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The Pólis

Aproveitar um Estado de Emergência - que em rigor não vigora aquando da sessão - para experienciar o sonho molhado da esquerda: governar, em segredo, sem prestar contas, sem o povo que dizem representar a chatear , ou pior, a fazer perguntas e sugestões.

Fazem-no sem qualquer despudor, dado que utilizam com grande avidez as redes sociais para publicarem as suas produções propagandísticas - mensagens dos presidentes de junta, vídeos para entreter, ou como já aqui publicado levam a equipa de filmagens para todo o lado.

É impossível que achem que alguém acredita que não permitem a gravação das assembleias e reuniões de câmara, porque acham que estimula a "cidadania passiva" ou porque não têm meios para isso.

Não querem ser escrutinados. E o povo não reclama, porque anda dormente com a sedação da "união" administrada pelo PS, com um tempero de "patriotismo" do PSD. Não há uma única que voz que questione porque raio, agora que ninguém pode testemunhar presencialmente as reuniões, proíbem a presença de comunicação social e não se predispoem a gravar e transmiti-las online.

 

Democracia em segredo não é democracia. A Câmara Municipal não é o Comité Central.

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A Polícia Judiciária apreendeu há pouco tempo uma série de documentos do arquivo da PIDE e da DGS, que estavam à venda na internet. Esta apreensão trouxe de novo ao de cima, a facilidade com que, após o 25 de abril, se alienavam documentos e património de Estado.
Relativamente aos documentos, tendo o Partido Comunista Português praticamente tomado conta de tudo, sempre houve imensos testemunhos de que entregavam documentão à URSS. Acusação que obviamente negam, como de resto negam tudo o que não lhe agrada que se saiba.
Este episódio recente da PJ, só veio reforçar esta tese como diz José Milhazes (https://outline.com/nJysMS)

Parece que naquela altura roubar documentação ao Estado para benefício de uma potência estrangeira, fazia parte de uma "política patriótica e de esquerda"...

A frase é de um sacerdote de Oeiras e foi proferida a propósito de uma iniciativa do CHEGA, que ofereceu produtos de higiene básica a um lar mas "esqueceu-se" de informar que o ia fazer em âmbito institucional - ou seja para poder publicar nas redes sociais. Ao que parece o sacerdote mão gostou e declarou sentir-se enganado, proferindo a sábia frase para quem mais tarde o entrevistou.

 

Não é uma prática inédita, muito menos original, no entanto a frase tem-me ecoado na cabeça sempre que, durante este período de crise pandémica, leio uma notícia deste cariz. Alguma universidade que ofereça três pares de alcóol gel e têm alguém de posar sorridente com os frascos na mão. Algum café que decide fazer umas refeições para oferecer aos enfermeiros do Hospital X, e lá vão todos juntar-se na fotogénica meia-lua com as embalagens na mão.Em linguagem adolescente contemporânea, que "cringe"! 

 

Em Setúbal, tenho verificado também, como seria de esperar, este triste fenómeno:

 

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Para entregar uma caixa de alimentos, são necessárias três pessoas: uma para tocar a campainha (imagino que seja a pessoa que realmente costuma fazer o trabalho), o presidente da junta para "surpreender" (infelizmente reforçam o preconceito de qe os políticos não fazem nenhum e por isso é que surpreendem) sorridente com a caixinha na mão e, claro, o fotógrafo de serviço, a captar o momento. No fundo, o presidente não vai apenas entregar uma caixa de alimentos a um freguês, vai entregá-la a toda a gente que o segue nas redes sociais.

 

Mas o caricato (cringe) mais desconfortável dos últimos dias, foi para mim este:

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A Casa Ermelinda Fretias oferece, e bem, uma enorme quantidade de alcóol gel à Câmara Municipal de Setúbal, para que o distribua conforme seja mais necessário. Qual é a primeira coisa a fazer?

Colocar cuidadosamente, garrafão a garrafão, quiçá sobre orientação do decorador-môr do reino João Maria, em grupos de formação triangular e com os respetivos selos todos virados na mesma direção. Depois, toda uma comitiva dos bombeiros e da Protecção Civil têm de aguardar que a Sra. Presidente vista o seu brilhante colete (dá um ar de maior preocupação e envolvimento) e dê umas palavras para a câmara de filmar que um funcionário trazido para o efeito manobra. Findo o registo, há que iniciar todo um Book fotográfico, com todos os presidentes de junta, em pose junto aos garrafões - como se o mérito de terem aquele material fosse de alguma forma daquela gente - e depois claro, o carregar dos garrafões e repare-se que, na galeria publicada no Facebook oficial, cada presidente de Junta tem uma foto em que aparece sozinho, a carregar garrafões (mais uma vez têm de dar um ar de que fazem alguma coisa e mais uma vez é tão forçado que só reforça preconceitos) para que possam também eles publicar nas suas redes sociais. 

 

Agora imagine-se todo este arraial cada vez que ha uma doação de material neste país. O tempo que perde e se desaproveita, com Bombeiros, Protecção Civil e outros funcionários acionados para colaborar nesta fanfarronice. Triste fadinho e triste (para não dizer ofensiva) gestão de prioridades em tempo de crise.

 

 

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