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The Pólis

O Governo já demonstrou várias vezes que não nos tem em boa conta. Infantiliza-nos, acha-nos uma cambada de pacóvios à espera de subsídios e ordens de Lisboa.
Se a semana passada isso se consubstanciava na patranha de apresentarem uma proposta de comboio TGV Lisboa-Porto igual à que tinham apresentado no tempo do Guterres, hoje presenteiam-nos com este lindo gráfico.

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Em legenda, nas redes sociais oficiais do Governo, diz que nos últimos 5 anos houve um aumento de 22 000 profissionais de Saúde.

"Nos últimos 5 anos" - apresentam um gráfico com 4 barras, omitindo 2017.
Quanto ao aumento, a desproporção das imagens, ao nível de um gráfico do Chega, é revelador do quão nos acham estúpidos e facilmente enganáveis. Quem olha para estas barras, parece que de 2015 a 2020, o Governo investiu massivamente, mais que o dobro do que havia no ano onde se inicia a contagem. Visualmente querem-nos enfiar pelos olhos a dentro que 147.000 é pelo menos dez vezes mais que 125.000.

É sabido que o nosso forte não é a matemática, mas não nos ofendam tanto.


A semana passada foi trazido ao de cima pela comunicação social, mais um feito de Joe Berardo, desta feita em Setúbal.
Consta que o empresário, apesar de apenas possuir uma garagem com ele gosta de dizer, está a fazer obras na antiga estação rodoviária de Azeitão, transformando-a num palacete. Tudo estaria certo, não fosse a falta de licenciamento da Câmara Municipal e as aprovações de várias entidades com poder na matéria, como a Direção Geral do Património Cultura ou a das Conservação da Natureza.

Como o assunto estava a ganhar alguma relevância, não fosse o protagonista ser quem é,  a presidente da Câmara Municipal de Setúbal achou por bem "reagir" e, na minha humilde opinião, passar mais um atestado aos setubalenses.
Tendo as entidades acima referidas chumbado a viabilidade da obra de Joe Berardo, estas também acrescentaram que só a Câmara teria competência para embargar a obra, que já vem de 2019. Mas a Câmara nunca o fez. Terá sido por esquecimento? Por desconhecimento?

O jornal setubalense reporta que já em 2019 o Executivo terá dado como desculpa que o licenciamento está "em processo". Até à data de hoje, continua por processar, ao contrário das obras que avançam de vento em popa.

Este ano, Maria Dores Meira justifica-se, se é que assim se pode chamar, no seu Facebook dizendo que a situação se deve a um Plano Diretor Municipal antigo, mal feito, criado na época de governação autárquica do PS. E desata com um rol de acusações e referências a outros locais onde o mesmo sucedeu.

Não responde a presidente, porque é que fechou os olhos ao desenrolar da obra, porque é que o Sr. Joe Berardo não esperou como qualquer cidadão, pelas licenças de construção?
Porque é que a Câmara não exerceu a sua autoridade e o fez esperar? E também se esqueceu de responder se vai ter em conta os chumbos de viabilidade do ICNF e da DGPC, ou se vai licenciar na mesma o palacete do Sr. Berardo.

A presidente preferiu atirar areia para os olhos dos setubalenses, descrevendo ao pormenor os erros do PS em mil novecentos e troca o passo, ao invés de incomodar o Sr. Embaixador da Cidade de Setúbal, prémio que lhe foi atribuído por Maria das Dores. Aliás já foi anunciado que um novo PDM está em curso, no qual a obra em questão já não incorrerá em nenhuma ilegalidade, para descansar os Sr. Embaixador. Até lá, continua ilegal mas tudo bem.

Ao eco de defensores do pobre milionário, veio juntar-se a da Presidente da Junta de Azeitão, Celestina Neves. A ex-CDU, simplificou o assunto com todo o requinte demagógico que o momento pede: Quem é contra a obra, é contra Azeitão!
As infelizes declarações da autarca, em entrevista ao Setubalense, não se ficam por aqui, pois ainda acrescenta que todos deveriam agradecer a Joe Berardo, sendo que " Graças a si [Joe Berardo], a paisagem de Azeitão está mais bonita e encantável”.

Temo que, não fosse a obra ter já garantida licença, e Celestina Neves inciaria uma campanha digital #SomosTodosBerardo , que seria complementada com uma marcha dos lesados de Azeitão, dada a desgraça em que caíria a freguesia sem aquela obra, e a injustiça que seria para tão honorável benfeitor.

2020 é realmente um ano surpreendente. Nunca esperei ver comunistas a defender as ilegalidades de milionários. Outrora quereriam quase a cabeça de Joe Berardo, ainda para mais tendo este deixado um buraco nos bancos onde passou, que o povo está a pagar.
Já não se fazem comunistas como antigamente.

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"Vocês é que são a Direita que a Esquerda gosta!"

 


É a primeira página em todos os jornais de referência espanhóis. Pablo Casado, do Partido Popular espanhol, votou ontem contra a moção de censura do VOX (Chega versão espanhola), e apresentou uma brilhante e severíssima intervenção no Parlamento.

Pablo Casado puxou dos galões do seu partido e desconstruiu, uma a uma, todas as fraudes em que a extrema direita se alicerça para crescer. Sem medo de evocar a história do partido, de vincar os valores que guiam o partido e o seu europeísmo convicto, demonstrou como o VOX e quaisquer partidos como este, servem mais os interesses da esquerda, que os da direita.

Considerou o Presidente do PP espanhol, que os eleitores que sairam do PP e se passaram para o VOX, foram enganados, pois este é um partido que não pretende construir ou unir. E não, não combate a esquerda, só a ajuda a reforçar os preconceitos que incute na sociedade, apresentando a caricatura como um retrato fiél.

Quem se senta ao leme destes partidos não pretende representar nada, senão o seu próprio interesse pessoal, à custa da discórdia e do extremar de posições. É triste que por cá não se entenda isto,  que ainda ninguém tenha exposto a extrema direita tal como fez Casado: como uma aliada silenciosa da esquerda.

Dizem que Pablo Casado conseguiu, em 35 minutos, renascer das cinzas, fazer-se líder e novamente dar um ânimo à direita liberal-conservadora.

Este pulsar, pode e deve ser sentido pelo CDS, se quiser voltar a singrar. Francisco Rodrigues dos Santos tem de tirar daqui lições e virar o tabuleiro de jogo a seu favor.
Não há melhor ativo para um partido que a sua história, por muito que os extremistas queiram fazer ver o contrário e até lhes dê jeito que ninguém tenha memória.

Por cá também temos direita impostora, que precisa de ser revelada, ou vai continuar a descascar o espaço moderado e sensato de direita. O CDS não pode continuar a permitir, não só que o colem ao Chega, como que este último lhe roube bandeiras e se auto-intitule pioneiro das mesmas.
Não é a esquerda, cavalgada por extremistas de um lado (BE, PCP) e por oportunistas do outro(PS), que vai combater a extrema-direita em Portugal. Porque essa é a direita que eles queriam há muito ter à frente, para lhes dar razão, para lhes trazer heroísmo à causa.
A extrema-direita tem de ser combatida, como diz Casado, pela liberdade, tolerância e sensatez.

O CDS tem de beber da poção Casado, e puxar também as orelhas ao Chega, usando para isso toda a sua experiência e o papel que desempenha há anos na democracia portuguesa.

O PSD está corrompido pela vontade de não antagonizar o PS, com um líder fraco, que perde mais tempo a fazer oposição à oposição interna e aos meios de comunicação social, que ao Governo.
A Iniciativa Liberal não tem maturidade suficiente para arcar com um papel de representação da Direita.

Sobra um, se quiser e se for capaz de replicar o que os seus partidos irmãos pela Europa fora fazem. Vejam o vídeo e tirem as vossas conclusões:

 



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Quem é de Setúbal e anda pelas redes sociais, está familiarizado com os 40 grupos de Facebook que existem, alegadamente para e sobre Setúbal.
A quantidade de grupos é muita porque as motivações também são distintas: há grupos criados por gente do PS, do PSD, do PCP e do Bloco. Depois há outros criados por coligação, em que os administradores são PS+PSD, PS+PCP, PS+PCP+Bloco, etc. Também há dos anti-política, dos vitorianos, dos que se fingem imparciais em todos os assuntos, enfim, há mesmo para todos os gostos. Mas há um género de publicação que atravessa todos estes grupos com o mesmo sucesso. São aqueles posts a que chamo, "post violino". Este género caracteriza-se pela masturbação do alegado orgulho em ser de Setúbal, com recurso a desmedidos elogios, ainda que soem ao mais falso possível.
Têm centenas, às vezes quase milhares de "gostos" e quase o mesmo número de partilhas. Os autores são também aclamados pela excelência dos seus textos, candidatos a Prémio Nobel da Graxa, perdão, da Literatura.

"setubalense é também um sentimento de que ela nos pertence e um verdadeiro setubalense defende-a sempre com unhas e dentes. E claro é do Vitória de Setúbal."

"De repente tudo menciona as ofertas turísticas, as praias paradisíacas e riqueza cultural que Setúbal oferece, o nosso Vitória de Setúbal…"

"São as pessoas desta cidade, que me apaixonam todos os dias, a sua vontade de viver e desfrutar a vida e de tudo o que ela tem para oferecer."

"Há gentes humildes e simpáticas em cada esquina, que nunca deixam de ter histórias para contar — se o fizerem com o sotaque inconfundível, ai que delícia de conversa.Para não falar da união de cada vez que joga o Vitória. Antes da partida, as rodadas de imperial são pagas até a quem não se conhece e os amendoins ou pevides dividem-se por todos os que estão presentes."

"Setúbal, que posso mais dizer sobre ti? Muita coisa certamente, mas o meu amor por ti é sem dúvida o mais importante. Obrigada, Setúbal."

"Dos almoços de domingo, dos encontros no café da Barreira para tomar o pequeno-almoço e de dizer ao meu padrasto para ele ir à lota comprar pelins para fazer com arroz de tomate.Quero voltar a ligar à minha mãe para lhe contar dos salmonetes que comprei na praça e para lhe dizer que marquei almoço para a uma nas enguias do Faralhão."

Estas pérolas sadinas, felizmente estão quase todas compiladas no mesmo sítio. Há muitas mais mas não quero revelar já tudo, fica para o leitor descobrir. 
Estas pessoas descobriram uma fórmula para ter sempre sucesso naquilo que escrevem, e fazem-no sem conta, peso ou medida.
Quem lê estas crónicas, mesmo que seja de Setúbal, fica a achar que algo de errado não está certo consigo próprio. Estes concidadãos, pelo que nos dão a entender, comem sandes de choco ao pequeno almoço acompanhado de moscatel. Para os filhos, desde pequenos que lhes servem umas papas de sardinha e ensinam o hino do Vitória.
Depois, aquando dos seus 5/6 anos, tentam perceber se os putos falam com sotaque, se não o fizerem contratam um explicador de charroco pois seria uma desonra não falarem assim... Aos 18 anos, se ainda não tiverem carta de barco, são expulsos da família.
Estes verdadeiros setubalenses, têm casa forrada a verde e decorada com pinturas da arrábida entre os golfinhos em cerâmica que compram todo os meses na Feira de Velharias.

Os outros, ou se contentam em aplaudir, concordar e partilhar ou, não sendo como os protagonistas dos textos devem remeter-se à sua insignificância pois apenas só são setubalenses porque o acaso os fez nascer no hospital S.Bernardo.

 Estas crónicas amplamente divulgadas no Facebook (particularmente), para mim, são enjoativas e não há pachorra para estas tangas do amor a Setúbal. Acho que aquelas rotinas que descrevem são tão verosímeis quanto a imparcialidade jornalística do jornal "Setubalense" ou quanto o comunismo da presidente da Câmara.
E quanto a mim, "ser setubalense" é o que eu quiser, se é que "ser setubalense" significa alguma coisa. Ninguém tem de ser vitoriano, comer choco e dizer que Setúbal é a sua cidade preferida para ser um "verdadeiro setubalense".
Podem colocar os atestados de autenticidade setubalense no sítio onde colocam a espinha quando escrevem estes textos. 

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Gerou-se a indignação geral, as tropas digitais pró-liberdade já se reúnem, as fotos de telemóveis antigos circulam abundantemente pelas timelines das nossas redes sociais: "Não passarão!" proclamam do topo da sua cadeira de escritório IKEA.

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O Governo lançou, em conjunto com as medidas do mais recente Estado de Calamidade, a ideia de que a aplicação de telemóvel Stayway Covid tem de ser obrigatoriamente instalada por todos nós e, hoje já sairam manchetes de como já estão a mobilizar as forças de segurança para executar a necessária fiscalização.
Entretanto, já andamos todos a discutir sobre como tudo isto é uma afronta às liberdades de cada um, a Iniciativa Liberal lançou imediatamente uma imagem para se colocar na dianteira da defesa da liberdade e sugere-se em jeito de piada que o Governo vai oferecer smartphones.

António Costa e a sua equipa sabem muito bem que a regra de obrigatoriedade de instalação de uma aplicação não passa de uma tontice. O plano nunca foi realmente vir a fazê-lo mas caímos que nem tordos. O primeiro-ministro tem alguém muito maquiavélico e criativo na sua equipa, para ter tido esta ideia.

Era quase indiscutível que se teriam de tomar medidas face ao aumento exponencial de infetados com covid-19, mas há que ver que o mundo, e em específico o país não pára por isso. Estávamos a meio da discussão do Orçamento de Estado, documento esse no qual já foram encontrados vários erros, gralhas e ditos por não ditos. Os parceiros da Geringonça não revelam jogo e, particularmente o Bloco de Esquerda optou por acentuar o seu teatro pré-aprovação, com exigências novas todos os dias e declarações públicas.
O PSD, ainda que para o Executivo não conte como parceiro para aprovação do Orçamento (a ministra Mariana V Silva disse isso mesmo ontem em entrevista), não por falta de vontade de Rui Rio, também ainda não informou sobre o seu sentido de voto.
Este é também o primeiro OE sem o toque do Ronaldo das Finanças, ou seja, não usufrui de tanta credibilidade, e é um OE de preparação da crise. Todos sabemos que a crise é uma oportunidade para os partidos da oposição abrirem feridas aos Governos. António Costa não está para isso, e opta por um arriscadíssimmo virar do tabuleiro: A app será obrigatória nos telemóveis de toda a gente!

Não será. É impossível fazê-lo, quer pela impraticabilidade da fiscalização, quer pelos antagonismos que ia gerar, quer pela provável insconstitucionalidade da medida. 
Mas o Governo já instalou a app onde queria. Instalou-a nas nossas conversas virtuais e reais, nos partidos e nos meios de comunicação social. A app é o hot subject do momento, o que permite uma diminuição pacata do prazo até à data de aprovação do OE. O Bloco já não consegue fazer o seu teatro para animação interna, pois os orgãos de comunicação e a população não estão interessados. Já ninguém quer saber se o PCP vai votar favoravelmente ou não.
Os partidos da Direita, apesar de já terem sinalizado o voto contra, também agora só estão preocupados com os telemóveis da nação.
Esta folga permitirá pressionar o Bloco e o PC, que chegarão à data da votação do Orçamento sem ter reivindicado publicamente nada, e terão de aprovar o documento ou serão acusados pelo seu eleitorado de entregar o país à Direita novamente. Os parceiros da Geringonça vão ter de fazer as suas exigências em privado, pois o público está contaminado pela App do momento.

Está instalada a app e desinstalado o escrutínio. Parabéns aos envolvidos.

Esta semana deparei-me com dois casos flagrantes de contradição ideológica e falta de coragem por parte da Presidente da Câmara Municipal de Setúbal.

O primeiro, por si só, até não me levaria a escrever nada sobre o assunto. O segundo, acumulado com o primeiro já me "obrigou" a torturar o teclado e os olhos de quem lê este blogue.

Este fim de semana foi re-inaugurado o Convento de Jesus, com todo um espetáculo, na minha opinião desnecessário e contraproducente tendo em conta a situação que vivemos (hoje já estamos em Estado de Calamidade), de projecção de imagens, concerto e atores contratados para interpretar figuras históricas, etc.
O hábito faz o monge, e aqui por terras sadinas já estamos habituados às megalomanias da Excelentíssima Sra. Presidente. Alguns apreciam, não é o meu caso.
Acontece que a Presidente, não satisfeita com o status quo de que já ususfrui e faz questão de vincar publicamente, seja através de indumentária, seja através da alimentação de uma corte à sua volta, a Sra. Presidente decidiu que desta vez queria ser mais: Queria ser realeza.

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Qual não é o meu espanto quando, circulando por publicações de Facebook e fotos da inauguração do Convento, me deparo com os Convidados de Honra da autarquia: Os Duques de Bragança!
Dizem uns, que foram representar os originais mandatários da obra do Convento. Ou estão toldados pela ingenuidade ou são pequenos candidatos a spin.

A verdade é que em Portugal, os republicanos apesar de terem conseguido abolir a Monarquia, com alguma violência até, nunca aboliram o sentimento de inferioridade e fascínio com a aura de poder natural que os monarcas, um pouco por toda a Europa, conseguiram cultivar. Não é por acaso que, no filme-documentário "The Crown", o fotógrafo da família real, quando confrontado com os protestos da irmã da rainha por pretender ser fotografada num registo mais natural, ligado ao país real, este lhe tenha respondido que ninguém quer ver o mundo real. O povo quer fantasiar, quer ter uns minutos a imaginar como será estar na pele de uma princesa, com toda a reverência e excentricidade que isso acompanha. 
Claro que, não se sabe se este diálogo tem algum fundo de verdade, mas que faz sentido, faz.

A presidente decidiu então convidar os Duques de Bragança, herdeiros de um regime morto, para ela própria ter os seus minutos de realeza. Mesmo que zombie. Deparamo-nos então com o rídiculo de ter um Monárquico e uma Comunista a descerrar a placa comemorativa da inauguração.
A Sra. Presidente, candidata a Condessa, não se importou de pisar nos valores republicanos que lhe foram conferidos pelos eleitores, nem nos valores ideológicos do seu partido, para criar o seu momento de Nobreza.
Ao que parece, a terra "é de quem a trabalha", mas os conventos mandados construir por reis, já não.


O segundo momento da semana, foi a notícia de que Joe Berardo comprou e tem alterado à sua vontade, a antiga estação rodoviária em Azeitão, para criar um palacete. Tudo muito certo, excepto a falta da licença necessária para o fazer.

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Quando confrontada com o caso, a edil respondeu que está a decorrer o processo de licenciamento.
Portanto, acrescendo ao facto de termos um dos maiores devedores à Caixa Geral de Depósitos, ou seja a nós todos, que andou nas comissões parlamentares a dizer que não tinha nada em seu nome, a gastar 2000 milhões num edíficio, ainda temos a complacência da Presidente da Câmara.
Talvez esta primeira parte não a afecte, dado que foi uma fervorosa apoiante do banqueiro Tomás Correia - mais um atropelo ao que o partido defende - e portanto gente que arruína bancos com dinheiro público não a incomoda. Mas então que dizer da falta de mão, num tipo que compra e reconstrói sem licenças, faz e desfaz a seu bel-prazer, sem que ninguém se imponha? Estamos a testemunhar um privilégio com o patrocínio de Maria Dores Meira? Também já não há problema para a autarca do PCP, que um milionário se sinta privilegiado e acima da lei?


Na minha ótica, nem que fosse por uma questão de justiça para com o gozo deste senhor a todo o povo português, a Câmara tinha era que encontrar forma de não lhe atribuir licença nenhuma e pô-lo no sítio.

Mas tal como disse anteriormente, num artigo algures aqui, esta Presidente é tão comunista como... Joe Berardo.


Praxes

e as vantagens da pandemia

Este ano, como consequência do estado pandémico em que vivemos, no ínicio do ano letivo do ensino superior surgiram várias notícias de que as praxes seriam suspensas, como forma de não se correr riscos de incumprimento das normas da DGS.


Não sei se o foram em todo o lado ou não, ou se suspenderam ou modificaram apenas algumas atividades. É impossível aferir a veracidade destas afirmações, pois antes da pandemia tanto as instituições de ensino superior (IES), tanto os estudantes, mentiram e arranjaram estratagemas para que as praxes decorressem mas de forma a que os reitores e presidentes pudessem, caso necessário, aparecer nas notícias de "mãos limpas". Sempre houve um elevado nível de hipocrisia para defender uma atividade sem nexo.

Mas partindo do princípio de que somos todos muito honestos e portanto é mesmo verdade que foram suspensas, só tenho a dizer : sorte a dos novos estudantes!

Não me considero anti-praxe, como gostam as associações académicas e comissões de praxe catalogar, pois nunca fiz nenhuma apologia junto de nenhum colega para que deixasse a praxe, quando frequentei o ensino superior. Mas sempre tive a minha opinião quando me perguntavam, e não é favorável.

Parte logo da retórica de "nós vs eles" que se incute nos caloiros, sendo que "nós" são os que alinham nas praxes e supostamente têm mais "espírito académico" (ainda não se sabe muito bem o que isto é), e o "eles" que são todos os que não alinham e portanto são automaticamente rotulados de anti, chegando-se ao rídiculo de se lhes querer vedar o uso do traje académico - cada vez mais traje de praxe.

A partir daí, é sempre a descer. São dadas as justificações mais patéticas possíveis para defenderem o triste regabofe. O que mais gosto é o das "pessoas incríveis" que se conhecem na praxe, evocando um suposto estreitamento de laços que acontece algures entre o ovo na cabeça e o rebolar no chão. A maioria das pessoas que chega ao ensino superior teve, no mínimo, de fazer 12 anos de escolaridade. Se nunca precisou de dar cambalhotas para fazer amigos, conhcer "pessoas incríveis" e integrar-se, duvido imenso que precise de o fazer quando chega ou está a chegar à maioridade.


Veem-se estudantes a dar ordens a outros estudantes, submetendo-os a uma hierarquia onde quem mais chumba mais importante é. Desde o Meco, que gostam sempre de dizer várias vezes que "Só faz quem quer", colocando o ónus da decisão no caloiro, muitas vezes de 17 anos, que acabou de chegar ao ensino superior e recebe toda uma lavagem sobre os efeitos nocivos de não fazer a praxe - não usar o traje, não viver o "espírito académico", não ficar integrado na turma e, como diz em alguns manuais de praxe, não participar nas atividades académicas. Mas a escolha é simples, só fazem porque querem...

Os que a fizeram, não suportam a ideia de que novos estudantes possam usufruir de tudo, em especial do traje, sem cumprir a "recruta", e muitos esforçam-se para que seja uma recruta memorável, muitas vezes pelos piores motivos.

Outro argumento é o da tradição académica ou espírito académico. A tradição cai por terra, especialmente quando falamos em politécnicos e universidades privadas. Não é tradição, é imitação.
O espírito académico, ninguém sabe muito bem definir o que é, mas a única coisa que a praxe tem de académico é ser feita (e às vezes nem isso) no mesmo espaço físico da academia. Mas por essa lógica de ideias, almoçar no refeitório é uma atividade de cariz académico. O tal espírito, dizem que se prende com a entreajuda e a animação. Ou seja, algo que se encontra em qualquer grupo, mas aqui é feito com pessoas vestidas de preto.

Os estudantes que praxam nunca sabem justificar decentemente porque é que se submetem a ordens rídiculas, que muitas vezes implicam esforço físico e falta de higiene. Quando os argumentos são atirados por terra, um a um, carregam no botão "não fizeste, não percebes".
Eles é que ainda não se aperceberam que colaboram com uma alegada tradição de alívio de frustrações, que é patrocinada por N marcas, e que esses sim são os grandes interessados em manter as praxes.

Acabem com as praxes e os seus rituais inventados, com as tradições saídas da cabeça de um grupo de estudantes bebâdos há uns anos atrás, e há muita gente que perde dinheiro. Por isso é que é tão importante que se mantenha vivo espírito académico, pela saúde das contas bancárias de associações, lojas de trajes, de cervejarias e demais materiais, alguns que trabalham especificamente só nesse âmbito.

Se os novos estudantes não fizerem as praxes, ainda bem para eles. Não perdem nada.

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Um amigo fez-me chegar um vídeo muito interessante. Não a parte do Big Brother, mas a parte dedicada a Luís Filipe Vieira (mais ou menos ao minuto 8). É um pequeno apanhado que nos permite perceber melhor o tipo de pessoa que tantos políticos gostam de orbitar à volta, desde o primeiro-ministro ao líder do Chega.

Vale a pena ver :

 

Estamos ainda longe de terminar este calvário do coronavírus, e quem tem responsabilidades quer sobre a sua família, quer sobre alguma instituição, só pode estar preocupado. A economia está e vai continuar a sofrer um abalo, o desemprego voltará a ser uma realidade para muitos, e encontrar o primeiro emprego passará a ser uma miragem para tantos outros.

Setúbal é, historicamente, uma cidade muito afetada pela miséria e pela pobreza. A sua proximidade com a capital, parece ter-lhe provocado um efeito de osmose no que aos piores defeitos de Lisboa concerne.

Os efeitos já se fazem sentir, e dou hoje o exemplo dos sem-abrigo, que são acompanhados com muita dedicação e esforço pelos voluntários da CASA - Centro de Apoio aos Sem Abrigo
Esta instituição lançou há pouco tempo um post no Facebook, onde informa que os pedidos de ajuda quase triplicaram e onde já não se incluem apenas sem abrigo, mas também famílias.

Isto são informações angustiantes e assutadoras, que me revoltam quando, em contraste, verificamos em que é que a Câmara Municipal de Setúbal tem andado a divertir os amigos da presidente, esbanjando dinheiro público.
Desde o ínicio da pandemia, a autarquia já gastou cerca 188 mil euros em decorações ( aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), tendo há sensivelmente 3 dias feito mais um. Esbanjar dinheiro, com tanta gente em dificuldades.
Não ponho em causa que o amigo da presidente decora muito bem os espaços. Mas será uma prioridade no presente momento?
Além destes projetos decorativos, choca também ver o preço que se pagou para colocação de umas letras em 3D e uma peça decorativa em forma de bola de raguêbi gigante.

Pode parecer uma mesquinhice, mas acho que não é o momento adequado para megalomanias, tendo em conta a situação difícil que os setubalenses já estão a atravessar, e a perspectiva de que muitos mais virão. Pelos ajustes directos que são feitos, só sei de um que não vai ter dificuldades, pelo menos enquanto a presidente quiser andar a brinca ao Querido, Mudei a Casa.

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