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The Pólis

Há uns meses já tinha aqui abordado a viciada relação entre as associações da minha cidade e a Câmara Municipal. (aqui e aqui) É um objetivo assumido da CDU, infiltrar-se nas associações e, ao mesmo tempo, sendo poder conseguir te-las todas no bolso. O vereador Rabaçal já há muitos anos tinha traçado este objetivo como essencial para cimentar o poder autárquico, perpetuando-o ad eternum se possível.

Chegamos a 2021, a novas eleições autárquicas e agora é colher os resultados. A fila de dirigentes associativos que prestam a sua vassalagem à campanha da CDU. A página de campanha do André Martins repleta de fotos de representantes de associações que declaram o seu apoio ao candidato.
Afinal de contas é o favorito a ganhar, acham eles, e estão não só a retribuir o apoio que lhes foi dado como a garantir que as injeções de dinheiro continuam no futuro.
É esta a triste realidade do movimento associativo setubalense. Organizações que deviam ser independentes, acabam numa profunda dependência da torneira autárquica. São comprados, gostam de ser comprados e até preferem porque agiliza muita coisa. Não têm trabalho a angariar financiamento para a associação ou a pedir donativos à sociedade civil, fazendo desta o verdadeio juiz acerca da sua utilidade pública. Optam pela via fácil, da subvenção garantida em troca de apoios partidários.

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O candidato da CDU à Câmara de Setúbal, oriundo dos Verdes (por fora, vermelhos por dentro), lançou há uns dias oficialmente a sua candidatura. 
Já não era novidade, até porque se tem dado mais um daqueles casos em que de repente o candidato está em todo o lado. André Martins é ainda presidente da Assembleia municipal, mas agora acompanha os membros do executivo para todo o lado. Uma reunião com moradores, uma inauguração de um poste, um café no café mais conhecido da cidade. O André, que nunca se via em lado nenhum, é agora um vai-a-todas!

Não obstante esse comportamento, que a ser rigoroso, é comum em muitas candidaturas de norte a sul do país, o que é caricato é o seu mote de campanha. A CDU tem trabalhado muito a mensagem que agora o candidato apresenta nos seus outdoors: "Continuar Setúbal"
Quem acompanhe a política setubalense, nota que é algo que está sempre no discurso dos membros do executivo, "só por desonestidade não se reconhece o trabalho feito"; "o resultado está à vista"; "os setubalenses notam a diferença". Entre outras tiradas, este mantra tem sido repetido à exaustão, porque uma coisa repetida muitas vezes se torna verdade. 
O objetivo é que paire no ar a ideia de que é unânime que todos os setubalenses reconhecem o excelente trabalho que a CDU tem feito.  E quem critica? Para quem critica, os membros do executivo municipal também têm a resposta mais estapafúrdia, mas que infelizmente encaixa, possível. "São pessoas que nunca fizeram nada pela cidade, e custa-lhes ver a obra feita".  
Quem engole a lenga-lenga da obra feita, é um cidadão de bem, que não engole é um inútil que nunca fez nada pela cidade. O argumento é profundamente desonesto, dado que qualquer Câmara Municipal, como é obvio tem muito mais ferramentas ao dispor para "fazer algo" pelo concelho que governa. Mas mais desonesto é a areia que nos atiram para os olhos. É que obras de embelezamento e alterações de ruas, é o que todas as autarquias fazem, é aliás o mínimo que qualquer autarquia pode fazer com os nossos impostos!

A verdade sobre o trabalho da CDU é este: Passados 20 anos, não temos dinheiro para arrendar casa, temos das águas mais caras do país, o IMI na taxa máxima e não há emprego nesta cidade, o que nos leva a todos os dias fazer 2/3 horas a caminho da capital. Continuam a haver bairros sociais, continuam a haver freguesias periféricas sem transportes, continuam a haver nessas freguesias zonas sem saneamento básico. 
Continua a ser inútil para um estudante do politécnico pensar em fazer vida em Setúbal. Termina o curso e tem de se ir embora, porque aqui só há emprego para jovens em restaurantes, cafés e alojamentos.
20 anos depois, a única coisa que a CDU tem para nos mostrar são edíficios turísticos renovados a peso de ouro, alterações nas vias de circulação e as mais de 1000 medalhas que distribuiu pelos habitantes - até o Joe Berardo recebeu uma. 

Pergunto: o que é que há para continuar aqui, André? A miséria? A falta de possibilidades de construir vida em Setúbal. Se é isso que quer continuar, fique quieto e passe a bola a outro. 

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O deputado Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda, foi acusado nas redes sociais pela sua ex-namorada, de violência doméstica. 

O desabafo da rapariga no Twitter tomou proporções inesperadas para muitos quando o tema passou para a comunicação social. 

O deputado que tinha anunciado a candidatura à Câmara Municipal de Gaia, desistiu dessa mesma candidatura por considerar que poderia prejudicar o partido e enviou um infeliz comunicado, onde diz ser ele a vítima. 

Porque é que não desistiu também do lugar de deputado? Não sab€mos... 

Mas acabou por cair no clichê, que é tantas vezes referido por militantes do Bloco, de todos os agressores: descredibilizou a alegada vítima. 

Mais surpreendente, o silêncio do partido, e a postura de Catarina Martins. A líder bloquista andou anos a querer apoderar-se do tema, dizendo ser uma bandeira do partido. Fazia apelos para não se ignorarem os sinais, para se fazer queixa, mas quando confrontada com o caso de Luís Monteiro, usou da figura da presunção de inocência. Para a Catarina não devemos ignorar os sinais, a não ser que esses sinais firam os interesses do seu partido. 

Fosse toda esta situação num partido de direita e o escândalo que não seria. Assim, como são os "bonzinhos" do Bloco, o assunto muito pouco ou nada tem sido escrutinado. 

Só há #MeToo ou #NemMaisUma quando os agressores não são de esquerda. 

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