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The Pólis

Um homem matou outro em Moscavide. Um homem idoso matou um outro homem jovem em Moscavide. Um homem idoso e branco matou um homem jovem e preto.

Escolha a frase que melhor lhe convier.

Infelizmente, pelo ambiente mundial, americanizado, que se vive afastomo-nos sempre do essencial para discutir o acessório. Eu escolho a primeira frase, porque considero ser a correta. Seja qual for a motivação, um homicídio é um homicídio. O que se tenta fazer dele a seguir, é só a amostra da putrefacção que se vive na política.

A discussão patética do "Portugal é Racista" vs "Portugal não é racista", está de volta, e os extremos políticos já a recebem de bom grado.
Eu não sei se Portugal tem um racismo institucional ou não, mas sei que Portugal não tem níveis de racismo comparáveis com aquele que querem fazer crer que temos. Não, os pretos não temem andar na rua, nem temem imediatamente pela vida quando abordados pela polícia. Isto não são os Estados Unidos da América.
Por incrível que pareça, os pioneiros a  importar polémicas americanas para cá, são os mesmos que fazem bandeira, a luta contra o americanismo por representar o climax do capitalismo - falo do Bloco de Esquerda.

O Racismo só não existe onde não exista gente. Deve ser repudiado e criminalizado. Mais que isso tem o efeito inverso: acicata-o. Ter um partido a dizer constantemtente que vivemos num país de brancos contra pretos, vai provocar a existência de um partido que diga o oposto. Até há bem pouco tempo só contávamos com um, agora já contamos com o segundo. O Chega, na sua senda de dar nas vistas, já chamou a si o papel de contraria a esquerda em tudo, nem que para isso tenha de dizer as maiores barbaridades.
Portanto, descemos ao nível em que temos o BE a dizer que há gente que considera não haver racismo em Portugal, e o Chega a dizer que há quem considere que tudo é racismo.

Isto não serve de nada, nem ajuda em nada. Só piora, só divide, só alimenta e cria hostilidades desnecessárias entre portugueses. Estes dois partidos são o espelho um do outro, e aproveitam tragédias para promoverem as suas agendas.

Eu continuarei a fazer o possível por evitar esta dicotomia tola. Acho que é de bom senso, perceber que há gente decente e gente indecente em todo o lado. Nem somos todos santos, nem todos pecadores.

O importante é que se faça justiça, e que o homem que matou outro homem seja punido.

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Os memes geram-me um sentimento ambíguo: se por um lado exprimem posições, sentimentos e satirizam momentos com muita eficácia por se cingirem a uma imagem, por outro são espelho da nossa (in)capacidade e (in)disponibilidade para interpretar algo que vá além das duas linhas de texto.

Enfim, fica para uma outra reflexão. Encontrei este meme na página de Instagram "InspetorMarx" e acho que sintetiza muito bem o que se passa em Portugal.

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A personagem Thanos, dos filmes da Marvel Comics, na imagem é o PS. Tal como Thanos, vai acumulando pedras especiais (que aqui são os partidos) na sua luva de poder. Tendo todos sob a sua alçada, o poder é praticamente ilimitado e permite façanhas como a de ontem em que foram aprovadas medidas de puro ataque ao regime democrático - dificultar candidaturas independentes às autarquias, aumentar o número de assinaturas para uma petição ser leva à Assembleia da República e, a cereja no topo do bolo, diminuir a regularidade dos debates com o Primeiro Ministro.

Conheci nos meu tempos de 3º ciclo quando frequentava a explicação, um jovem mais velho que eu, que já estava provavelmente no 11º ou 12º ano. Vamos chamar-lhe Carlos.
O Carlos não tinha uma personalidade particularmente carismática, aliás até era bastante calado. Tinha um estilo que é normalmente chamado de "gótico" e era sobrinho da explicadora. Ela, já idosa, como não tinha netos via-o como um neto e partilhava connosco, de vez em quando, alguns factos sobre ele como as notas ou a relação supostamente engraçada que tinha com o avô. Foi nesse último tema - a relação com o avô - que até hoje retive um "fun fact" da altura, relativamente ao Carlos. Ele era fã de bandas de Metal bem pesadas, e colecionava discos vinil das bandas. Tendo em vista esse objetivo, o Carlos, segundo a minha explicadora, tinha desenvolvido uma estratégia para aumentar a coleção às custas do avô.
Sendo o senhor também um coleccionador de vinis, de outras bandas claro está, o Carlos aproveitava os aniversários do avô e o Natal, para lhe oferecer discos...de bandas de Metal.Como o avô não gostava daquele género musical, os discos acabavam por ficar para o Carlos. Assim o Carlos conseguia comprar mais discos para a sua coleção, usando como pretexto as prendas para o avô.

Porque é que me lembrei do Carlos? Porque ontem depois da confirmação de que o PSD e o PS iam aprovar a nova regularidade dos debates parlamentares com o Primeiro-Ministro (PM), surgiram muitas teses acerca do porquê de Rui Rio querer diminuir o número de vezes que o PM é obrigado a ir prestar contas ao plenário. Uma delas a de que o deputado está a preparar o terreno para quando for ele a ocupar o lugar de António Costa. Tal como o Carlos, Rui Rio estará a dar prendas a António Costa, porque acha que vai ficar com elas.


É uma tese que tem alguma graça porque se imagina Rui Rio a achar que vai ser Primeiro Ministro. Tendo mais a acreditar que quem equaciona esta hipótese acredita mais na ideia que o presidente do PSD vai ser PM, que o próprio visado na tese. No entanto, havendo a hipótese de que Rio ache mesmo que vai chegar a chefe de governo, tiro-lhe o chapéu pela ambição mas lamento informar de percorrendo o calvário da Oposição da maneira que o está a percorrer, ninguém lhe reconhece capacidade para ganhar umas eleições ao PS, nem que o António Costa desta vez consiga mesmo agarrar-se ao pescoço de um idoso mentiroso.
Mas há outro motivo que me leva a tirar-lhe o chapéu e que gostava de um dia ver esclarecido. A forma como anestesia toda a índole democrata e reformadora do partido que lidera. Como é que consegue convencer 78 deputados de um partido fundador da nossa democracia a concordarem com o fim dos debates quinzenais com Primeiro-Ministro. Ninguém se opõe, ninguém tem uma opinião divergente quanto "ao menos espetáculo e mais trabalho" do deputado Rui Rio? Ninguém se ofende com estas tiradas populistas ao nível do deputado do Chega?

Cúmulo dos cúmulos, conseguiu colocar o PSD a suplantar a ideia do PS e apresentar uma proposta ainda pior! É que enquanto o PS queria colocar o PM a debater de 2 em 2 meses, o PSD propôs que apenas se debatesse 4 vezes por ano...
Teve de ser o Partido Socialista a negociar e convencer o PSD a desistir dessa proposta e apoiar a dos 2 meses. Acabam por sair destas negociações como o partido mais sensato.
Quão de pernas para o ar tem de estar o nosso Parlamento para termos o partido de Governo a pedir para que se escrutine menos o Governo, mas não tão pouco como o principal partido da Oposição quer?

Li também hoje: "PS e PSD em mudar debates quinzenais". Não podia este título estar mais errado. Os isolados são todos os outros partidos que mesmo votando contra, não conseguem evitar este despejo de ácido sulfúrico sobre a nossa democracia. Os isolados somos todos nós que, chocados com esta promiscuidade entre PS e PSD, não podemos fazer nada para o evitar.


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No Facebook está em "vigor" uma boa iniciativa por parte da Juventude Popular (JP) de Setúbal.

Trata-se de responder a questões sensíveis relativamente ao CDS, de forma a descontruir alguns preconceitos. Considero a inciativa boa porque me parece que em Portugal, a esquerda fica muitas vezes sem contraditório quando faz algumas acusações e aproveita a ignorância política da população para disseminar algumas inverdades.

Então, na página da JP Setúbal encontram-se respostas às questões:

- Porque é que ainda se continua a ouvir que a Direita é fascista?;
- A Direita só defende os ricos?;
- Por vontade da Direita não existia SNS?

Parecem-me questões relevantes.

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No dicionário Priberam, da Língua Portuguesa, a palavra "estar" tem 34 significados possíveis. Já a palavra "fazer", tem 40. Em nenhum deles, conseguimos encontrar a ligeira semelhança para que possamos associar estes dois verbos. Estar não é fazer. E fazer nunca será o mesmo que estar.

Vem isto a propósito do pequeno fait-diver que tem entretido alguns políticos e eleitores que apreciam a politiquice. Começou com a crítica do deputado Moisés Ferreira (BE) ao líder do Chega, de faltar várias vezes às reuniões das comissões parlamentares, e veio ululando até hoje, em que já podemos encontrar algumas peças jornalísticas sobre as faltas dos deputados na Assembleia da República.

Não é que seja uma novidade, os jornais apresentarem estes dados, mas gerou-se alguma atenção por vir tão próxima do acima referido acontecimento. Como era de esperar cada partido e cada político tem pegado nos dados publicados e recortado à sua maneira, para fazer a devida auto-promoção ou acérrimo ataque.

O Bloco de Esquerda insistiu nas faltas do deputado do Chega. O Chega inventou faltas à líder do Bloco de Esquerda. A Iniciativa Liberal aproveitou para propagandear as zero faltas do seu único deputado, Cotrim de Figueiredo.

Depois, isoladamente, nos outros partidos, cada deputado que tem uma ficha de presenças "imaculada", faz a sua publicidade, conotando essas presenças com árduo trabalho em prol da população.

Surpreende que tanta gente se deixe levar por esta conversa de chacha e que continuemos a ter discussões políticas tão infantis. Se os deputados acham que a produtividade se mede pelo tempo que passam no Parlamento, é muito mau sinal. Se nos estão a tentar ludibriar, utilizando estes dados premeditamente mesmo sabendo que não significam nada, é muito mau sinal também.

Encontramo-nos no ano de 2020, e já é mais que certo e sabido que trabalhar mais ou estar mais tempo no local de trabalho, não significa ser-se mais produtivo. Então porque é que há quem ache que isto não se aplica aos deputados da Nação?
Eu, por exemplo, escrevo este texto no meu trabalho, quando devia estar a executar aquilo para o qual me pagam. Estou aqui, mas não estou a trabalhar.

O André Ventura tem cerca de 2 minutos para falar por debate, e no entanto consegue fazer mais barulho que alguns deputados que dispõem de muito mais tempo ou que estão lá há muitos anos, alguma vez vão fazer durante toda a sua carreira. Para os objetivos do partido dele (que passam por dar nas vistas) está a ser muito produtivo.
Já o Ferro Rodrigues, quando foi líder da bancada parlamentar do PS, conseguia ter muito tempo e não acrescentar nada aos debates, entediando toda a gente à sua volta. O Jerónimo de Sousa consegue, há décadas, dizer sempre o mesmo independentemente do tempo que dispõe. (umas vezes mais, outras vezes menos, consoante os resultados das eleições). A deputada Isabel Moreira pinta as unhas nos debates. A produtividade da presença de cada um, depende da vontade e capacidade que têm, não do tempo.

O trabalho de um deputado vai muito mais além do que discutir para entretenimento popular. E o seu trabalho não mensurável pelo número de presenças ou ausências que constam na sua ficha mecanográfica.

É redutor e insultuoso que nos queiram passar um atestado de tolice, sugerindo que o melhor deputado é o que está de corpo presente em todas as reuniões plenárias.

Nós queremos é que apresentem trabalho, não a folha de presenças.

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Não ofender, tem sido o mote nos últimos tempos para proibir, apagar, recuar, evitar em inúmeras situações. Umas vezes por iniciativa estatal, outras de índole privada e até de cariz pessoal. Também tem originado acérrima discussão entre os que defendem o direito a ofender e os que têm uma lista interminável de situações que consideram ofensivas.


A TVI, e especificamente o reality-show Big Brother, têm (não sabemos se oportunisticamente ou não) surfado esta onda com grande destaque. O programa tem apostado em evitar situações ofensivas, ao sabor do que se vai escrevendo nas redes sociais. Violência físíca e verbal, expressões discriminatórias, bullying entre outros, têm sido veementemente repudiados e reprimidos pela organização do programa. Por vezes díscutivel, mas na generalidade bem apontado. Ainda que acabe por tornar um programa que, já por si é bastante censório, num quadrado bastante reduto, de liberdade. Não espelha de todo o que é a vida "cá fora", como é apanágio dos promotores do formato, dizerem.
Durante o fim-de-semana, parece que uma ex-concorrente do programa, Sónia Jesus, se estreou numa nova via profissional: Repórter. A novidade acabou por colidir com alguma indignação, muítissimo moderada, nas redes sociais. Não é que não se esteja habituado a ter incompetentes a trabalhar na televisão, ou a ver promovida, gente sem qualquer formação para o que faz. Mas cada vez custa mais.


A TVI que se tem preocupado tanto em não ofender, não terá ninguém na Direção que veja o quão ofensivo é catapultar uma ex-concorrente de reality show dos mercados, diretamente para o lugar de repórter?
Há milhares de jovens, todos os anos a ingressar em cursos de jornalismo, comunicação social, ciências da comunicação e que na maioria dos casos nunca vêem retorno para o investimento pessoal e financeiro que fizeram. É justo que fiquem em casa a depararem-se com uma Sónia a exercer algo para o qual não tem absolutmente mérito nenhum?
Serão os diretores de programas da TVI assim tão desprovidos de ética e brio profissional, que não se importam de negligenciar a prórpia área em prol de audiências?

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É caricato que este tipo de desrespeito pelos estudantes e pelos pais dos estudantes, não seja tido em conta como "conteúdo ofensivo". Os pais ficam confortáveis a ver que andam a financiar cursos aos filhos para chegarem estas pessoas e passarem à frente?
Os coordenadores de cursos superiores de comunicação não têm nada a dizer? As Instituições de Ensino Superior onde são leccionadas estas àreas, não se importam com a desvalorização que isto significa para os cursos?
Esta é mais uma daquelas situações que não se vê noutra profissão. Porque mais uma vez fica patente, que se olha para os profissionais da comunicação como palhaços de circo. Não se ousaria colocar um qualquer a fazer de advogado, engenheiro ou gestor. Mas aqui, quem entreter melhor passa à frente de quem se esforça e dedica uma parte da sua vida a estudar para exercer a profissão.

 

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Ontem, durante um directo da CMTV, o repórter Paulo Jorge Duarte foi atirado a uma piscina por alegados membros da claque Super Dragões. O seu colega pivot, com quem estava em contacto, riu-se e disse que era uma brincadeira (ainda se desculpou dizendo que o repórter não estava a festejar com os portistas), os rapazes que o atiraram riram-se, nas redes sociais a partilha do vídeo foi viral e toda gente reagiu de forma animada. Houve quem ligasse o "atirar do microfone" de Cristiano Ronaldo, ao momento.
Mas será isto uma brincadeira adequada? Consentida já sabemos que não. O Paulo Jorge Duarte terá ficado contente por, muito provavelmente, lhe terem estragado o telemóvel? Não se terá assustado? E se não soubesse nadar?

Para mim, este episódio não teve piada nenhuma. Foi apenas mais uma demonstração de algo que já tendo sido denunciado em parte, há uns anos atrás, por cá continua a acontecer : o desrespeito por um profissão e por quem trabalha na área do jornalismo.

Parece que se tem como ponto assente que, especialmente em ambiente futebolístico, o repórter é alguém a quem se pode fazer tudo, um boneco, que tem de manter a postura em frente à câmara independentemente do que está a acontecer à sua volta. E como normalmente os abusos acontecem em clima de "brincadeira", vale tudo.

Há dois anos atrás, aquando do Mundial, os casos de desrespeito pelos repórteres ganharam algum mediatismo no caso concreto das mulheres. Estávamos em pleno período #MeToo e nasceu um outro hashtag relacionado com a problemática dos diretos em ambiente futebolístico, o #Deixaelatrabalhar. Os casos de repórteres apalpadas, beijadas, assediadas em pleno direto era chocante, e mais chocante ainda a reacção dos colegas em estúdio. Tal como no acontecimento de ontem, era rir e dizer umas graçolas.

Se nas mulheres o caso choca pelo asco que nos dá, ver símios excitados, em grupo, a perturbar o trabalho e a violentar as repórteres, o caso dos homens não deve ser tido como de menor gravidade.
Um repórter, um jornalista, é uma pessoa que está a trabalhar. Não é um brinquedo e não tem de permitir que lhe façam o que quiserem e manter-se impávido e sereno. Não é normal que todos achemos piada e muito menos os colegas de profissão.
Estranho imenso que ninguém fale no assunto com a seriedade que, a meu ver, merece.
Tentem imaginar que estão no vosso trabalho, e alguém que não conhecem, do nada, decide despejar-vos um balde de água fria em cima. Era só uma brincadeira?

Não há Oposição política em Setúbal. O Partido Comunista, sob a fachada de coligação CDU, governa a cidade à vontade e à vontadinha. A população tem a capacidade de análise política de "um quarto sem serventia de cozinha", pedindo um empréstimo mal empregue a Lobo Antunes pela expressão, fruto dos planos educativos pobres em formação cívica ministrados nas nossas escolas, temos gente que mal se governa mas que se deixa governar - mas essa não é uma característica afeta apenas aos setubalenses.

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Maria Dores Meira (e fosse ela ou qualquer outro) põem e dispõem na cidade, planeando obras com data de inauguração junto a eleições, comprando associações, perdão, apoiando associações e mantendo a participação cívica em níveis q.b. ao gosto do comité. Aparecem onde lhes convém, mostram o que querem e falam para quem gosta de os ouvir, mas sempre com uma estratégia de cobertura propagandística bem focada e empenhada. As redes sociais, o site da Câmara e das Juntas e até o jornal da cidade, são hoje boletins informativos dos "melhoramentos" que o Executivo Municipal efetua na vida dos seus munícipes.
A presidente que consegue aparentar as maiores incoerências entre o que defende e o que aplica na sua vida pessoal e profissional, e ninguém parece importar-se com o assunto. Temos um Partido Comunista com lugares privativos à porta, que liga imediatamente para o reboque assim que algum cidadão lá deixa o carro - quem os diria tão intolerantes à partilha?  E uma Câmara que exibe os melhores topos de gama para transportar a nossa Rainha de Copas.
Enquanto isso, os sem-abrigo e os pedintes proliferam, os setubalenses vão sendo empurrados para fora do centro da cidade pois não têm poder de compra para pagar rendas excessivamente caras e, os jovens qualificados ou aceitam empregos que não correspondem à sua qualificação ou veêm-se obrigados a tentar a sua sorte na metrópole - a câmara até participou no benéfico processo de redução do preço dos passes para facilitar este êxodo profissional.
Isto vem acontecendo não apenas pelo desinteresse da população, mas também pela incapacidade e inexistência de uma Oposição e pelo fraquíssimo jornalismo disponível.

Os partidos que se querem como alternativa ao PCP, têm uma mísera presença nas redes sociais, galgando um outro tema que a Câmara deixa passar "para fora" e escrevendo uns textos na comunicação social - pouco porque as redacções têm medo de ser mal interpretadas. O Partido Socialista, como fica sempre em 2º nas eleições, usufrui desse estatuto de Esquerda B e sonha vir a trocar com  PCP, ainda para mais depois dos últimos resultados nas Autárquicas a nível distrital. O PSD olha para Setúbal apenas como um trampolim para outros voos. Não pretendem ser alternativa nenhuma mas apenas ter a visibilidade suficiente para garantir eleitos nas Legislativas. O melhor exemplo disso é Nuno Carvalho, que tentou, primeiro nas Europeias e depois nas Legislativas, sair rapidamente de Setúbal. Lá conseguiu e agora empenha-se, com posts pagos por ele, em manter o lugar no Parlamento com uma máscara do Vitória e a falar no Sado cada vez que tem uma câmera para si virada.
Os restantes, PAN, BE e CDS, com poucos recursos vão tentando ter alguma visibilidade, mas pouco mais fazem que aparecer nas Assembleias Municipais. Com registo de uma maior dificuldade para o CDS, por Setúbal ser um daqueles territórios onde a ignorância relativamente aquilo que significa ser de Direita representa. Aqui, democratas são fascistas e comunistas são democratas.
Na sua maioria, estes partidos não compostos por gente que faça da política a sua principal atividade. Aliando falta de empenho e disponibilidade, temos um apertivo delicioso para quem governa. Não incomodam.


O jornalismo regional também não ajuda. Não sei se o cenário será igual por todo o país, mas aqui jornalismo regional significa noticiar o que a Câmara Municipal diz e faz, de preferência com um adejtivo ou outro para poder vir a almejar um apoio ou uma preferência. Limitam-se a receber comunicados de imprensa oficiais e a entrevistar membros do executivo. Salpicam com uma outra entrevista ao PSD ou ao PS e julgam estar completo o seu trabalho. É o jornalismo mais enfadonho possível: nunca dão uma notícia ou uma reportagem com verdadeira novidade. Que resulte de investigação, que mostre perguntas incómodas.
Ora se o Executivo de tudo faz para manter os restantes partidos na penumbra, fornecendo o menor número de dados e documentos possível, prefere que os cidadãos se mantenham na ignorância continuando a não informar e transmitir decentemente as sessões públicas, e se o jornalismo não escrutina, como é que se faz Oposição nesta cidade?
Basta ver, a nível nacional, como decorrem as sessões parlamentares para perceber quão complicado pode ser fazer-se Oposição. Os Governos não respondem às questões ou respondem de forma irritantemente evasiva. Atrasam a entrega de dados para que os outros partidos não tenham tempo de os analisar devidamente e agora até parece que já nem querem debater. Se assim é a nível nacional, onde são gravados, escrutinados e difundidos por todo o país, imagine-se a nível concelhio. Sem qualquer holofote e com a certeza de que a maioria das pessoas não sabe quem são os membros do Executivo e aquilo que dizem ou fazem.


É um ciclo vicioso e viciado que perpetua quem está no poder e, em última análise só prejudica a população que continua a achar que tem a melhor liderança de Câmara possível, mesmo não sabendo o que faz ,o que fez e o que poderia ou deveria fazer. A Oposição só existe para cumprir protocolo, assim como os jornais. E Dores Meira, que já prepara o seu futuro profissional e a sucessão para a cadeira do poder em Setúbal, continua passear-se como uma grande reformadora e bajulada como excelente governante. 




É no mínimo ofensivo. Uma comunista a dirigir o "Museu do Aljube Resistência e Liberdade", é o mesmo que dizer que temos alguém que defende ditaduras a dirigir um Museu contra ditaduras.

Não esqueçamos que o Parlamento Europeu, há muito pouco tempo, equiparou oficialmente o Comunismo ao Fascismo. Assim sendo, podemos ir mais longe e dizer que temos um Museu de Resistência ao salazarismo/fascismo dirigido por alguém que se identifica com uma ideologia equiparada ao fascismo.

Na notícia em questão, dizem que a ex-deputada se destacou nas entrevistas com o júri. Gostava de saber os critérios e de ter presenciado à entrevista. 

O Comunismo continua a ter cartão verde para se passear no nosso país, fingindo-se democrático. Alimenta-se destas coisas para se branquear e continuar a enganar os portugueses, falando-lhes em liberdade quando secretamente suspiram pela repressão. Um júri que não vê o que significa ter um comunista a dirigir um Museu deste âmbito, é um júri cúmplice do branqueamento de uma ideologia assassina.

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Ao contrário do que pode indicar o título deste texto, quem o escreve não é adepto de touradas.

Sendo português, desde pequeno que convivo com a transmissão de touradas na televisão. Sei que as únicas coisas que me atraiam no evento eram o momento dos forcados e a música. Com o avançar da idade e alguma (pouca) reflexão sobre o tema, fui-me apercebendo de que não conseguia nutrir simpatia por um espetáculo que consiste em torturar um animal. Cheguei a ir a uma tourada, para tirar as teimas e foi plenamente esclarecedor. Touradas não são para mim. Não conseguia entender, nem remotamente, o êxtase do público por cada bandarilha espetada no touro.

Passando à frente esta pequena contextualização da criação da minha opinião, relativamente às atividades tauromáquicas, devo dizer ainda assim, que não me tornei partidário da proibição.
O nosso país tem uma grande diversidade cultural, que não se pode recortar a régua e esquadro, a partir de Lisboa, conforme o gosto de quem lá está a ocupar cargos governativos. Concordo que é uma tradição na qual não me revejo, mas também não serei eu, de citadino, que tenho de rever.  São as pessoas dos locais em que essa prática é uma tradição, que devem rever essa representação. E o tempo é que vai demonstrar ou não, se esta é uma cultura em declínio.
A tourada acaba quando ninguém a quiser. Não há outra forma, porque os argumentos que utilizam para forçar o seu fim, não fazem sentido.
O argumento financeiro, que foi trazido ao de cima para fazer melhor figura que o simples argumento do gosto, não tem nexo pois a tauromaquia não tem um peso financeiro especialmente acentuado, que origine tamanha indignação. E a tentativa de dizer que o dinheiro era mais útil se aplicado aqui ou acolá... vai ao encontro do argumento do gosto.
O outro argumento, dos maus tratos ao animal, tem bastante lógica. Mas começar a proibir uma tourada pelos maus tratos aos animais, vai desencadear todo um rol de novas possibilidades proibitivas. E esbarra na hipocrisia.
Enquanto sociedade, nós, humanos, diariamente agredimos outros animais. Seja para nos alimentarmos, seja por desporto, necessidade ou investigação científica. Muito do que hoje existe, existe graças aos maus tratos que infelizmente infligimos a outros animais. Como é que se podem proibir uns, dizendo que se quer defender os animais, e fechar os olhos a outros?
Até onde se tinha de ir para realmente respeitarmos os animais? Quão hipócrita é, deputados se fazerem preocupados com os touros?


Por estes motivos, não me chocaria que determinadas regiões tivessem um estatuto próprio  para a realização exclusiva de touradas, enquanto meio de atração turística e potenciação económica. Limitar a prática a esses locais, de onde a tradição tem as suas raízes, seria benéfico para os concelhos em questão e entregava a decisão da fomentação ou não desta prática, a quem de direito.

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