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The Pólis

Uma vergonha para Setúbal

Afinal André Martins não queria «continuar Setúbal» mas sim «envergonhar Setúbal»

Esta semana a minha terra apareceu em jornais nacionais pelos piores motivos, e pelo mais improvável protagonista.

thumbs.web.sapo.io.jpgDigo improvável por ser o Presidente da Câmara, alguém de quem se espera ser o embaixador da cidade por excelência. Não tão improvável se nos recordarmos de que partido vem (PEV) e de que coligação faz parte (CDU).

André Martins, perdeu a maioria em Setúbal e, mesmo os setubalenses já tendo baixas expectativas com ele, conseguiu surpreender pela negativa. Na reunião de câmara do passado dia 15, decidiu armar-se em Brejnev, e aquando de um intervenção de defesa da honra do vereador do Partido Socialista ao vereador do PCP, interrompe-o para começar o que viria a ser um deplorável teatro.

Aos gritos, o Presidente da Câmara de Setúbal fez saber ao senhor vereador que não fazia a defesa da honra como queria e que estava a deambular há muito tempo sem concretizar. Aos gritos, disse ao senhor vereador para não brincar com ele, ameaçando cortar-lhe a palavra. A esmurrar a mesa onde se sentava, ordenou que cortassem imediatamente a palavra ao vereador quando este pedia 2 minutos de pausa nos trabalhos.

Não contente, quando o vereador do PSD intervém para dizer que concorda com a pausa na interrupção dos trabalhos, o Sr. Presidente responde, aos gritos para não destoar, com um monólogo sobre como a sua gestão da reunião era um serviço que prestava aos setubalenses.

E no último e derradeiro ato desta peça ridícula, recomeça com mais um momento de gritaria, desta vez com outro vereador do PS, por este ter dito que não obteve as respostas às perguntas que colocou. Em seguida pergunta à bancada do PS quem é que leria uma saudação, a que o Sr. Presidente intitulou "esta coisa", e quando obteve a informação de que seria o vereador com quem inicialmente gritou, decidiu endereçar mais uns berros, ordenando-lhe que se limitasse à leitura da saudação ou era posto na rua.


Todo este comportamento arrogante e desprezível por parte de André Martins, pode ser visto na página oficial do Município de Setúbal, no Youtube ( a partir do min.56 ).


Para cúmulo, o Presidente decidiu hoje fazer um post no facebook sobre a viralidade do vídeo com a sua triste figura. Esperávamos que fosse simplesmente a pedir desculpa, tanto a quem partilhou com ele a sala no dia 15, pela conduta que teve, como a todos os setubalenses por nos ter envergonhado publicamente.

Só que não. André Martins achou muito mais adequado, à boa maneira comunista, tecer um rol de acusações a sujeitos indeterminados, ora porque só partilharam 1 minuto da reunião, ora porque tinham uma agenda oculta com a partilha do vídeo. Acusa a comunicação social de desinformação e ( a comunicação social, como devem calcular, não inclui os jornais regionais. Desses nem um piu, estão todos no bolso) aconselha os cidadãos a contextualizarem o que aconteceu para não fazerem juízos precipitados.

E neste momento pergunta-se a pessoa que está a ler isto: Bom, se assim é, o presidente deve ter acompanhado essas belas palavras com vídeo da reunião completa, certo?
Errado... é que o vídeo pode ser visto e revisto, em velocidade normal ou velocidade lenta, de trás para a frente e de frente para trás, que ninguém vai encontrar qualquer contextualização que justifique o comportamento grosseiro e mal-educado homem que preside a autarquia do município de Setúbal.

Este homem não tem (nunca teve) perfil para ser Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, e a pouco e pouco ele próprio se encarrega de nos mostrar isso mesmo.

O PSD fez o que era expectável. Durante esta semana ficámos a saber que a Direção do PSD chumbou a coligação pré-eleitoral com o CDS. Pelo que veicula na comunicação social, Rui Rio não se pronunciou e deixou a sua Comissão Política Nacional decicidir sem influência do presidente.


Secalhar alguém lê esta informação e pensa que é um gesto muito democrático de Rui Rio. Aliás até pode ter sido esse o objetivo de Rui Rio ao passar esta informação para a comunicação social: enganar alguém mais distraído.


No entanto, lamento desiludir, mas Rui Rio não se pronunciou porque já sabia que decisão seria tomada pela CPN e possivelmente por toda ela, tendo os 3 votos a favor sido feitos para a notícia não fosse a unanimidade contra o CDS - não esquecer que podem ainda precisar do partido de Francisco Rodrigues dos Santos.

Percebo o argumento de alguns, do PSD e do CDS, de que os seus partido precisam de ir sozinhos para mostrarem o que valem. Porém, o que espero de líderes políticos do espectro não socialista, após 6 anos de governação ininterrupta do Partido Socialista, e com tudo a apontar para mais 4, é pragmatismo.
E este pragmatismo passa por ter a humildade e a inteligência de ver que há uma marca política de centro-direita que funciona em Portugal. Essa marca chama-se PSD/CDS, venceu as duas últimas eleições legislativas e conseguiu muito bons resultados nestas últimas autárquicas, até mesmo no alentejo.

portugal-a-frente.jpg


O pragmatismo de reerguer esta marca, dota-la das ferramentas e dos recursos humanos necessários para relembrar aos eleitores que esta é uma marca de confiança, de boa governação e de boa aceitação internacional. Que é a marca não socialista por excelência, em que milhares de portugueses confiaram localmente, e que é sempre chamada para resolver os problemas gravíssimos que são deixados nas secretárias dos ministérios quando se deixam por lá muito tempo os socialistas e as suas famílias.

Este modo de ver a política, como um serviço e sobretudo agora como uma missão de salvação do país (digo mesmo salvaçao, pois basta lermos todos os indicadores de crescimento para ver que Portugal é o país que mais afunda na UE, e em que os cidadãos vivem cada vez pior) de uma rota de desastre irrecuperável seria o que se exige num momento destes. Este seria o momento para o fazer. Não foi o entendimento do PSD. Porquê?

Porque como bom partido de caciques e de jogo político pelo poder, o PSD não consegue limpar as remelas do maquiavelismo. Não seria grave se estivessem a fazê-lo contra a Geringonça, mas optam por fazê-lo contra Portugal. Tal como o escorpião, que não consegue recusar a sua natureza, também o PSD não consegue evitar de ser traiçoeiro e, fazendo uso das sondagens que Rui Rio tanto critica, acha que é o momento ideal para se descartar do CDS, considerando que desse modo lhe dão a estocada final.

Este é um PSD que se demonstra pouco recomendável. Na incerteza e na avaliação de cenários possíveis, Rui Rio e os seus correligionários preferiram a probabilidade de matar o CDS, que a probabilidade de com o CDS, afastar António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa do poder.

Todos iremos sofrer as consequências desta decisão. Até Rui Rio.

Os socialistas são do pior, têm destruído o país e permitido um lastro de corrupção. Por estes e outros motivos, é necessário afastar o PS do poder o mais rapidamente possível.
O PSD é o PS-2, por isso não merece a confiança dos portugueses. Dito isto, estou disponível para integrar um Governo do PSD, se tiver 4 ministérios. Porque o PSD é o PS-2, e o PS é terrível.

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Não, não estou maluco. Estou a resumir a lógica com que André Ventura nos brindou na última semana e meia. É líder partidário mais fléxivel alguma vez ja visto. Ou mais troca-tintas. Diria até que deve ser o líder que mais toma por parvos os seus eleitores.
O presidente do Chega! diz tudo e o seu contrário, várias vezes, sem que ninguém o confronte com isso. Aí, a culpa é de uma comunicação social que, como já natural, se demonstra amadora quando tem de escrutinar políticos. Findo o Congresso do partido de Ventura, e correram imediatamente a morder todos os iscos que ele lançou: por exemplo, falar em "Deus, Pátria, Família e Trabalho" para a seguir dizer que representa Sá Carneiro ou lançar para o ar a ideia de que há um deputado do CDS que poderia vir a migrar para o CH. Os jornalistas lambuzaram-se com estas declarações e esqueceram-se e fazer o seu trabalho.

Só é lamentável que, por inércia do PSD, CDS e IL, a caricatura da direita esteja a tomar forma de real representação. Será prejudicial que futuramente, nem à direita nem à esquerda, exista seriedade e atitude reformista.

Na outra ponta do espectro, o irmão gémeo do CH, tambem teve mais um clássico momento em que revelou aquilo que é. Um projecto que assenta na infantilização do eleitorado, com vista à polarização. Por outras palavras,  "o que defendemos tem objetivo de melhorar a tua vida, o que os outros defendem tem o objetivo de prejudicar a tua vida".

Os "Jovens do Bloco" brindaram-nos com uns belíssimos panfletos, de layout igual aos da Iniciativa Liberal, ao quais tiro o chapéu pelo esforço, mas que unicamente tinham como mensagem dizer que a IL vinha aí para nos fazer mal.
Não se pode esperar muito de um partido trotskista, que vê nos projetos alternativos um alvo a abater (literalmente), no entanto confesso que ainda me surpreenderam, talvez porque já não faziam uma destas desde o tempo da troika, em que queriam que acreditássemos que o Passos Coelho se levantava de manhã e bebia um cocktail com o sangue das nossas carteiras.

"Slogans coloridos, promessas de amor ao "mérito" e ódio à esquerda. Os liberais vestem-se de novo com ideias velhas. O seu programa encontra-se na IL, CH e direita tradicional. Não querem saber do teu emprego, da tua vida, do mundo em que vivemos.Os liberais declararam-te guerra." - a descrição que juntam à divulgação nas redes sociais, dos seus magníficos panfletos.

 

O cúmulo dos cúmulos, é mesmo dizerem que os liberais são "os melhores amigos dos ditadores". Tal como no Chega, o Bloco também quer passar atestados de estupidez aos portugueses. Felizmente está bem documentado o apoio dos militantes do Bloco de Esquerda a ditadores e a ditaduras, ou não fosse este um partido comunista.
Produzir panfletos para pura difamação e tentativa de degradação de imagem de outros partidos é um degrau importantíssimo rumo à lama política. São estes senhores que depois fingem ser contra a polarização da política, atribuindo-a à postura dos partidos da direita.


Foram estes os flagrantes momentos de política rasteira que pudemos observar só nesta última semana e meia, por parte dos nosso dois partidos mais rasteiros (desculpem a repetição) em atividade.

Quem não se revê nesta forma de exercer a política, no reduzir daquela que devia ser uma atividade nobre,à ofensa gratuita e à mentira, tem um papel a desempenhar. Esse papel passa por não ceder, por muito tentador e fácil que seja agir desta forma, a este nível baixo de política. Passa por exigir dos partidos a maturidade e a postura institucionalista que devem ter. Que apresentem propostas e que andem na rua sim, mas para nos ouvir. Exigir que não deixem o país enredar-se num lamaçal improdutivo. Que se foquem em não atrapalhar a vida a quem quer produzir e procurar a sua felicidade em Portugal.



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