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The Pólis

After Life

A review de um banal espectador

Fui ver a série After Life, caíndo num clássico : ir ver porque tem a pessoa X ou porque foi a pessoa X que produziu, como se isso fosse uma garantia de qualidade. Não é. Todos fazemos coisas boas e coisas más, todos temos mais apetência para A do que para B.

Fui ver porque acho piada ao Ricky Gervais. Não posso dizer que foi desapontante, porque não chega a tanto. Foi inócua.

Ao fim de uns pouco episódios da primeira temporada, já se conseguem prever as deixas dos personagens, principalmente as da personagem principal, Tony (Ricky Gervais). Algumas continuam sempre a ter piada, outras nem tanto.
Os erros na história, ou pelo menos as incoerências são demasiadas para passarem despercebidas e não me permitem retirar qualquer tipo de ilação mais profunda com a série, apesar da tentativa de se criarem momentos de reflexão melancólica com a música de fundo.

Um homem, nos seus 50, a quem lhe morreu a mulher, LISA, de cancro. Jornalista numa localidade pequena, está em aparente depressão e vive constantemente com o pensamento na sua falecida esposa.

Acorda e adormece a ver vídeos no computador, dele e da mulher - o espólio é exageradamente grande e perdura por duas temporadas inteiras - e durante o dia, entre arrastar-se para o trabalho e voltar, diz a alguém que tem muita vontade de morrer, que a vida sem a esposa não faz sentido. Há sempre um momento reservado para isso.

Torna-se cansativo e irrealista: alguém tão deprimido estaria disponível para ir trabalhar todos os dias? Diria constantemente a pessoas diferentes que se sente miserável e que se quer matar?
Tony torna-se tão saturante com a mesma linha de diálogo que acabamos por nos questionar e não se trata apenas de um egocêntrico a quem lhe morreu a mulher, dado que em todas as suas conversas, por muito que outras personagens lhe falem dos seus próprios dramas, ele canaliza-as para falar dele próprio e do luto que atravessa.

À parte disso, pormenores como a casa em que Tony vive (uma vivenda bastante composta) ou a  forma como gere o seu horário de trabalho (chega ao escritório fala com as pessoas e volta para casa), deixam-nos a pensar se condizem com que se esperaria de um jornalista de um periódico local à beira da falência.

Em suma, as inconsistências e a repetição do fio condutor da história tornam-se distracções que até metade da série são compensadas pelas falas engraçadas e pelo "super-poder" de Tony em dizer tudo o que lhe apetece. A partir daí, é apenas mais do mesmo e só se surpeendem os distraídos. É uma série que não deixa saudades.

 

 






 

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