um "meme" que a ridiculariza ("Humor over Rumor"). Audrey Tang, ministra dos assuntos digitais, justificava a velocidade de resposta à informação falsa dizendo que basta um dia de atraso na reacção para que  a informação tóxica já tenha penetrado na memória de longa duração das pessoas. 
Em Taiwan não se desvaloriza o poder da comunicação.

São alguns breves exemplos que demonstram que descurar algo com tanto impacto na nossa vida, na nossa mente, como a comunicação é um erro de amador e uma demonstração de ignorância se propositado. Desde a pequena organização ao maior Estado. As palavras, a semiótica, o storytelling, são ainda, talvez mais que nunca, uma ferramenta poderosíssima.

...e obviamente que o Alexandre Poço corre para acompanhar o aparelho. Pouco distingue a JSD da JS nos dias que correm. 

O PSD escolherá em breve o seu presidente. A escolha provavelmente recairá em Luis Montenegro, pois os grandes partidos têm esta tendência muy apreciável de falar em mérito mas ignorarem por completo o percurso profissional ou académico dos seus líderes. 

No entanto, os jovens poderiam dar um sinal diferente, assinalando também que há esperança para o sistema político português. Havendo um candidato com um currículo muitíssimo mais relevante (Jorge Moreira da Silva), e estando os jovens constantemente a queixar-se de que são a geração mais bem preparada de sempre mas que ninguém os valoriza por isso, acaba a ser estranho a opção por Montenegro. 

 

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Já não era sem tempo de Manuel Luis Goucha começar a responder à letra, às barbaridades que lhe atiram a propósito dos seus convidados ou das suas escolhas políticas.

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Infelizmente há muitos portugueses que não conseguem distinguir o padeiro do papo-seco. Achar-se que tem algum cabimento considerar o Goucha um nazi ou um fascista porque convida a pessoa X,Y ou Z, é de uma impressionante falta de bom senso.

Ninguém pensou que ele fosse comunista por convidar o João Ferrerira, nem certamente ninguém pensará que ele é sportinguista se convidar o Rúben Amorim. Estas tolices só acontecem quando o convidado é detestado pela trupe da Esquerda. 

 

Porém, temos pena. O Manuel Luis Goucha continuará a convidar quem bem lhe apetecer, já explicou por várias vezes que tenta levar gente que pense diferente dele porque considera que so percebendo o que os outros dizem é que se podem formar opiniões decentes. Por muito que custe aos wokes deste país, ele é um comunicador de coragem, firme das suas convicções e sem receio dos ridículos "cancelamentos".

Espero que continue a responder à letra aos frustrados de esquerda, até porque é divertido. E que permaneça sem qualquer problema em participar civicamente na política, como fez na candidatura de Suzana Garcia.

E se forem espertos, CDS, PSD ou IL, devem começar a tentar beneficiar destas posições do Goucha. Partilhando-as, comentando-as e através de convites para iniciativas feitas à medida dele. 

 

O que tanto já vinha ameaçando aconteceu: Vladimir Putin, líder incontestável (ditador) da Rússia, iniciou a ofensiva assumida à Ucrânia. 
Ofensiva assumida, sim. Pois já tinha a Ucrânia cercada há algum tempo

Os pretextos: primeiro Putin justificou este cerco, esta ameaça com a presença de milhares de militares na fronteira, com a possibilidade da Ucrânia vir a aderir à NATO. 

Agora as coisas mudaram: depois de várias reuniões com líderes mundiais, cada vez foi ficando mais claro que a Rússia já tinha tomado a sua decisao há algum tempo independentemente da NATO. Como anunciavam,  tanto o presidente dos EUA como o primeiro-ministro do Reino Unido há dias.

A nova opção estratégica da Rússia tomada na segunda-feira, que por acaso foi mencionada no domingo por Paulo Portas na TVI, foi de reconhecer a independência de duas regiões ditas separatistas da Ucrânia. Isto para poderem receber um pedido "oficial" de ajuda destas duas regiões à Rússia, legitimando uma entrada em território ucraniano. Uma Crimeia 2.0 . 

Mas porquê agora?

É claro que os motivos deste tipo de decisões são sempre difíceis de apurar, para o comum mortal que não tem acesso a informação confidencial ainda para mais de um país tão longínquo. 
No entanto podemos sempre tentar ligar alguns pontos. 

A Rússia já não é a potência dominantes de outrora, já não se compara ao estatuto que teve a antiga URSS. Ainda que Putin continue a querer assumir esse papel, não o tem. 

A nova "URSS" é declaradamente a China, que tem de forma subreptiliana, pondo em ação um plano de infiltração em quase todos os países do planeta, seja através de dinheiro, infraestruturas, presença militar ou espionagem. 

É a China que quer substituir os EUA e não a Rússia. Então porque é que a Rússia está tão confiante neste medir de forças com a NATO? 

Talvez isto tenha alguma responsabilidade: 

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No último encontro entre Vladimir Putin e Xi Jiping, que não decorreu assim há tanto tempo, os líderes pronunciaram-se pela cooperação entre ambos os países, dizendo que a sua cooperação e aliança não tem limites e que se apresentam contra a NATO e os Estados Unidos da América. 

Por outras palavras, Putin está com as costas quentes. Resta saber se o que faz na Ucrânia o faz apenas por esse motivo ou se as costas quentes são na verdade por ter um picador por trás, que pretende lançar o caos na Europa, avaliar o poderio militar dos outros e testar o seu. 

A China já é líder mundial tanto no número de efetivos no exército como na tecnologia, e especificamente na inteligência artificial. Porém nunca teve oportunidade de se testar. O acordo de cooperação com a Rússia poderá ajudar nesse sentido. 

Esta possível guerra Ucrânia vs Rússia tem tudo para ser bastante proveitosa para os chineses. Aguardemos para perceber o que farão os líderes europeus e americano, para preservar a continuidade da paz na Europa sem deixar que a invasão da Ucrânia passe em branco.  

Pois é, nova eleições, nova maioria socialista. Nos próximos quatro anos teremos António Costa e a sua "família" a porem e disporem da vida dos portugueses.

Se ele quiser pode, por exemplo, reconduzir o excelente ministro Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna, que ninguém pode fazer nada. Podem reclamar, chorar, se o PS quiser o PS faz. Também é isso que significa maioria absoluta.

A questão que fica é: Ficámos surpreendidos com esta vitória do PS e esvaziamento dos partidos da esquerda? Li muita a gente a escrever que sim. Certamente não frequentam este blogue, porque quem o frequenta não ficou.

Tal como prevemos em outubro, a estratégia de António Costa, depois da esquerda lhe querer tirar o tapete, foi esvazia-la agitando o fantasma da Direita com o CH. Como se costuma dizer, se queres vender extintores tens de mostrar fogo. Foi o que o Partido Socialista fez, criando a sensação de que era necessário reforçar o voto em António Costa, a única esquerda estável e fiável. Era lógico que PC e Bloco iriam ser penalizados por romper a Geringonça.

Mas quem leu este texto, já ia avisado ( Agora não vale a pena fugirem )

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A plataforma Esqrever, à semelhança do que elaborou em 2019 e que eu nao sabia que o tinha feito, publicou uma "análise" às propostas dos vários partidos, chamada "Legislativas 2022: O arco íris também vota".

Segundo o redator Diogo Pereira, o critério é simples "quanto mais e melhores medidas tiver o programa do partido, mais arco-íris ganha. Se tiver medidas discriminatórias e desinformação leva uma nuvem cinzenta. ".
Não sabemos que critério adopta o Diogo, para sentenciar uma medida como melhor nem como discriminatória, sabemos apenas que uns vão levar arco-íris e outros nuvens consoante o que ele achar.

Como devem estar a prever, quem ganhou mais arco-íris foram os partidos de esquerda. E digo que estão a prever porque infelizmente, relativamente a este tema, o senso-comum já está tão manipulado que se assume sempre à partida que à Esquerda estão as pessoas que respeitam a diferença e à Direita os que a discrimam e maltratam. Nada mais errado, mas é o que temos.

Assim sendo, o ranking ficou assim:

1º - BE
2º - PAN
3º - Livre
4º - PS
5º - CDU

a partir daqui já nenhum partido teve arco-íris. IL, PSD E CH não tiveram nada, o CDS teve uma nuvem negra sendo até acusado de "queerfobia".

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Não me irei alongar muito sobre esta avaliação, venho apenas escrever que infelizmente o que chamam de comunidade de pessoas LGBTQI+ , são pessoas que estão a ser instrumentalizadas através de uma política mais impulsionada por uns partidos do que outros, nos quais se destaca o BE, que as faz acreditar que as suas principais características, que as definem enquanto ser humano, são coisas como o género, a preferência sexual e noutros casos a etnia.

A Esqrever aqui, tal como em 2019, "pontua" positivamente esta atitude, para que se subentenda, propositadamente ou não, que as pessoas LGBTQI+, só têm propostas nestes partidos. Incentivando a que se desliguem de todo o seu papel na sociedade e que afunilem a sua atenção para propostas muitas delas meramente redundantes e sem significado prático.

Os restantes partidos, como não alinham na atribuição de um valor empolado ao genero e à preferência sexual de cada um, como tomam as pessoas por pessoas, levam uma recriminação. Porque propostas sobre finanças, economia, ambiente ou educação não são propostas para pessoas LGBTQI+ . Faz sentido, não faz?

 



Por último deixo uma citação do psicólogo Jordan Peterson acerca do tema, que me parece resumir bem o problema deste tipo de abordagem:

(...)Your identity is not the clothes you wear, or the fashionable sexual preference or behaviour you adopt and flaunt, or the causes driving your activism, or your moral outrage at ideas that differ from yours: properly understood, it’s a set of complex compromises between the individual and society as to how the former and the latter might mutually support one another in a sustainable, long-term manner. It’s nothing to alter lightly, as such compromise is very difficult to attain, constituting as it does the essence of civilization itself, which took eons to establish, and understanding, as we should, that the alternative to the adoption of socially-acceptable roles is conflict — plain, simple and continual, as well as simultaneously psychological and social.

The continually expanded plethora of “identities” recently constructed and provided with legal status thus consist of empty terms which (1) do not provide those who claim them with any real social role or direction; (2) confuse all who must deal with the narcissism of the claimant, as the only rule that can exist in the absence of painstakingly, voluntarily and mutually negotiated social role is “it’s morally wrong to say or do anything that hurts my feelings”; (...)



Tradução:

"(...)A sua identidade não são as roupas que veste, nem a preferência sexual ou comportamento elegante que adota e exibe, ou as causas que impulsionam o seu ativismo, ou a sua indignação moral com ideias que diferem das suas: devidamente compreendidas, é um conjunto de compromissos complexos entre o indivíduo e a sociedade sobre como o primeiro e o segundo podem apoiar-se mutuamente numa sustentável, maneira a longo prazo.
Não é nada que altere de ânimo leve, pois tal compromisso é muito difícil de alcançar, constituindo como faz a essência da própria civilização, que demorou a estabelecer, e compreender, como deveríamos, que a alternativa à adoção de papéis socialmente aceitáveis é o conflito simples, simples e contínuo, bem como simultaneamente psicológico e social.
A pletora continuamente alargada de "identidades" recentemente construídas e dotados de estatuto jurídico consiste, portanto, em termos vazios que (1) não conferem àqueles que as reclamam qualquer papel ou direção social real; (2) confundir todos os que têm de lidar com o narcisismo do requerente, pois a única regra que pode existir na ausência de um papel social meticuloso, voluntariamente e mutuamente negociado é moralmente errado dizer ou fazer qualquer coisa que magoe os meus sentimentos (...)"
 
 
 
 
 
 

Desde que os dois novos partidos, Iniciativa Liberal (IL) e CHEGA! (CH) apareceram, que se tentam encontrar tanto os motivos para terem aparecido como as suas principais fontes de importação de militantes e apoiantes.

Um dos principais apontados é sempre o CDS-PP, ainda que já esteja devidamente provado que, principalmente no caso do CH, vão beber a várias fontes. E ainda que também seja um exercício mais dado à imaginação, pois que eu saiba ainda não existem fichas de militância em que perguntam pelo ex-partido.
Essa ideia está ligada ao facto dos centristas não conseguirem performances animadoras nas sondagens. Vale o que vale, não é o assunto que me leva a escrever este texto.

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O que me traz aqui hoje é o sub-aproveitamento que o CDS fez da existência destes dois partidos, que se nota ainda mais agora em período de campanha.
Francisco Rodrigues dos Santos (FRS) podia ter aproveitado para trazer ao de cima alguma diferenças relevantes entre o que significa ser/estar no CDS e o que representa ser/estar na IL ou no CH. Ou por outra, até o tentou fazer, mas creio que da forma menos conseguida (sem ofensa para os novos outdoors).

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O ideal, como é óbvio, é que os partidos definam as suas mensagens com muita antecedência face às eleições, que aproveitem esse tempo para ir incutindo ideias e propostas e, no final, o culminar desse trabalho seja uma campanha focada na consolidação e reforço de mensagens chave. Nenhum partido faz isto, acham todos que é em 30 dias que vão reunir com meio mundo e convencer as pessoas que o seu projeto é o melhor.
É como recolher um frasco de areia da nossa praia favorita e ir à praia ao lado espalhá-la no chão e pedir as pessoas para que a pisem e percebam que a nossa praia é a melhor. Enfim, adiante.

O que ainda assim o CDS podia ter feito, porque era possível, era explicar aos poucos que atentam aos micro debates televisivos e aos não tão micro debates radiofónicos, porque é que, ao contrário do que os pensadores (comentadores) oficiais do reino vaticinam, o aparecimento de 2 partidos à direita, não é uma sentença de morte para o histórico PP.

O Centro Democrático Social - Partido Popular, é um partido que abrange, ideologicamente, o espectro que vai do centro à direita (Centro > Centro-Direita > Direita ). É uma organização política sobre a qual, após o 25 de abril, ficou com o ónus de representar toda a Direita, após a proibição de todos os partidos desse espectro. A sua existência, ao início, não foi pacífica e foi preciso bastante resiliência para chegar aos dias de hoje.

O que é certo, e o que se tornou numa imagem de marca do partido, foi a qualidade que acrescentava à intervenção política. Por trazer propostas e protagonistas que elevavam a fasquia. Isso é unânimemente reconhecido entre eleitores e entre políticos. Não significa concordar com as posições do partido, mas sim reconhecer-lhe uma prática de valor, naturalmente conduzida por intervenientes que demonstravam coerência, habilidade e respeito entre pares.

Ora isso não era obra do acaso, e eu direi que tem um ingrediente fundamental:

A cooperação, o equilíbrio e produtividade que advém quando juntamos à mesma mesa os três principais pilares ideológicos do partido - o liberalismo, o conservadorismo e a democracia-cristã.

Os 3, conjuntamente, é que tornaram o projeto "CDS" num projeto de centro à direita equilibrado. Nem demasiado avesso à mudança, nem apenas interessado em cifrões, nem com pretensão de se tornar num partido clerical. A coexistência destas 3 artérias, a bombear para o objetivo de melhorar consistentemente o país, permite que nenhuma se sobreponha.

E para que é que isto interessa?
Para refletir sobre se realmente o CDS-PP ficou ou não amputado com o aparecimento da Iniciativa Liberal e do CHEGA!.

Reparem que é perfeitamente legítimo que FRS queira construir uma ideia de que o CDS é um partido conservador apenas. Um caminho que eu não aconselharia, mas legítimo. Ele e a sua Direção, com os devido aconselhamentos (ou não), acharam que o CDS tinha de encontrar um novo espaço, um novo lugar, entre a IL e o CH.
Como uns dão a ideia de que são muito modernos e inovadores e os outros de ser a direita do bota-abaixo, do protesto, achou FRS que o novo papel dos centristas é o de se asssumirem como "Direita Certa", "Direita Tradicional" ou "Direita Clássica" como diz Telmo Correia.

Na minha humilde opinião, a narrativa que este partido devia ter adotado, até porque é aquela que me parece fazer mais sentido tendo em conta não só o percurso histórico em Portugal, mas também a família política europeia a que pertence, era a de chamarem a si valores que são naturalmente apreciados na nossa cultura: serenidade, sensatez, equilíbrio, humildade.
Ou seja, afirmar-se como o centro da Direita.

Porque é indiscutível que os portugueses, e podemos mesmo dizer o próprio ser humano, tem uma atração natural por pontos de equilíbrio. Gosta de estar associado a valores de referência. "No meio está a virtude", porque o meio assume-se como capaz de absorver o melhor do que o rodeia.

A forma correta de o CDS recuperar estatuto, é tornando-se no ponto de encontro dos valores que os simpatizantes e demais eleitores afectos à Direita, aspiram ver aplicados nas suas vidas. A voz da razão, do bom senso. O adulto na sala que ouve, pensa e depois fala.

Nesse sentido será útil a este partido afirmar que a IL e o CH não o prejudicaram, mas sim criaram mais uma peneira, mais um apuramento que ajudou novamente ao reequilibrio do CDS. Explicado de outra forma, a mensagem em extended version seria algo como:

Quem apenas via cifrões à frente, quem fazia tábua rasa dos valores e tradições que são abundantes numa nação com 900 anos de história. Quem tem uma forma de ver o mundo no qual o dinheiro tudo paga, tudo substitui, encontrou um lugar confortável na IL. A Direita que prescinde de qualquer moral e que não se incomoda com a destruição de valores humanos por um "preço justo", não é a Direita que o CDS quis alguma vez ser. E essa é uma forma de estar que devem justificar o porquê de não partilharem dela. 

Devem explicar que não vêem os vícios destruidores, os dramas e problemas das pessoas como oportunidades, e que por isso projectam um Estado que renuncia  a qualquer cêntimo proveniente da droga ou da prostituição. Que é preferível investir na prevenção destes problemas e na ajuda a quem quer recuperar as suas vidas. Um filho que mata os pais para os roubar, motivado pelo vício, não é um possível cliente de uma venda legalizada de droga. É alguém a quem a droga levou à rutura total com a sociedade em que vive.
Um ser humano que vive da exploração sexual de outros seres humanos não é um possível empresário.  E não, a  maioria das pessoas que se prostituem não o fazem por gosto.

Aqueles que procuram explorar as frustrações da população, canalizando-as para bodes expiatórios que não respondem. Aqueles que procuram ser ultramoralistas, que criam um ambiente de sharia (irónico não é?) tão grande que as propostas mais abjetas são ditas com naturalidade. Os que consideram que vale tudo na punição e que o braço armado do Estado não tem de prestar contas a ninguém, esses encontram um lugar confortável no CH.

A esses o CDS deve dizer que há uma diferença entre respeito e medo. Entre rigor e fiscalização em contraste com a generalização e a humilhação. Que a única coisa que liga estes dois novos partidos ao CDS é o desejo de contas certas no caso de um, e de justiça no caso do outro. Mas que ambas as bandeiras as foram buscar ao mais familiar partido do Centro Direita, e que fora dele fazem uma defesa hiperbolizada e disfuncional delas.

Um liberal sem a influência da democracia-cristã e do conservadorismo, torna-se a caricatura do capitalista sem coração. Um conservador com más companhias torna-se num populista sem soluções e apenas com críticas para apresentar.  Apenas juntos criam valor e isso só se encontra no CDS, se este se souber auto-aproveitar e relembrar que sempre foi no centro da Direita que se defendeu a liberdade, a responsabilidade, a diversidade e a humanização.

Devem demonstrar que, sem exageros nem fixações, continuam a ser os que contrapõem à burocracia, à política de remendos, ao ludibriar com a "gratuitidade", da Esquerda, um projeto de responsabilização, prevenção, transparência e eficácia. Que não se fazem omoletes sem ovos e que Roma não se faz num dia. Que na moderação e na capacidade de escutar e de apostar em nós é que se leva um país a bom porto.

PS: Hoje há CDS vs CHEGA! em debate, confesso-me curioso.

3 motivos pelos quais André Ventura é imbatível em debates

Começou no dia 2 mais uma ronda de debates alusivos a eleições, desta vez Legislativas.

220103_debate-1600x740.jpgDitou o sorteio dos debates que no primeiro dia da ronda de debates televisivos, tivéssemos os dois extremos do hemiciclo em debate. A seguir a um morninho, quase frio, debate entre o primeiro-ministro, António Costa, e o candidato do Livre, Rui Tavares - houve quem dissesse que se tratou de uma entrevista de emprego -, tivemos um encontro que prometia ser escaldante entre Catarina Martins, do Bloco de Esquerda e André Ventura do CHEGA! .

Poker Face - a líder bloquista tentou adoptar uma estratégia diametralmente oposta à da sua correligionária Marisa Matias, aquando dos debates para as Presidenciais, com o mesmo adversário. Ou seja, em vez de reagir às cargas de ombro e aos carrinhos de Ventura, digo, às interrupções e provocações, Catarina Martins tinha delineado fazer-se impávida e serena.

Nem tanto à Terra, nem tanto ao Mar - porém, a estratégia levada demasiado à letra e ainda teve alguns pormenores insólitos. É que se grande parte dos ataques desferidos por Ventura foram roboticamente ignorados pela líder do Bloco, outros a bloquista optou por responder... com recurso a citações do Papa Francisco. Sim, a coordenadora do Bloco de Esquerda escudou-se em frases e atitudes do líder da organização que os seus militantes mais detestam (a seguir ao CH), a Igreja.

Imagem final - naquele que era provavelmente o debate mais relevante para ambos os candidatos, primeiro porque as sondagens dizem que disputam o 3º lugar, segundo porque cada um deles representa a piñata preferida dos militantes do partido do adversário, a imagem que fica é de uma Catarina Martins "congelada" a receber acusações e perguntas que não abonam em seu favor ficarem sem resposta. Do outro lado, mais uma vez, Ventura cumpriu o ponto de satisfação dos seus militantes e apoiantes.


No dia seguinte, ditava o calendário que o líder do CH defrontasse o presidente do PSD, Rui Rio. Não me irei alongar nos comentários a este debate, senão nunca mais chegamos ao cerne da questão. O que importa reter de ambos os debates, é que em ambos poderíamos confortavelmente assumir que Ventura venceu. Notou-se que Rui Rio tinha dificuldade em lidar com o que estava à frente dele e passou parte do debate a discutir as propostas que Ventura lhe lançava. E alguém questionará: então ganha sempre?
Quase. Podemos dizer que em 99% dos debates, André Ventura entra sempre em xeque-mate. Porém isso não se deve apenas à sua capacidade de tagarelar à velocidade da luz.

 


Vamos então aos 3 motivos pelos quais é tão difícil passar a imagem de vitória num debate com o líder dos cheganos.


A parte que cabe aos partidos - Anos e anos de descredibilizacao política, e de descredibilizacao da política originaram uma população desinteressada na res-publica e profundamente abstencionista.
Os partidos não se preocuparam nunca em adaptar-se aos tempos, cultivam ainda hoje as mesmas táticas, as mesmas formas de passar mensagem, como se tivesse uma amplitude de votos garantida. Continuam hoje a dar-se ao luxo de não pedir desculpa por um erro, de recusar medidas de transparência ou de manter políticos associados a crimes, no ativo. Gerou-se um "são todos iguais, todos roubam", cada vez mais audível.

A parte que cabe aos Governos - Anos de instabilidade em matérias essenciais, como o delinear de um modelo educativo, que é traçado e retraçado conforme a orientação ideológica do Governo do momento, acabaram por negligenciar a formação de cidadãos com maturidade para abraçar os direitos e deveres de uma cidadania ativa e responsável.
Essa negligência nota-se desde o momento em que alguém não está familiarizado com o significado da sigla I.R.S. até aos que ignoram por completo o nome do primeiro-ministro do país em que vivem. Cidadãos alheados da realidade, criam políticos moralmente fracos, que se aproveitam destas fragilidades da sociedade para dizerem o que querem e tomarem as decisões que lhes apetecem por não temerem o escrutínio do povo.

A parte que cabe aos jornalistas - Uma comunicação social que entrou em loop, entre a falta de educação para os media, a consequente falta de dinheiro e a incapacidade de se renovar ao mesmo tempo que cumprem os seus deveres para com a população, de servir através da informação e do escrutínio do poder. Limitam-se hoje ao entretenimento, sendo que nao há uma única esfera da nossa vida que seja analisada para além das audiências.
Vemos isso, mais uma vez, no ridículo tempo que disponibilizam para os candidatos às eleições debaterem publicamente os seus projetos políticos. Cerca de 12 min para cada um, e nem mais um segundo. São apenas as eleições em que os portugueses decidirão o próximo Governo de Portugal, não é necessário despender demasiado tempo com isso...
deixo também o desafio para que fiquem atentos ao teor da maioria das perguntas dos moderadores dos debates: perguntam mais sobre as propostas ou sobre geometria parlamentar (com quem é que se junta para formar governo, o que faz se tiver menos deputados, etc). O que é saímos a saber dos programas de cada partido?

Estes ingredientes formam o bolo que torna um projeto e um político como André Ventura, blindados em quase todos os ângulos.
Reparem que neste momento, o político que alegadamente está em ascendência, que consegue que tudo o que diz ou faz seja mediatizado, que reúne milhares de euros em donativos, é exatamente o tipo de político que toda a gente acharia impossível de conseguir algo sequer parecido há poucos anos.
Impossível porque como se sabe, o CDS  já era intitulado extrema-direita, daí que qualquer partido ou político que alegasse ser mais à direita do que o CDS, incorria na pena de ostracização e no atestado de seita de "maluquinhos".

No entanto, num par de anos temos uma comunicação social a levar ao colo um político a que os próprios agentes dessa comunicação social não se inibem de intitular de populista de direita ou extrema direita. Como é que chegámos aí? Porque é os jornalistas não gostando dele, não conseguem viver sem ele? Audiências. Um "maluquinho" (salvo seja porque se há coisa que Ventura não é, é maluquinho apesar de não se poder dizer o mesmo de muitos dos que o rodeiam), dá muito mais audiências que um político cinzentão, a debitar o mesmo politiquês que já se debitava há 30 anos. Ainda para mais em 15 min.

O André vence qualquer debate, porque não é escrutinado nem pelos jornalistas nem pela população, porque se atreve a ir mais longe na demagogia que os políticos do costume e utiliza as mesmas frases de senso comum de um povo que foi mal-educado e que está tão saturado de políticos que só os quer ver em pânico a tentar reagir às bocas e às acusações de Ventura. Tenham elas fundamento ou não.
É nesse colete à prova de balas, que ele consegue simultaneamente dizer que o PSD é igual ao PS mas que ele quer governar em conjunto com eles, que já propôs o internamento compulsivo de pessoas com covid mas agora diz que todas as medidas representam um apartheid sanitário, ou que os deputados do CH nos Açores, que lhe desobedeceram e não acataram a ordem de romper o acordo com os restantes partidos, na verdade não lhe desobedeceram mas deram sim um "Murro na mesa" para conseguirem a implementação das suas propostas.


Nunca se consegue confrontar o líder do CH com uma incoerência porque ele responde que é uma evolução de pensamento e os seus apoiantes engolem. Não o podem relembrar do seu passado no PSD, porque ele responde que não tinha responsabilidades governativas, ainda que ele faça as mesmas acusações aos adversários quando estes muitas vezes também não as tinham. Não se consegue completar uma frase que ele note que não lhe vá ser proveitosa sem que interrompa rapidamente com perguntas retóricas.

O André não vence todos os debates porque eu já o vi perder um, mas não é fácil conseguir ultrapassar estes obstáculos que o tornam tão escorregadio. O único político que até hoje conseguiu a proeza, foi outro que talvez seja tão escorregadio quanto o presidente do CHEGA! : falo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. São várias as pessoas que se cruzaram com o Marcelo, ao longo dos anos, que mais tarde o relembram com uma figura reptiliana, de grande perspicácia e capacidade de desferir golpes implacáveis nas costas.
Pouco interessam esses atributos para um debate, mas deve ser o único político na atualidade que consegue, tanto numa entrevista como num debate, manter um raciocínio assertivo e coerente apesar de estar a ser interrompido, como se nada fosse. Aliás, quem o tenta interromper normalmente acaba por desistir. Esse foi o grande trunfo no debate com Ventura, é que este não o conseguia parar.


Por falar em debates, hoje há três e eu fico-me por aqui. Para quem não tenha tempo de ver os debates no momento em que dão e não esteja para saltar de canal em canal e andar para trás, a RTP Play disponibiliza todos os debates, de todos os canais, no site.

PS: Feliz Ano Novo!




Uma vergonha para Setúbal

Afinal André Martins não queria «continuar Setúbal» mas sim «envergonhar Setúbal»

Esta semana a minha terra apareceu em jornais nacionais pelos piores motivos, e pelo mais improvável protagonista.

thumbs.web.sapo.io.jpgDigo improvável por ser o Presidente da Câmara, alguém de quem se espera ser o embaixador da cidade por excelência. Não tão improvável se nos recordarmos de que partido vem (PEV) e de que coligação faz parte (CDU).

André Martins, perdeu a maioria em Setúbal e, mesmo os setubalenses já tendo baixas expectativas com ele, conseguiu surpreender pela negativa. Na reunião de câmara do passado dia 15, decidiu armar-se em Brejnev, e aquando de um intervenção de defesa da honra do vereador do Partido Socialista ao vereador do PCP, interrompe-o para começar o que viria a ser um deplorável teatro.

Aos gritos, o Presidente da Câmara de Setúbal fez saber ao senhor vereador que não fazia a defesa da honra como queria e que estava a deambular há muito tempo sem concretizar. Aos gritos, disse ao senhor vereador para não brincar com ele, ameaçando cortar-lhe a palavra. A esmurrar a mesa onde se sentava, ordenou que cortassem imediatamente a palavra ao vereador quando este pedia 2 minutos de pausa nos trabalhos.

Não contente, quando o vereador do PSD intervém para dizer que concorda com a pausa na interrupção dos trabalhos, o Sr. Presidente responde, aos gritos para não destoar, com um monólogo sobre como a sua gestão da reunião era um serviço que prestava aos setubalenses.

E no último e derradeiro ato desta peça ridícula, recomeça com mais um momento de gritaria, desta vez com outro vereador do PS, por este ter dito que não obteve as respostas às perguntas que colocou. Em seguida pergunta à bancada do PS quem é que leria uma saudação, a que o Sr. Presidente intitulou "esta coisa", e quando obteve a informação de que seria o vereador com quem inicialmente gritou, decidiu endereçar mais uns berros, ordenando-lhe que se limitasse à leitura da saudação ou era posto na rua.


Todo este comportamento arrogante e desprezível por parte de André Martins, pode ser visto na página oficial do Município de Setúbal, no Youtube ( a partir do min.56 ).


Para cúmulo, o Presidente decidiu hoje fazer um post no facebook sobre a viralidade do vídeo com a sua triste figura. Esperávamos que fosse simplesmente a pedir desculpa, tanto a quem partilhou com ele a sala no dia 15, pela conduta que teve, como a todos os setubalenses por nos ter envergonhado publicamente.

Só que não. André Martins achou muito mais adequado, à boa maneira comunista, tecer um rol de acusações a sujeitos indeterminados, ora porque só partilharam 1 minuto da reunião, ora porque tinham uma agenda oculta com a partilha do vídeo. Acusa a comunicação social de desinformação e ( a comunicação social, como devem calcular, não inclui os jornais regionais. Desses nem um piu, estão todos no bolso) aconselha os cidadãos a contextualizarem o que aconteceu para não fazerem juízos precipitados.

E neste momento pergunta-se a pessoa que está a ler isto: Bom, se assim é, o presidente deve ter acompanhado essas belas palavras com vídeo da reunião completa, certo?
Errado... é que o vídeo pode ser visto e revisto, em velocidade normal ou velocidade lenta, de trás para a frente e de frente para trás, que ninguém vai encontrar qualquer contextualização que justifique o comportamento grosseiro e mal-educado homem que preside a autarquia do município de Setúbal.

Este homem não tem (nunca teve) perfil para ser Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, e a pouco e pouco ele próprio se encarrega de nos mostrar isso mesmo.

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